Estes resultados provêm de um estudo conduzido pelo pesquisador Cesar
Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que
foi publicado hoje pela revista britânica "The Lancet".
Segundo este relatório, uma de cada cinco crianças que vivem em países
com rendas elevadas são amamentadas até os 12 meses, enquanto apenas uma
de cada três de países com renda média e baixa se alimentam de leite
materno durante os primeiros seis meses de vida.
Isto significa, segundo os pesquisadores, que milhões de bebês não
recebem todos os benefícios saudáveis oferecidos pela amamentação.
Os novos dados demonstram que aumentar a lactação materna poderia
salvar 800.000 vidas ao ano no mundo, equivalente a 13% das mortes de
crianças com menos de dois anos.
Embora amamentar seja uma das medidas preventivas mais efetivas para
crianças e mães, independentemente do lugar no qual vivam, foi
subestimada como uma necessidade crucial para a saúde da população,
ressaltaram os autores da pesquisa.
"Está estendida a ideia equivocada que os benefícios da lactação estão
relacionados apenas com os países pobres. Nada mais longe da verdade",
salientou Victora.
"Nosso trabalho claramente mostra que amamentar salva vidas e economiza
dinheiro aos países, ricos e pobres por igual. Portanto, a importância
de abordar o problema em nível global é maior que nunca", destacou o
brasileiro.
O estudo de dados extraídos de 28 análises e meta-análises sistemáticas
indica que amamentar não só tem múltiplos benefícios para a saúde, mas
também efeitos dramáticos na expectativa de vida.
Por exemplo, nos países de rendas altas, a lactação diminui o risco de
morte súbita do lactante em mais de um terço dos casos, enquanto nos
países com rendas baixas seria possível evitar a metade dos episódios de
diarreia e um terço das infecções respiratórias.
A lactação materna também aumenta a inteligência e pode proteger às
crianças contra a obesidade e o diabetes no futuro, além de reduzir os
riscos de câncer de mama e de ovários nas mães.
Por outro lado, existem razões econômicas para investir na promoção da
amamentação, já que as perdas econômicas globais pelo desconhecimento
dos benefícios desta prática somaram US$ 302 bilhões em 2012, 0,49% da
renda nacional bruta mundial.
Em países com rendas acima da média estas perdas chegaram a US$ 231,4
bilhões, o que equivale a 0,53% das receitas nacionais brutas.
Além disso, os especialistas calculam que promover a amamentação para
bebês com menos de seis meses a 90% nos Estados Unidos, China e Brasil, e
a 45% no Reino Unido, reduziria os custos destinados ao tratamento de
doenças infantis comuns, como pneumonia, diarreia e asma.
O sistema sanitário economizaria pelo menos US$ 2,45 bilhões nos
Estados Unidos, US$ 29,5 bilhões no Reino Unido, US$ 223,6 bilhões na
China e US$ 6 bilhões no Brasil.
Os autores defendem a necessidade de um compromisso político forte e de
um investimento financeiro para proteger, promover e apoiar a lactação
em todos os níveis (família, comunidade, trabalho e governo).
Além disso, pedem que se regule a indústria dos substitutos do leite
materno, que debilita a prática da amamentação como a melhor via de
alimentação durante a infância.
Fonte: http://saude.terra.com.br/estudo-indica-que-aumentar-lactacao-poderia-evitar-800000-mortes-infantis,0b39ad4dcd350cc39a60bf3767f066f8s00wjyp7.html
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