Acreditamos que humanizar
o nascimento é adequá-lo a cada mãe, a cada pai, ou
seja, à família envolvida em cada nascimento. A técnica
não pode tornar-se mais importante do que as pessoas envolvidas! O parto
hoje tornou-se assunto exclusivamente médico, especialmente
no Brasil onde as taxas de cesárea estão entre as
mais altas no mundo, chegando à mais de 80% em alguns hospitais!
Por isto falamos em resgatar o parto como um processo fisiológico
normal da mulher. É neste sentido que o parto é nosso, devendo
tornar-se evento médico somente quando a intervenção
é realmente necessária. Veja em breve quais são
as intervenções mais comuns. As evidências científicas
mostram que o fator determinante para uma boa experiência de parto
é o quanto a mulher sentiu-se protagonista do evento, ou seja, qual
o nível de controle que ela percebeu ter sobre o processo; o grau
em que sua opinião foi ouvida; o nível de informação
que lhe foi dada durante os procedimentos e se seu consentimento (para
os procedimentos) foi percebido como sendo dado. Podemos resumir dizendo
que a mulher tem necessidade de ser tratada como sujeito ativo e participante
de todo o processo e não como mero objeto. Como fazer para tornar-se
protagonista de seu parto, do nascimento de seu filho, momento mobilizador
de tantas emoções e carregado de tanto significado? Necessitamos
tanto de informação quanto de apoio, daí a importância
de se fazer uma boa preparação para o parto! Mas para quê
nos preparar se o processo todo é tão normal? Justamente
porque vivemos numa sociedade e numa cultura onde o parto não é
mais visto como um processo normal - nós duvidamos da nossa
capacidade de dar à luz! Temos que conhecer as opções
de parto, nos familiarizar com os procedimentos mais comuns, para poder
decidir o que é que queremos para nós.... Veja a seguir
alguns dos pontos mais importantes que devem ser levados em conta na hora
de se pensar sobre o parto.
Onde
ter o bebê?Quando nos perguntam onde
nosso filho vai nascer, em geral a resposta é uma só: “no
hospital, é lógico!!”. Mas existem sim outras opções,
ainda pouco difundidas no Brasil, onde o parto é mais facilmente
tratado como processo fisiológico normal: - casa de parto - em domicílio O ambiente do parto é
muito importante e pode tanto ajudar quanto atrapalhar. O ambiente que
mais propicia um bom desenrolar do parto, é aquele silencioso,
tranquilo, com pouca luz. A mulher deve escolher o ambiente onde ela se
sinta mais segura, mais confiante e mais protegida. É nesse espaço
que a mulher vai ter possibilidade de entrar em contato com seu corpo e
fazer aquilo que este lhe pede. Saiba mais sobre as vantagens
e desvantagens de cada local.
Com
quem?Quem vai prestar assistência
ao parto? No Brasil, tradicionalmente é o médico obstetra.
É importante saber que as enfermeiras obstetras também são
capacitadas a fazer parto normal e, em alguns hospitais, já têm
exercido esta função! Existem, ainda, especialmente nas regiões
mais afastadas dos centros urbanos, as parteiras tradicionais. Cada profissional
tem sua particularidade. A formação da enfermeira obstetra
dá mais ênfase ao parto como processo fisiológico normal
do que a formação médica que se baseia justamente
em saber tratar e diagnosticar possíveis complicações. Queremos aos poucos formar
uma rede de profissionais comprometidos com o parto normal humanizado,
seguindo as recomendações da OMS.
Veja aqui algumas indicações.
“Tipos” de partoJá descrevemos os
dois tipos de parto mais realizados no Brasil: a cesárea e o parto
normal hospitalar em que a mulher fica deitada... (Veja
em: O Parto Hoje) Do ponto de vista fisiológico,
as posições verticais (de cócoras, de quatro, sentada
etc.) são as que mais favorecem a descida do bebê e conseqüentemente,
um parto tranqüilo, sem intervenções (Veja
recomendações da Organizaçao Mundial da Saúde). Apesar de todo o respaldo
científico, são poucos os profissionais que “permitem”
que a mulher assuma a posição que quiser na hora do parto,
uma prática já difundida em países como Japão,
Holanda, Inglaterra e Suécia, por exemplo. O parto será mais
satisfatório para a mulher se ela puder ser livre para fazer e agir
conforme suas necessidades.
A
Doula (Acompanhante de Parto)É uma nova profissional
do parto que está surgindo...tem uma importância fundamental
na assistência ao parto. Sua missão é prestar apoio
físico e emocional à mulher que está parindo, ajudando-a
a lidar com o trabalho de parto. Pesquisas mostram que o parto em que
uma doula está presente tende a ser mais rápido e necessitar
de menos intervenções médicas. Saiba
mais aqui.
Plano de partoÉ principalmente um
instrumento que ajuda a mulher a se informar sobre os procedimentos mais
comuns adotados na hora do parto, para que possa refletir e decidir, com
o apoio das evidências científicas, quais ela quer
ou não quer. Saiba mais sobre o plano de parto.
Como
se preparar?Para se ter uma boa experiência
de parto hoje, algum tipo de preparação ou reflexão
é fundamental. Escolhas e decisões têm de ser feitas:
quem vai me assistir?, qual o local?, que tipo de parto eu estou querendo? Qualquer opção
que fuja da norma, ou seja da tradicional cesariana ou do parto normal
com intervenções, terá que ser mais bem preparada
ainda.... O parto ativo é instintivo
e natural. Hoje em dia são poucas as mulheres em contato com este
lado instintivo. Precisamos nos conscientizar dos nossos corpos para redescobrir
estes instintos. Fazer algum tipo de exercício,
ler, praticar yoga ajuda muito. Descobrir e enfrentar seus
medos, suas fantasias, participar de um grupo de discussão com outras
grávidas; tudo isto é fundamental! Conheça
alguns profissionais que indicamos.
Desde
a mais remota antigüidade as mulheres procuravam posições
que facilitassem o parto. Nas gravuras antigas o mais comum
é ver mulheres ajoelhadas, de cócoras, ou em
banquinhos baixos de parto. De um jeito ou de outro o que
se observa é que as costas estão em posição
vertical. A posição das pernas é variável. Também
é muito comum ver nessas figuras alguém dando
suporte por trás, segurando a parturiente por baixo
dos braços. Às vezes é um homem, em outras
é uma mulher. Até hoje, nas comundades nativas
(índios brasileiros, por exemplo) o parto ainda acontece
dessa forma. É
claro que estamos falando aqui do parto em si, e não
do trabalho de parto, que pode durar horas e até dias.
A posição de cócoras é vantajosa
durante o período expulsivo, que dura de alguns minutos
a uma hora, na maioria dos casos. Durante todo o trabalho
de parto a mulher deve ficar em poses variadas, sentada, ajoelhada,
andando, etc. Na
civilização ocidental, com a entrada da figura
do obstetra no parto, as mulheres foram colocadas deitadas
de costas em mesas cada vez mais específicas, com as
pernas abertas, para que a região genital pudesse ser
bem observada. E assim é que funciona até hoje,
para a maioria dos médicos e hospitais. Por
outro lado vários artigos já foram publicados
enumerando as vantagens do parto verticalizado em relação
à posição de litotomia (deitada de costas).
Entre
as vantagens podemos citar algumas: -
O parto é mais rápido, pois é auxiliado
pela gravidade;
- A oxigenação do bebê é melhor,
pois não ocorre a compressão da veia cava pelo
peso do útero;
- A necessidade de episiotomia é menor;
- A mulher se sente mais no controle da situação;
- O companheiro tem uma participação mais ativa
ao prover o suporte da posição A
desvantagem é que os médicos não conseguem
controlar o parto da forma como foram ensinados. Pensando
nisso foi criada uma cadeira para parto de cócoras,
onde a mulher fica em uma altura suficiente para que o obstetra
fique com um bom campo visual. No entanto, um fenômeno
curioso tem ocorrido. Alguns hospitais que adquiriram a cadeira
alegam que há pouca procura e que elas foram "encostadas".
Muitos obstetras afirmam que não fazem parto de cócoras
porque não têm a cadeira especial à diposição. A
realidade é que não há necessidade de
cadeiras especiais para se fazer um parto de cócoras.
Basta que a mulher suba na cama comum, ajoelhada entre as
contrações e acocorada na hora das contrações,
apoiando-se de um lado no companheiro, do outro em uma enfermeira
ou auxiliar. Também é possível para o
companheiro ficar sentado sobre a banqueta que fica ao lado
da cama, enquanto a parturiente se acocora e se apoie nas
pernas abertas do companheiro, de costas para ele. Enfim,
um pouco de boa vontade, criatividade e confiança no
instinto da mulher são suficientes para se fazer um
parto de cócoras em qualquer ambiente, hospitalar ou
não. Muitas vezes a presença da doula pode ser
uma fonte de inspiração e sugestões para
um médico que há muito tempo não presencia
um parto natural. Para eles é difícil fugir
dos protocolos que imperam na instituição, mas
depois que o fazem, ficam surpresos com os resultados e muitas
vezes emocionados. Com
relação à preparação, não
há necessidade de ser uma atleta ou uma índia
para parir de cócoras. O hábito de se agachar
durante a gestação, ou mesmo ficar alguns minutos
de cócoras diariamente, por exemplo na hora da TV,
já é o suficiente. Mas mesmo uma mulher sem
essa preperação, que não costuma ficar
acocorada, pode perfeitamente ficar alguns minutos nessa posição
durante as contrações do período expulsivo. No
entanto a posição melhor para o parto não
é a de cócoras, deitada, de quatro ou de joelhos.
A melhor posição é aquela que a mulher
escolhe, por se sentir melhor e mais no controle de seu processo
de parto. Esse deveria ser o objetivo da obstetrícia
e da boa assistência ao parto: oferecer um ambiente
de parto onde a mulher possa se concentrar naquilo que seu
corpo pede.
Existem vários profissionais ligados à gestação
e ao parto.
Nem toda gestante é atendida por todos eles, até
porque existem diferentes profissões com a mesma função
e diferentes modelos de atendimento obstétrico.
Médico Obstetra: é profissional mais
conhecido, pelo menos no Brasil. O médico se forma
em medicina e depois faz uma especialização
na área de ginecologia e obstetrícia. Os obstetras
podem atender partos em hospitais, clínicas ou em domicílio.
Podem ser contratados por um hospital público ou privado,
ou podem ter suas clínicas particulares, onde podem
ou não aceitar convênios médicos. Eles
atuam tanto nos partos normais como nos cirúrgicos
(cesarianas). Também são responsáveis
pelo pré-natal das gestantes. Nem sempre participam
de todo o trabalho de parto, deixando às vezes esse
acompanhamento para as enfermeiras dos hospitais ou uma enfermeira
da equipe particular. No sistema privado a mulher escolhe
seu médico para o pré-natal e parto. No sistema
público os médicos trabalham em esquema de plantão
e a parturiente geralmente não conhece o médico
que irá atender seu parto.
Médico Pediatra Neonatologista: essa é
a especialidade dos médicos que atendem os bebês
assim que nascem. Fazem os primeiros exames, medem, pesam,
aspiram quando necessário. Se o bebê requer cuidados
especiais, ele é transferido à UTI neonatal
para receber o atendimento especial. No entanto a grande maioria
precisa apenas de alguma observação, que pode
ser feita até no colo da mãe durante o pós-parto
imediato. Os neonatologistas geralmente são contratados
pelas maternidades, mas algumas permitem que a mulher leve
seu pediatra de confiança.
Médico Anestesista: é o profissional
encarregado da analgesia peridural ou raquidiana para o parto
normal ou para a cesária. Geralmente é contratado
pelo hospital, mas alguns trabalham com clínica privada,
podendo ser contratados como parte da equipe de um determinado
obstetra ou mesmo pela gestante que quer um atendimento mais
exclusivo. No Brasil usa-se bastante o serviço dos
anestesistas, pois quase 80% dos partos particulares são
cesárias. E mesmo nos partos normais, o uso da anestesia
é quase uma rotina.
Enfermeiras Obstetras: São enfermeiras com especialização
nesta área. Estão habilitadas para atender os
partos normais, mas não para realizar cirurgias cesarianas.
O Ministério da Saúde tem incentivado a formação
dessas especialistas e sua contratação por hospitais
públicos para o atendimento aos partos de baixo risco.
Nas casas de parto são elas que são responsáveis
por todo o atendimento. Caso haja necessidade de intervenção
especial, a parturiente é transferida para o hospital
conveniado. No sistema de saúde privado elas são
contratadas por hospitais para o acompanhamento e avaliação
das parturientes, mas não para "fazer o parto"
propriamente dito. No entanto elas podem atender partos domiciliares.
Em seu treinamento elas aprendem também os primeiros
cuidados com o recém nascido, inclusive em caso de
complicação. Também podem se responsabilizar
pelo pré-natal das gestantes, devendo encaminhá-las
para médicos obstetras quando a gestação
apresenta complicações. Obstetrizes:
antigamente havia a formação dessa profissional
através de um curso técnico específico.
O curso foi extinto e hoje atuam apenas a obstetrizes que
se formaram até a década de 70. Suas funções
são semelhantes às das Enfermeiras Obstetras.
Em várias partes do mundo essas são as parteiras,
"midwives", ou "sage-femmes", ou "comadronas"
responsáveis pelos partos de baixo risco, tanto domiciliares
como em hospitais ou em casas de parto. Esses cursos de formação
duram entre 3 e 4 anos, dependendo do país e são
muito completos.
Doula: São acompanhantes de parto que dão
apoio físico, emocional e afetivo para a parturiente,
através de massagens, dicas de respitação,
posições, etc. Ficam o tempo todo com a parturiente
desde o início do trabalho de parto, para diminuir
a tensão provocada pelo ambiente hospitalar e pela
presença de muitos profissionais desconhecidos do casal.
Não fazem exames, nem atuam clinicamente. São
contratadas pelas gestantes algumas semanas antes do parto.
Alguns hospitais públicos possuem doulas voluntárias
à disposição das parturientes.
Parteiras: conhecidas também por parteiras tradicionais,
são as mulheres que aprenderam seu ofício na
prática, geralmente auxiliando parteiras mais velhas.
Muito ativas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
são responsáveis pelos partos domiciliares,
especialmente em zonas rurais onde o acesso aos hospitais
é difícil. Em alguns estados elas recebem incentivo
do goverto, através da doação de materiais
e cursos de reciclagem, onde aprendem novas técnicas
que auxiliem no atendimento às parturientes. Preparadoras,
educadoras perinatais: são as responsáveis
pela preparação para o parto, através
de cursos em grupo ou individuais. A formação
dessas profissionais é variada: psicologia, fisioterapia,
educação física, etc... Algumas preparadoras
focam a questão do condicionamento físico, ou
seja, se concentram nos exercícios, hidroginástica,
alongamento, etc.. Outras dão mais importância
à preparação emocional, sendo o curso
mais voltado às questões práticas do
parto e maternidade. Obviamente existem outras formas de preparação,
que podem ser explicadas pelas profissionais responsáveis.
Enfermeiras: estão presentes nos partos hospitalares
e atendem os médicos, fornecendo os materiais e serviços
que eles solicitam. Elas não atendem partos. Algumas
dão atendimento às parturientes, outras aos
bebês recém nascidos nos berçários
dos hospitais. Auxiliares
de enfermagem: também estão entre os profissionais
que atuam dentro do hospital e prestam auxílio aos
médicos e enfermeiras. Instrumentadoras
cirúrgicas: atuam especialmente durante a cesárea
e são responsáveis pela preparação
e entrega dos instrumentos ao médico conforme eles
vão sendo solicitados.
A experiência do parto
é talvez a maior experiência que uma mulher pode ter em sua
vida. Tudo o que pudermos fazer para que ela a viva da maneira mais adequada,
respeitosa e verdadeira, estaremos ajudando a criar um mundo mais
autêntico e humano. A liberdade de escolha faz parte do processo
criativo. As mulheres devem ter a possibilidade de optar por um parto na
água, se assim o desejarem... O que
é o Parto na Água: É a opção
na qual a água é usada como elemento de relaxamento (para
a mãe) durante o trabalho de parto. Pode ser usada na forma de chuveiro,
ducha (nas costas ou na barriga), uma banheira normal ou mesmo uma banheira
de hidromassagem. O bebê pode nascer
embaixo da água ou não. Por definição, o parto
na água se caracteroza quando a mãe dá a luz com os
genitais totalmente cobertos de água. A mãe que está
tendo o bebê pela primeira vez não deve entrar dentro da banheira
antes de atingir sete centímetros de dilatação, pois
diminuiria a progressão da dilatação. A que está
tendo o segundo ou terceiro bebê pode entrar a partir dos seis centímetros
de dilatação. A ação
da água: A água deve estar
aquecida, entre 35 e 37 graus Celsius. Isto provoca um aumento da irrigação
sangüínea da mãe, a diminuição da pressão
arterial, além do relaxamento muscular, o que faz com que a mãe
tenha um alívio da sensação dolorosa. Michel Odent acha que todo
este ambiente favorável à mãe acaba por favorecer
a produção de ocitocina, que, segundo ele, é o hormônio
do amor. Os cientistas o consideram o hormônio da parturição. De qualquer maneira muitos
namorados sonham com uma situação especial dentro da água...
A água mexe com a natureza humana, quase todas as crianças
adoram brincar com a água. A parturiente fica mais leve dentro da
água, pode se movimentar melhor, girar a bacia, procurar posições
que a façam sintir melhor, e o bebê dentro dela também
fica mais leve... então por que não? As
vantagens do parto na água: A água proporciona
ao bebê uma reprodução muito parecida com o ambiente
de sua gestação. Com o nascimento na água, o bebê
viaja suavemente de um lugar quente, molhado e seguro, dentro do corpo
de sua mãe, para outro lugar com as mesmas características. Na água, a gestante
sente menos dor e quase nunca há necessidade de intervenção
médica. A água cria uma pressão igual em todas as
partes do corpo, a mãe e o bebê sofrem menos ansiedade e a
mãe pode encontrar uma posição cômoda e eficiente
que facilita o nascimento do bebê. A água proporciona
uma maior flexibilidade em todo o processo de parto, a mãe sente
menos pressão no abdômen e no útero durante as contrações
e o bebê não recebe os estímulos que o induzem à
respiração, presentes no nascimento seco. É possível
que, na água, haja uma forma suave de se estimular a respiração
do bebê, razão pela qual poucos deles gritam após o
nascimento nesse ambiente. O nascimento na água
é extremamente seguro. Em mais de 45.000 nascimentos na água
registrados no mundo, não houve complicações perigosas
à vida da mãe ou do bebê. As
desvantagens do parto na água: Há questionamentos
sobre os partos considerados de risco: gemelares, pélvicos, prematuros,
entre outros, embora alguns defendam que, mesmo nestes casos, a água
pode trazer uma ajuda. Contra indica-se o parto
na água em casos de bebê com peso previsto para mais de 4500
gramas. Os casos entre 4000 e 4500 gramas devem ser avaliados, pela possibilidade
de distócia de ombro. A episiotomia pode ser feita com dificuldade
dentro da água. Em casos com antecedentes de hemorragia não
deve ser feito o parto na água, embora se possa usar a água
durante o período de dilatação. Em suma, a água é
um elemento terapêutico que pode trazer muitas vantagens no desenrolar
do parto, favorecendo o processo de dilatação, o alívio
das dores e o relaxamento muscular e emocional da mãe. A meu ver, deveria se vencer
o preconceito que existe em relação à instalação
de banheiras em ambiente de parto, para que as parturientes pudessem dispor
deste recurso para um parto mais humanizado.
O risco de uma mulher morrer em consequência ou durante o parto
cesariana é quase quatro vezes maior que no caso de parto normal.
Campeão mundial em cesáreas - a técnica representa cerca de 70% dos
partos ocorridos no país -, o Brasil poderia reduzir os altos índices de
mortalidade materna apenas adotando medidas que dispensam ou requerem o
mínimo de intervenção cirúrgica para se dar à luz. Nessa nova postura
preventiva, as vantagens do parto humanizado ganham cada vez mais espaço
entre profissionais e gestantes.
Os dados são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), 600 mil mulheres morrem por ano em todo o mundo em decorrência
do parto - uma a cada minuto. Segundo especialistas, esse panorama é
resultado da cultura "hospitalocêntrica" copiada do modelo
norte-americano. "Médicos e gestantes,
influenciados pela ideia de maior produção em menos tempo, se
convenceram de que o mais prático é marcar a hora do parto, contrariando
a própria natureza da mulher", aponta o obstetra e ginecologista Lucas
Barbosa da Silva, coordenador do serviço de obstetrícia do Hospital
Sofia Feldman, de Belo Horizonte (MG).
As altas taxas de cesarianas, avalia o médico, não condizem com a
realidade econômica brasileira. Em países desenvolvidos, privilegiam-se
os procedimentos normais, comprovadamente mais eficientes e menos
perigosos tanto para a mãe quanto para o filho. "Mesmo em Cuba,
economicamente ainda com muitas deficiências, a mortalidade materna não
passa de 25 para cada 100 mil nascidos vivos, resultado direto da
preferência pelos partos normais, usados em cerca de 70% dos
nascimentos", explica.
Defensor da humanização, o obstetra lembra que o Ministério da Saúde
vem adotando uma série de medidas a fim de garantir melhores condições
às gestantes e recém-nascidos. Uma das exigências para as novas
maternidades ou para aquelas que passam por reformas é a de separar a
área de parto da enfermaria normal e a adoção do conceito PPP
(procedimentos de pré-parto, parto e pós-parto no mesmo local e cama,
sem que a paciente precise ser deslocada para outro ambiente).
Epidemia silenciosa
Em 20 anos, desde a instalação do Comitê Estadual de Prevenção da
Mortalidade Materna e Infantil, em Minas Gerais, foram registrados e
investigados 2.667 óbitos de gestantes em função do parto no Estado.
Dessas, 83% poderiam ser evitadas. As maiores vítimas são mulheres com
idade entre 28 e 35 anos, com dois ou três filhos. Nesse tempo, 5.524
crianças ficaram sem mães. "Estamos diante de uma epidemia silenciosa
que poderia ser evitada com medidas simples", revela a presidente do
comitê, Eliana Carzino.
Pré-natal de qualidade e a presença do acompanhante são algumas das
alternativas que otimizariam a redução da mortalidade. "Várias
portarias, decretos e leis estão sendo editados para que o sistema seja
reorganizado e mais humanizado. As mulheres precisam conhecer e exigir
os seus direitos", orienta. A avaliação dos casos, garante, tem papel
essencial na elaboração de ações efetivas para que situações semelhantes
não se repitam. O programa "Nascer no Paraná", lançado em maio, tem
envolvido a comunidade nesse controle.
Saiba mais: Parto normal ou cesárea?
Parto rápido e sem dor
Grande parte das mulheres sem qualquer problema durante a gravidez e
que poderia dar à luz pelo método natural optam pela cesariana por causa
da dor do parto. Temerosas de que o trabalho de parto possa durar horas
e a fim de evitar o sofrimento prolongado, submetem-se à intervenção
cirúrgica por considerarem mais cômodo. Na contramão dos avanços
tecnológicos, uma técnica simples vem ganhando cada vez mais espaço
entre profissionais de saúde e gestantes: o parto na água.
A técnica proporciona maior bem-estar durante o trabalho de parto
pelo efeito anestésico da água morna. Na banheira, as mães ficam mais
relaxadas e as dores das contrações são amenizadas. Em alguns casos, o
pai também pode entrar na água. "Muitas mulheres que optam pelo parto
normal acabam tendo de fazer a cesariana por exaustão provocada pelas
fortes dores. Com o parto na água, as dores são mínimas", explica a
ginecologista e obstetra Gláucia Menezes, do Hospital Costa Cavalcanti,
em Foz do Iguaçu (PR).
>> Conheça aqui a taxa de mortalidade materna na sua cidade
Adaptando-se às novas exigências do Ministério da Saúde, o hospital é
um dos primeiros no Estado do Paraná a oferecer a técnica às gestantes.
Em 21 de dezembro, a equipe do Costa Cavalcanti realizou os três
primeiros partos na água, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lucas
Vinicius Rios da Silva, terceiro filho de Maria Candelária Rios
Irazábal, foi quem inaugurou a banheira. "O parto foi rápido e sem dor.
Não senti quase nada, bem diferente dos dois primeiros, também normais.
Recomendo," afirma a mãe.
Uma das primeiras maternidades brasileiras a adotar o modelo
humanista no acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, o Hospital
Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), há anos vem conseguindo manter o
índice de cesarianas em 20%. Tudo graças a campanhas de esclarecimento
sobre as vantagens do parto normal, o acompanhamento pré-natal e a
multidisciplinaridade das equipes de saúde, com psicólogo, enfermeira
obstetra e "doulas", acompanhantes de parto que já tiveram vários
filhos.
"A preparação psicológica é muito importante para que a mãe, quando
possível, possa tomar a melhor decisão sobre o tipo de parto que
deseja", sugere o obstetra do Sofia Feldman, Lucas Barbosa da Silva.
Técnicas que auxiliem no trabalho de parto, reduzindo a dor ou
possibilitando que o pai possa estar presente, também são bastante
utilizadas na proposta de humanização do atendimento à futura mãe. Entre
as mais procuradas está a do parto na água, com mais de mil nascimentos
desde 2001.
RECEITA: Bolo de Chocolate com Cobertura de Chocolate Vegano (Sem Leite, Ovos)
Eu fiz este bolo no aniversário do meu
marido, ele adorou tanto o visual quanto o sabor! rss. Decorei com
Amendoim Dori e polvilhei coco ralado por cima. Por ser uma receita
vegana, é menos calórica e mais saudável! Super fácil de fazer, não tem
segredo, não tem mistério. Esse bolo cai bem em qualquer ocasião! Vamos
lá aprender como fazer essa delícia!
BOLO
Ingredientes
Bolo de Chocolate com Cobertura de Chocolate Vegano e para APLV
4 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar
2 pitadas de sal
2 colheres de sopa de fermento
1 xícara de cacau em pó
1 xícara de óleo
2 xícaras + 1 colher de sopa de água
Modo de Fazer
Misture primeiro os secos (farinha,
fermento, sal, etc) depois adicione os molhados (água e óleo) e bata a
massa. Asse sempre em forno pré aquecido a 180º, por 40 minutos ou até
que doure. Desligue o forno e deixe no forno fechado por uns 15 minutos.
COBERTURA
Ingredientes
500ml leite de coco
12 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de óleo vegetal
1 pitada de sal
cacau em pó
Modo de Fazer
Coloca o leite de coco em fogo alto até
ferver, adiciona os outros ingredientes, abaixa o fogo, mistura bem e
deixa até engrossar (leva uma meia hora). Usei coco ralado e amendoim
dori pra enfeitar. Essa medida rendeu pra colocar recheio no bolo e
cobrir todo o bolo, ainda sobrou um pouquinho.
Modo de fazer: Misture a farinha , açúcar. sal e fermento, coloque a agua, e depois o óleo, misture com um garfo, veja se adquiriu a consistência de massa, caso não, acrescente mais farinha, aos poucos, amasse e modele de acordo com o seu desejo. Pre aqueça o forno por 10 min. Coloque o pao para assar por aproximadamente 20 minutos (depende da potencia do forno).
Dicas: Recheio de frango com cenoura fica ótimo para as crianças. Cozinhe o frango, bata no liquidificador os pedaços cozidos, juntamente com a cenoura (ou a rale), abra o pão, coloque o recheio na ponta e enrole. Caso queira que fique dourado em cima: Pincele com uma gema de ovo ou açúcar com agua.
Eu
penso que meu parto iniciou em torno de 7 meses atrás, quando descobrí a
gravidez e consecutivamente comecei a comer informação sobre gestação e
nascimento. Por isso vou dividir esse relato em dois. Quem quiser ler
apenas a parte do trabalho de parto, pode pular pra segunda parte.
Parte 1 - Tô grávida, e agora?
Duas
listrinhas no teste, Beta no dia seguinte, chororô, desespero, aquela
sensação de impotência de toda mãe de primeira viagem. Enxoval, mudança,
mas o que mais martelou na minha cabeça foi o parto. Eu queria parto
normal, e isso não era discutível pra mim. Me lembro de adolescente,
quando pensava em ter filho, que seria normal porque me despertava um
sentimento de poder, de "sentir a dor"..
Entrei no
facebook, e dei uma curtida em várias páginas de mães e gestantes, fui
olhando uns posts, a maioria das páginas de mãezinhas falando de
enxoval, quarto do bebê, doenças associadas à gestação, eu sinceramente
achava aquilo cada vez mais fútil. Comecei a buscar mais informação,
como seria essa coisa de parir, fui pro youtube, e um dos primeiros
vídeos que pipocou pra mim foi o promo do "O Renascimento do Parto".
Podem me julgar, mas 2min depois eu já tinha encontrado um link pra
assistir o filme inteiro online e só tirei os olhos do pc depois de
chorar rios de lágrimas e com a decisão tomada: eu vou parir!
Comecei
a caçar os grupos de parto normal, cheguei aos grupos dazíndias (como
carinhosamente são apelidadas as mulheres que lutam por partos
respeitosos). Nestas páginas, fui me tocando da dificuldade que era
conseguir parir no Brasil atualmente. Nossa rede privada carioca gira em
torno de 90% de operações cesarianas, e lendo os relatos e revoltas das
mães, a grande maioria das gestantes de segundos, terceiros, tiveram
seus primeiros partos roubados por um médico que a induziu ou a enganou
no final atrelando a operação a um problema que não é indicação de
cesária. Entre os mais comuns estão falta de dilatação, cordão enrolado
no pescoço, perda de líquido, diabetes gestacional, hipertensão,
infecções, miomas, qualquer doença ou operação que nada tenha a ver com o
parto.. Enfim, tudo é motivo pra agendar a cesária. Médicos não gostam
de assistir à partos normais, e quando o fazem, são cheios de
intervenções, porque ele não sabe não intervir.. Mas isso é papo pra um
outro post, infelizmente a maioria dessas 90% de mulheres, fragilizadas
num final de gestação, acredita em seu obstetra e cai na faca por achar
que ele salvou seu bebê. Sabem de nada, inocentes...
Por outro
lado, temos a Violência Obstétrica. Sabe aquele parto normal que muitas
na sua família tiveram? Aquele parto estuprante, sofrido, onde a mulher
chega no hospital muitas vezes antes da hora, é colocada no sorinho pra
dilatar, sofre episiotomia (corte na vagina pra "facilitar" a passagem),
fica em posição ginecológica, com as pernas pra cima, com luz alta, uma
enfermeira que ao invés de te encorajar, pede pra parar de gritar, um
fdp dozinfernos que vem em cima da sua barriga pra empurrar o feto?
Então.. Isso eu não queria pra mim nem pra minha pior inimiga.
Muito
estudo, muita informação baseada em evidências científicas, blog da
Melania, páginas das obstetrizes mais "social medias", e a cada vez mais
fui me empoderando pra parir. É certo que eu pirei, virei uma louca
ativista de facebook, briguei com muita gente, tretas em páginas
médicas.. Na verdade meus hormônios de grávida estavam explodindo e meu
melhor passatempo era estudar e tretar, e quanto mais tretas, mais eu ia
estudar pra ter argumentos e defender o meu parto e o de qualquer uma
que cruzasse meu caminho. Vale ressaltar que eu queria o parto de
algumas de minhas amigas mais do que elas mesmas e acabei chateando
algumas pessoas e me decepcionando também. Mas faz parte.. Nesse
processo aprendí a respeitar a vontade da mulher, não julgo mais quem
quer uma cesárea, é claro que vou tentar a tdo custo mostrar o outro
lado, falo das intervenções que o recém nascido sofre, da prematuridade,
mas nosso corpo, nossas escolhas. Estando informada, que banque e
pronto.
Mas minha hora veio chegando, eu tinha algumas
opções, particulares e gratuitas: parto domiciliar foi minha primeira
vontade, mas fui vendo outros locais até descobrir a Casa de Parto de
Realengo, do SUS. Fui pra entrevista, chorei pra Direção me aceitar
(acabei chegando tarde pra iniciar o pré-natal na própria CP, além disso
eu não moro na área de abrangência, e por ter feito cirurgia bariátrica
poderia deixar de ser uma gestação de risco habitual e não ser aceita).
Mas fui, e como nada é fácil pra mim, descobrí anemia e infecção no
finalzinho (tamanho era o ótimo pré-natal particular que eu fazia até
então com meu obstetra fofinho do plano top de linha). Conseguí
negativar tanto um quanto o outro em 15 dias eu finalmente estava pronta
pra parir. Com 38 semanas mostrei os exames bonitinhos e finalmente
tive o Ok pra ser assistida em meu parto.
Parte 2 - Iniciando os trabalhos
Mesmo
com os exames pendentes, e o medo de não conseguir vencer a tal da
anemia e da infecção, Catarina começou a dar sinais de que queria vir.
Pródomos dolorosos, contrações frequentes, muita cólica, dá-lhe banho
quente e remedinho. O processo startou numa virada de lua e desde então
eu percebia que tava chegando. Uma semana depois, resultados Oks,
conversei com ela e disse que ela já podia vir: Ela seria recebida com
muito respeito, sem sonda, sem aspirações, sem colírio ardido nos
olhinhos, não sofreria nenhuma violência ao entrar nesse mundo. Ela
entendeu muito bem o papo-cabeça e com 39+2 (pelas contas da ultra-som) o
grande dia chegou.
Não me perguntem a hora certa, só
sei que no dia anterior eu tava muito bem e serelepe na consulta de
pré-natal na CP, participei do Chá do Parto, voltei pra casa de ônibus
amarradona e sozinha.. Tava cansada como sempre mas nada demais. De
madrugada começou. Contrações e mais contrações, fui curtindo cada uma
delas com dor e uma felicidade que não cabia em mim. Mandei msg pra
minha doula, quando marido acordou pra trabalhar, a bolsa já tinha
estourado e decidimos que ele ficaria em casa. Caminhei na sala, ouví
música, dei uma olhada se faltava algo na mala que já tava pronta, dei
uma depilada básica porque não conseguí marcar com a depiladora aquela
semana, lavei louça, coloquei roupa na máquina, liguei pra deixar nossa
carona a postos.
O negócio começou a ficar feio. Fiquei sozinha
no quarto geladinho e contava contrações de 5 em 5.. Depois de um certo
tempo eu já tinha jogado o telefone com o aplicativo longe, xingava
todas azíndias, aliás, inventei muitos palavrões porque os usuais já não
faziam mais efeito. Minha doulinda chegou com seu arsenal pra dor:
oleozinho, uns negócios cheirosos, massagem, compressa quente, aliás, a
primeira massagem foi deusa, depois disso eu só queria morrer e só
deixei a compressa, pouco tempo depois, tira essa porra de mim! Eu só
pensava em ir logo pra CP porque na minha cabeça já tava adiantado. A
doula me pedindo calma, 5 em 5 ainda não era hora (e realmente não era,
mas eu tava desesperada, pedindo peloamordedeus uma cesárea) Eu já sabia
que os amigos-carona estavam esperando e fiquei pensando se tinham algo
a fazer depois, preocupada com o trabalho que eu tava dando.. Mandei o
André liberá-los, chamaríamos um taxi ou a ambulância da Cegonha. Mas
graças ao universo não foram embora e esperaram pacientemente ouvindo
meus gritos e aqueles palavrões que eu nem me lembro..
Ao
mudar de posição, tentei ficar um pouco em pé, e eis que me vem uma
vontade louca de fazer força. Minha doula perguntou se não era cocô, eu
tinha certeza que não, já tinha ido ao banheiro duas vezes no
iniciozinho, tamanha a sabedoria da natureza em "limpar" pra coisa
acontecer. Eu chorava e só pensava em ir.. Uma nova vontade de fazer
força, as contrações avançaram pra 3 em 3 min num estalar de dedos.
Decidimos ir em torno de 11h.
O caminho era longo, e
putamerda, que merda que eu fui me meter. Me lembro de mandar o Lucas
mudar o rumo pra Barra, vamo pra Perinatal, parto é o caralho! por sorte
ninguém me ouviu. Apenas riram da minha cara e a cada quebra-molas, uma
ida ao umbral. Conhecí o inferno, batí um papinho com meus demônios
interiores.. nada fora do normal.
Chegamos em torno de
Meio-dia, me lembro de falarem que as suítes estavam ocupadas, me
tentaram sentar, eu só apoiei e disse: Tá nascendo, me arruma um lugar!
As enfermeiras meio que não estavam acreditando, perguntaram hora da
bolsa, acho que respondí qualquer coisa, eu só queria uma banqueta, um
chuveiro, eu queria chuveiro! Estavam dando alta pra uma menina, "jajá
tem chuveiro pra vc, vamos medir essa dilatação"
Fui pra sala de
exame, deitei com muito custo, enfermeira tocou (não sentí nada) e
falou: "- Dilatação completa, Natalia! É só esperar vir". Eu pensei que
nesse momento eu ia chorar de felicidade. Chorei de desespero! Pedí
analgésico, pedí uma banqueta, vieram com aquela baixinha. Eu disse:
Olha o meu tamanho, eu não caibo nisso! Trouxeram o cavalinho (joguem
cavalinho de parto no google, então..). Eu não conseguia apoiar na
frente, sentar foi difícil, mas quando enfim conseguí relaxar, joguei o
peso e comecei a sentir Catarina no canal, e eu já não pensava em nada,
não queria ninguém tocando em mim, não queria ver o marido, só deixei a
doula perto porque ela tinha um copo de água na mão... As enfermeiras
desligaram a luz, se posicionaram atrás de mim, colocaram um espelhinho
embaixo pra ver, André ficou perto, mas fora do meu campo de visão.
Me
lembro vagamente mas depois a Vitoria me confirmou: Entrei no expulsivo
quando falei: Ela tá saindo! Gritei, gritei.. Não saiu.. Relaxei o
corpo e 10 min depois eu sentí novamente ela descendo. Eu não tive
vontade de fazer força, ela que fazia. Apenas sentí. Me lembro da
enfermeira perguntando se eu queria colocar a mão na cabeça que já tava
perto, eu não quis, me deu nervoso, só queria que aquilo acabasse logo.
Me
veio o círculo de fogo e depois eu sentí mexer, mexer lá dentro,
perguntei se eram elas colocando a mão (eu não queria!), elas explicaram
que era a bebê se ajeitando pra sair. Depois disso a dor sumiu e eu só
conseguí sentir um prazer extremo, uma coisa que não dá pra descrever,
ela saiu e na mesma hora eu levantei pra que a passassem por debaixo de
mim e a colocassem no meu peito. Arrancaram o vestido e eu sentí aquele
serzinho quente, molhado e com um cheiro fodástico. Andei até a cama, me
ajudaram a subir, deitei. Não sei se eu chorei, se eu rí, acho que fiz
tudo isso.
Estava completamente anestesiada, não sentí
mais nada.. apenas me preocupei em ficar cheirando Catarina. Ela parou
de chorar no meu colo, na verdade mal chorou, reclamou um pouquinho
quando saiu, e só. Ficamos alí mais de uma hora, olhei mãos e pés, ela
espirrou pra terminar de expelir os líquidos do pulmão, já alí no colo
mostrou a força da sua fome, conseguí colocá-la no peito, ela sugou com
vontade. A placenta demorou um pouquinho e doeu pra sair, autorizei as
meninas a puxarem um pouquinho massageando a barriga. Saiu, me
mostraram.. Examinaram, nenhuma laceração, nenhuma necessidade de ponto!
Tudo lindo, como eu sabia que seria.
Catarina nasceu dia 20/02,
12:44h, com 3.435kg, 48cm, apgar 10/10, e o exame do capurro bateu 41
semanas, não as 39 da ultrassom, e nem as 40 das minhas contas malucas
da menstruação..
Fomos pra suíte, tomei banho, amamentei, comí, e 24h depois já estávamos de alta indo pra casa.
Gratidão
eterna à minha doula, que foi crucial nesse processo, ao marido que
apoiou minhas escolhas malucas, à equipe da CP que foram
ultra-cuidadosas, sensíveis e umas lindas na minha assistência.
(Eu
tinha prometido não demorar no relato, aproveitei um soninho lindo da
bebê e conseguí! Aqui termina o processo de parir e começa o mais
complexo, o de ser mãe).
Quem tem uma criança tímida
em casa sabe que as coisas vão em um ritmo diferente para elas.
Enquanto o irmãozinho dança com a maior facilidade na festinha da
escola, ele pode ter resistência até para cumprimentar pessoas
desconhecidas. Isso pode deixar muitos pais preocupados, mas se a
timidez não impede o desenvolvimento do pequeno, esse é apenas um traço
de personalidade que precisa ser respeitado. O problema é quando a
família tenta fazer alguma interferência para ajudar e acaba
atrapalhando: confira os erros que não devem ser cometidos na criação
desses pimpolhos quietinhos.
Superproteção só atrapalha
O jeito tímido da criança pode passar
uma impressão de que ela precisa ser mais protegida, mas na verdade é o
contrário. Os pais devem estimular as brincadeiras
e o convívio dos filhos com outras crianças desde pequeno. Desde que
eles tenham seus limites respeitados, esse contato constante com os
amiguinhos vai fazer com que a timidez não se aprofunde e até regrida.
Já quando a mamãe impede que a criança vivencie experiências e tenha sua
própria independência, a tendência é que ela fique mais reclusa.
Constranger a criança não vai fazer ela reagir
Muitos pais pensam que pressionar a
criança com frases como “o gato comeu sua língua?” vai fazer com que ela
reaja e fale, mas isso pode ter o efeito inverso. Constranger o pequeno
desse jeito só aumenta a insegurança e faz com que ele fique com ainda
mais medo de falar.
Querer que ele seja igual ao irmãozinho
Às vezes é realmente mais fácil lidar
com uma criança sem reservas, mas passar isso para ela causa sofrimento.
Quando a mamãe diz ao pequeno para fazer como o irmãozinho faz, cria
uma sensação de inferioridade e pior, de impossibilidade, já que naquele
momento ele ainda não está pronto para se soltar.
Não valorizar o jeitinho da criança
Cada criança nasce de um jeitinho
único, mas a sociedade tem mania de valorizar apenas os extrovertidos.
Cabe à família se conscientizar que ser tímido também tem seus
benefícios, como ser calmo e cauteloso, e elogiar essas qualidades em
casa. Isso aumenta a autoestima e ajuda o pequeno a romper seus limites.
O âmbar é uma resina vegetal que se tornou fóssil há aproximadamente
50 milhões de anos e é encontrada principalmente na região dos Bálticos,
nele se encontra o ácido succínico que fortalece o sistema imunológico,
estimula o sistema nervoso e melhora a atividade metabólica. Por isso, o âmbar atuaria como analgésico e anti-inflamatório natural.
Em contato com a pele do bebê, as pedras do colar se aquecem e
liberam quantidades minúsculas do ácido succínico no corpo, auxiliando
especialmente durante a fase de dentição, por aliviar dores e
desconfortos como inchaço da gengiva e febre. Ajuda a diminuir a
irritação nas diversas fases de desenvolvimento da criança, por isso
pode ser usado inclusive em idades mais avançadas e é comum o uso por
adultos por seus efetivos resultados como calmante. Curiosidades e simbologia
O âmbar é a pedra preciosa mais antiga conhecida pelo homem, ele vaga
pela terra a tantos milhões de anos carregando dentro de si a história
de milhares de culturas e povos. Sua origem se deve ao efeito de
tempestades, furacões e granizos que fizeram com que a resina de grandes
árvores se fossilizasse criando o âmbar. “O uso do âmbar floresceu durante a era neolítica quando as
mulheres que coletavam madeira às margens do mar Báltico descobriram que
as pedras do mar, que flutuavam nas águas e eram atiradas à praia,
queimavam mais facilmente que a lenha e possuíam um suave aroma.”
– Patrícia Douat Garcia*
Primeiramente, entre os povos bálticos, o âmbar era considerado como divino e sobrenatural, usado
para afastar espíritos maléficos, acidentes, doenças ou mau olhado,
contra a má sorte e contra despachos agourentos, inveja e inimigos de
todos os tipos. Os chineses acreditavam que possuía grande
poder de proteção para as crianças, permitindo ao corpo que se cure a si
mesmo, eliminando a doença das partes afetadas e purificando o coração e
o espírito. É considerada uma pedra de assentamento e harmonia devido à
sua forte ligação com as energias da Terra. “O âmbar é o símbolo Celta do deus do sol. É a pedra sagrada da
deusa mãe. O Âmbar é a única pedra que é morna ao toque, que pode ser
esculpida com uma simples faca. A única que estala, cheia de
eletricidade, como se estivesse viva quando esfregada contra uma roupa
de pele, a única que flutua nas águas misteriosas do oceano. Âmbar é o
divino tornado tangível, a pedra que queima e acalenta os desejos do
homem.” – Patrícia Douat Garcia* O nome “Amber” foi adotado pelos romanos na língua árabe, que significa “o que quer que flutua no mar”.
Na Alemanha é conhecido como “pedra quente”, em outros lugares é
chamado de “pedra do mar”. Russos e outros idiomas eslavos chamam de
“Yantar”, alteração do nome âmbar lituano”Gintaris”que significa “defesa contra a doença”.***
O Âmbar pode ser encontrado não só no Mar Báltico, mas também em
outros lugares como o Mar do Norte, ao largo da costa do Canadá, México,
Sicília, Espanha e Romênia, mas 80% desta resina é encontrada
em Kaliningrado, na costa da Lituânia. Teste de autenticidade**
Coloque uma ou duas gotas de acetona ou álcool em uma das contas do
colar. Se ficar viscosa, pegajosa ou alterar a cor, não é âmbar.
Misture uma parte de sal com duas de água e dissolva. Coloque uma peça de âmbar: se boiar, é autêntica.
O âmbar é morno ao toque, bem diferente das imitações de vidro, que são sempre mais frias que a sua pele.
Recomendações para o uso em bebês:
Tirar no banho para evitar o desgaste do cordão.
Fique atento para o uso durante a noite. A recomendação é tirar o
colar para dormir. Uma alternativa para utilizar durante o sono é
colocar o colar no tornozelo, dando duas voltas.
Acompanhe de perto o uso do colar. Preste atenção à reação do bebê
quando o objeto é colocado: se ele se incomoda, tenta puxar ou nem nota.
Usando desde cedo, as chances de ele se acostumar são maiores.
Fontes de pesquisa:
* Pedras do Mar
por Patrícia Douat Garcia é artista plástica e pesquisadora da
psicodinâmica das cores nas sociedades orientais e no período medieval.
** O que é esse tal colar de âmbar? Por Fernanda Montano da Revista Crescer
*** Curiosidades sobre o âmbar ambar.club
Uma pesquisa médica revelou nesta quinta-feira que aumentar a lactação
materna poderia prevenir mais de 800.000 mortes infantis e até 20.000
óbitos por câncer de mama a cada ano no mundo.
Estes resultados provêm de um estudo conduzido pelo pesquisador Cesar
Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que
foi publicado hoje pela revista britânica "The Lancet".
Segundo este relatório, uma de cada cinco crianças que vivem em países
com rendas elevadas são amamentadas até os 12 meses, enquanto apenas uma
de cada três de países com renda média e baixa se alimentam de leite
materno durante os primeiros seis meses de vida.
Isto significa, segundo os pesquisadores, que milhões de bebês não
recebem todos os benefícios saudáveis oferecidos pela amamentação.
Os novos dados demonstram que aumentar a lactação materna poderia
salvar 800.000 vidas ao ano no mundo, equivalente a 13% das mortes de
crianças com menos de dois anos.
Embora amamentar seja uma das medidas preventivas mais efetivas para
crianças e mães, independentemente do lugar no qual vivam, foi
subestimada como uma necessidade crucial para a saúde da população,
ressaltaram os autores da pesquisa.
"Está estendida a ideia equivocada que os benefícios da lactação estão
relacionados apenas com os países pobres. Nada mais longe da verdade",
salientou Victora.
"Nosso trabalho claramente mostra que amamentar salva vidas e economiza
dinheiro aos países, ricos e pobres por igual. Portanto, a importância
de abordar o problema em nível global é maior que nunca", destacou o
brasileiro.
O estudo de dados extraídos de 28 análises e meta-análises sistemáticas
indica que amamentar não só tem múltiplos benefícios para a saúde, mas
também efeitos dramáticos na expectativa de vida.
Por exemplo, nos países de rendas altas, a lactação diminui o risco de
morte súbita do lactante em mais de um terço dos casos, enquanto nos
países com rendas baixas seria possível evitar a metade dos episódios de
diarreia e um terço das infecções respiratórias.
A lactação materna também aumenta a inteligência e pode proteger às
crianças contra a obesidade e o diabetes no futuro, além de reduzir os
riscos de câncer de mama e de ovários nas mães.
Por outro lado, existem razões econômicas para investir na promoção da
amamentação, já que as perdas econômicas globais pelo desconhecimento
dos benefícios desta prática somaram US$ 302 bilhões em 2012, 0,49% da
renda nacional bruta mundial.
Em países com rendas acima da média estas perdas chegaram a US$ 231,4
bilhões, o que equivale a 0,53% das receitas nacionais brutas.
Além disso, os especialistas calculam que promover a amamentação para
bebês com menos de seis meses a 90% nos Estados Unidos, China e Brasil, e
a 45% no Reino Unido, reduziria os custos destinados ao tratamento de
doenças infantis comuns, como pneumonia, diarreia e asma.
O sistema sanitário economizaria pelo menos US$ 2,45 bilhões nos
Estados Unidos, US$ 29,5 bilhões no Reino Unido, US$ 223,6 bilhões na
China e US$ 6 bilhões no Brasil.
Os autores defendem a necessidade de um compromisso político forte e de
um investimento financeiro para proteger, promover e apoiar a lactação
em todos os níveis (família, comunidade, trabalho e governo).
Além disso, pedem que se regule a indústria dos substitutos do leite
materno, que debilita a prática da amamentação como a melhor via de
alimentação durante a infância.
Tradução e adaptação para Português por Isabel Martins Loureiro, MSc, Doula BioNascimento.
Em Abril de 2014, o parto na água – um método alternativo de alivio da dor no qual a mãe pare numa piscina com água quente – chegou às manchetes nacionais [n.t.: nos E.U.A.]. A ocorrência que levou a segurança no parto na água para a ribalta foi uma Declaração de Opinião
conjunta do Congresso Americano de Obstetrícia e Ginecologia (American
Congress of Obstetricians and Gynecologists – ACOG) e da Academia
Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP)
denunciando a prática.
Na sua declaração de opinião, a ACOG e a AAP advertem firmemente que o parto na água deve ser considerado uma prática experimental
que deve ocorrer apenas em contexto de estudo clínico de investigação. A
sua conclusão, que é eco de uma anterior Declaração de Opinião da AAP
de 2005, é baseada na sua opinião de que o parto na água não tráz benefícios e pode representar perigos para o recém-nascido.
Em resposta, o Colégio Americano de Enfermeiras Parteiras (American College of Nurse Midwives – ACNM) (Midwives 2014), a Associação Americana de Centros de Parto (American Association of Birth Centers (AABC)) e o Real Colégio de Parteiras do Reino Unido (Royal College of Midwives – RCM) todos publicaram declarações defendendo o parto na água como uma opção segura, baseada em evidências científicas. Entretanto, a AABC lançou os dados preliminares de quase 4.000 partos na água que ocorreram nos centros de parto por todos os EUA, corroborando o parto na água como seguro para mães e bebés. A
Elisabeth pariu dentro de água, na casa dos seus pais em Nova Jérsia,
porque os partos assistidos por uma enfermeira parteira são alvo de
bastantes restrições no seu estado de Maryland. Levou duas doses IV de
antibióticos para o Streptococus Grupo B (pode ver-se a canalização no
braço) antes de parir. A Elisabeth é uma enfermeira e está a começar a
estudar para ser parteira. Foto: Aga de Storytellers & Co
Apesar das resposta por parte das organizações de parteiras e da
AABC, os hospitais por todos os E.U.A. começaram a suspender ou a fechar
os seus programas de partos na água. No Centro Médico Regional de Santa
Isabel, em Lincoln, Nebraska, as mães e famílias organizaram protestos e
iniciaram uma para voltar a ter os partos na água disponíveis.
Toda esta controvérsia deixou-nos com estas questões – Será a
declaração da ACOG/AAP baseada numa revisão completa e assertiva da
literatura científica? Qual é a evidência científica sobre o parto na
água? É seguro? Tem algum tipo de beneficio ou perigo potencial para
mães e bebés? Estas são as questões que o Evidence Based Birth
se vai debruçar neste artigo sobre a evidência científica sobre o parto
na água.
O que é o parto na água?
Na imersão durante o trabalho de parto [TP], as mulheres entram numa piscina ou banheira com água morna no primeiro estádio do TP, antes que o bebé nasça.
Num parto na água, a mãe permanece na água
durante a fase expulsiva e parto do bebé. O bebé é depois trazido para a
superfície da água depois de ter nascido (Nutter et al. 2014). Um parto na água pode ser seguido pela expulsão da placenta dentro ou fora de água.
A segurança da imersão durante o TP já foi firmemente estabelecida (Cluett et al. 2009).
Por contraste, existe muita controvérsia nos EUA acerca da segurança do
parto na água. Assim, neste artigo, iremos focar principalmente as
evidências à volta do parto na água.
Qual é a história do parto na água?
Embora haja algumas descrições de partos na água desde tempos antigos
e em várias culturas, os partos na água só se tornaram uma prática
disseminada nos anos 1980 e 90.
Em 1805, a primeira pesquisa documentada sobre parto na água foi publicado num jornal Francês.
Em 1980, o primeiro parto na água foi documentado nos EUA, e a
imersão durante o TP tornou-se popular devido aos relatos de aumento no
alívio da dor, movimentação mais fácil e uma experiência mais holística (RCM 2006).
Em 1983, o Dr. Michel Odent publicou um artigo citado por todo o mundo na revista Lancet descrevendo 100 partos na água que ocorreram num hospital em França.
Em 1989, a Waterbirth International
estabeleceu-se em Santa Bárbara, na Califórnia. Esta fundação sem fins
lucrativos ajudou na instalação de piscinas de parto em mais de 200
hospitais nos E.U.A. e em dezenas de outros países.
Em 1991, o Dr. Rosenthal publicou um estudo de investigação
descrevendo 483 partos na água que ocorreram num centro de partos na
Califórnia.
Em 1992, a Casa dos Comuns do Reino Unido lançou um
relatório declarando que todas as mulheres devem ter a opção de ter o TP
e parto dentro de água (RCM 2006).
Em 1993, todas as unidades de parto em Inglaterra e Gales já
ofereciam a imersão em água durante o TP e/ou parto, e quase metade
tinham instaladas piscinas de parto. Durante este período, menos de 1%
dos partos em Inglaterra e Gales ocorrem dentro de água (Gilbert and Tookey 1999).
Em 1994, o Real Colégio de Obstetras (RCO) e o Real Colégio de
Parteiras (RCM) lançam declarações apoiando o parto na água como opção,
desde que os assistentes do parto tenham tido as competências
apropriadas e a confiança necessária para assistir as mulheres que
quisessem parir dentro de água. Estas declarações foram atualizadas e
reafirmadas em 2000 e 2006 (RCM 2006).
Em 1995, o Reino Unido organiza o primeiro Congresso Internacional
do Parto na Água em Londres. Durante a conferência, 19.000 casos de
partos na água foram apresentados a 1.500 conferencistas de todo o
mundo.
Em 1996, a Escola de Enfermagem da Universidade da Carolina do
Norte, em conjunto com a Waterbirth International, organizaram a
primeira conferência sobre o parto na água nos E.U.A. em Greensboro,
Carolina do Norte.
Em 2000, a Waterbirth International organizou o Congresso Internacional de Parto na água em Portland, Oregon.
Em 2004, a Administração para a Alimentação e Medicação dos E.U.A.
(Food and Drug Administration – FDA) notificou a Waterbirth
International de que precisavam de preencher um requerimento para que as
piscinas de parto portáteis fossem classificadas como dispositivos
médicos.
Em 2005, o Colégio Americano de Pediatras lança uma declaração de opinião rejeitando o parto na água (Batton et al. 2005).
Em 2012, uma reunião conjunta foi marcada pela FDA para determinar
se as piscinas de parto são dispositivos médicos da Classe 1. Para ler o
resumo da ACNM desta reunião, carregue aqui. A FDA ainda não emitiu a sua decisão.
Em 2014, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia e a
AAP publicaram uma declaração conjunta (muito similar à declaração da
AAP de 2005), rejeitando o parto na água.
A declaração dos RCOG/RCM tem muita informação acerca da história do parto na água. Para ler o documento completo carregue aqui.
Que tipo de evidência científica temos sobre o parto na água?
Investigação inicial
O primeiro artigo descrevendo uma série de partos na água foi publicado pelo Dr. Michel Odent em
1983. Não foi um estudo de investigação, mas sim uma descrição dos
partos na água que ocorreram na sua unidade hospitalar. Em 1991, o Dr.
Rosenthal publicou um estudo de investigação mais formal descrevendo
partos na água que ocorreram num centro de partos na Califórnia.
Em 1993, três obstetras Suíços publicaram um artigo chamado “Parto na água – é seguro?” no Journal of Perinatal Medicine
(Zimmermann et al. 1993). Os autores reviram os artigos que tinham sido
publicados por Odent e Rosenthal, e descreveram a informação
apresentada nas revistas e jornais acerca dos partos na água.
Devido à escassez de dados sobre a segurança sobre o parto na água, Zimmerman declaram:
“Os partos na água devem ser restritos a centros com
assistência médica adequada, e mesmo assim apenas em estudos aleatórios e
controlados. O protocolo do estudo deve preencher a Declaração de
Helsínquia e deve ser aprovada por um comité local de ética… em
quaisquer outras condições os partos na água devem ser rejeitados, já
que pouco se sabe acerca da segurança deste método.”
Nas duas décadas seguintes, houve um enorme aumento na pesquisa baseada em evidências sobre o parto na água. No entanto, esta
opinião – que os partos na água devem ser “apenas realizados em ensaios
clínicos” – é ecoado novamente nas declarações de opinião da AAP em
2005 e da ACOG/AAP em 2014.
Auditorias da Grã-Bretanha
Nos anos 1990, investigadores Britânicos começaram a publicar estudos retrospectivos sobre os partos na água (Alderdice et al. 1995; Gilbert and Tookey 1999).
Os estudos retrospectivos são uma forma de menor qualidade de
evidência, na qual os investigadores olham para trás (“retro”) para os
registos médicos de forma a tirar conclusões.
Esses estudos retrospectivos também são estudos de “questionário”, o
que significa que os investigadores ligaram e escreveram cartas para as
maternidades e médicos, perguntando se eles se recordavam de alguma
morte ou ferimentos relacionados com os partos na água nas suas
unidades.
Embora os primeiros estudos retrospectivos tivessem descoberto que os
partos na água aparentam ser no geral seguros, a sua evidência deve ser
lida com precaução, devido à natureza não fidedigna deste tipo de
estudo.
Dois pequenos estudos aleatórios
Em 2004 e 2009, os primeiros estudos pilotos aleatórios e controlados sobre o parto de água foram publicados.
Num estudo aleatório e controlado, as mães são aleatoriamente
designadas (como que por moeda ao ar) para parir na água ou em terra (Woodward and Kelly 2004; Chaichian et al. 2009).
Infelizmente, ambos os estudos aleatórios foram demasiado pequenos para verificar as diferenças em raros mas importantes resultados.
Os investigadores estimaram que seria necessário pelo menos 1000
mulheres em cada opção deste estudo por forma a observar a ocorrência de
pelo menos dois eventos raros (Burns et al. 2012).
No primeiro estudo aleatório (Woodward and Kelly 2004), apenas 10 em 40 mulheres que foram designadas aleatoriamente para o parto na água pariram de facto dentro de água
e 5 outras mulheres puderam escolher parir dentro de água. Porque
apenas 15 mulheres pariram dentro de água, isto dá-nos pouca informação
sobre os efeitos do parto na água.
No segundo estudo aleatório, 53 mulheres pariram dentro de água e 53
mulheres pariram em terra. Todas as mulheres pariram dentro do grupo
atribuído (Chaichian et al. 2009).
Embora o estudo de Chaichian tenha sido demasiado pequeno
para verificar efeitos raros, deu-nos uma boa informação acerca do que
acontece quando as mulheres são distribuídas aleatoriamente para parir
dentro de água versus em terra. Contudo, os autores não registaram informação suficiente (não seguiram as linhas guia CONSORT) para nos darem uma ideia da qualidade do estudo. A
Rachel usou a água durante o TP mas saiu da água para parir a sua
filha. Ela diz: ”Quando chegou a altura de fazer força, a água já não
estava quente, já tinham passado 40 horas, a mão da minha filha estava
presa à sua cabeça pelo cordão umbilical, com circulares à volta da
cabeça, pescoço, peito, barriga e pernas. O banco [de parto] foi o local
correcto para a altura”.O que aprendemos com estes testes aleatórios? Quer Woodward (2004) quer Chaichian et al (2009) demonstraram que é tecnicamente possível conduzir testes aleatórios controlados sobre o parto na água. Contudo, também aprendemos que um grande estudo aleatório (com mais de 2000 mulheres) é provavelmente impraticável
e poderia haver elevada taxa de “cross-over” entre os grupos, com
mulheres designadas para parir na água terminando a parir em terra, e
vice versa.
Porque os teste aleatórios são pouco práticos e dificilmente acontecerão, isto significa que temos de recorrer a outros tipos de evidência sobre o parto na água.
Estudos prospectivos e observacionais podem dar-nos evidências sobre a
segurança dos tratamentos que são difíceis ou pouco práticos para
estudar em testes aleatórios.
Estudos prospectivos de alta qualidade são publicados
Em estudos prospectivos, os investigadores recrutam as mulheres enquanto estão grávidas e depois seguem-nas após o bebé ter nascido,
recolhendo dados durante todo o processo. A força deste tipo de estudo é
que nos dá informação precisa acerca do que acontece a todas as
mulheres inscritas no estudo e que tiveram partos na água.
No final dos anos 2000 e inicio dos 2010, os investigadores começaram a registar milhares de partos na água em estudos prospectivos, com zero registos de recém-nascidos afogados ou quase afogados
(ver Tabela 1). Estes estudos também mostram alguns benefícios para as
mães – e até potenciais benefícios para os recém-nascidos.
Contudo, houve dois grandes percalços neste tipo de estudos prospectivos.
Primeiro, alguns dos investigadores não incluíram grupos de controlo, logo nestes estudos não temos forma de comparar mulheres que tiveram parto na água com aquelas que não tiveram.
O segundo percalço é que quando os investigadores compararam os grupos , a maioria comparou mulheres que pariram dentro de água com mulheres que fizeram o TP na água mas saíram para parir. Porque é que isto é um percalço? Bem, porque as mulheres saíram de dentro de água por diversas razões:
a parteira ou médico ficaram preocupados com o ritmo cardíaco fetal, a
mãe precisou de medicação analgésica, ou talvez o TP estivesse a demorar
muito tempo. Em contraste, as mães que ficaram na banheira para o parto
estavam bem e teriam maior probabilidade de obter melhores resultados.
Logo estes dois grupos não são iguais logo de inicio.
Em investigação, chamamos a isto uma “auto-seleção” enviesada. Isto significa que as diferenças
que observamos entre estes dois grupos podem não se dever ao parto na
água em si, mas porque os dois grupos eram diferentes logo de inicio.
Num mundo ideal, iriamos comparar mulheres que tiveram partos na água
com mulheres que queriam ter um parto na água e eram elegíveis para
tal, mas não tiveram acesso a uma banheira. Infelizmente, este tipo de
comparação não foi feito na maioria dos estudos.
Estudos de caso controle
Vários investigadores publicaram estudos de caso controle sobre o parto na água, um tipo de estudo observacional. Num estudo de caso controlado, investigadores equipararam cada mulher que teve um parto na água com uma mulher similar que teve um parto em terra. A força deste tipo de estudo é a comparação entre grupos.
Por exemplo, Otigbah et al. (2000)
compararam 301 mulheres que tiveram partos na água com 301 mulheres
similares da mesma idade, mesmo número de partos anteriores e de baixo
risco, que tiveram um parto vaginal convencional em terra, sem
aceleração com oxitocina sintética. Embora isto não elimine totalmente a
auto-seleção enviesada, ajuda a limitar o enviesamento o melhor possível, ao tentar equiparar o grupo de parto na água com o grupo do parto em terra.
Relatos de caso
Finalmente, o outro tipo de evidência que temos é o relato de caso. Os relatos de casos são considerados como o nível mais baixo de evidência científica.
Nas últimas décadas, investigadores têm publicado múltiplos relatos
de casos acerca de eventos adversos relacionados (ou possivelmente
relacionados com) os partos na água (ver Tabela 2).
Um dos pontos fortes dos relatos de casos é que nos pode dar informação acerca dos efeitos secundários raros de um tratamento. Contudo, já que os registos de caso discutem apenas um evento único, não sabemos quantas vezes esse efeito secundário ocorre.
Devido ao facto de os estudos de casos serem considerados como a
forma de evidência científica de mais baixo nível, alguns investigadores
especialistas em parto na água disseram que:
“Nem opositores nem defensores servem bem as mulheres e os seus bebés
ao continuarem a registar relatos que apoiam as suas próprias causas
enviesadas” (Cluett et al. 2005).
Que tipo de investigação suportou a Declaração de Opinião da ACOG e da AAP sobre o Parto na água?
Evidência de Baixo Nível
Quando discutem as complicações registadas em partos na água, as ACOG/AAP basearam-se apenas em relatos de caso,
e não olharam para resultados de níveis de evidência superiores. Níveis
de evidência superiores que estão disponíveis incluem estudos
prospectivos, observacionais e inquéritos retrospectivos.
Na declaração de opinião, os autores afirmam que “devido à falta de
uniformidade dos denominadores registados, a exata incidência de
complicações é difícil de avaliar.” Este problema poderia ter sido facilmente resolvido através da revisão dos grandes estudos prospectivos que já foram publicados. Estes estudos descrevem com que frequência é que eventos raros ocorrem ou não.
Revisão de Literatura Desatualizada
A revisão da literatura na declaração de opinião é desatualizada e não reflete as evidências mais atuais. Das 29 referências, apenas seis são dos últimos nove anos (2005 em diante). Estas referências incluem um pequeno estudo aleatório sobre o parto na água (Chaichian et al. 2009), uma declaração atualizada do Real Colégio de Obstetrícia e Ginecologia do Reino Unido (RCM 2006), uma texto de opinião da Midwifery Today (Enning 2011), um pequeno estudo de inquérito a cinco mulheres (Maude and Foureur 2007), e um estudo de caso onde um recém-nascido morreu depois de ter nascido numa banheira fortemente contaminada com Pseudomonas (Byard and Zuccollo 2010).
Para o corrente artigo da Evidence Based Birth, encontrei facilmente sete estudos recentes (ver Tabela 1) – cinco dos quais são estudos prospectivos de alta qualidade – que não são mencionados na declaração de opinião. Isto levanta a questão sobre se os autores conduziram uma revisão da literatura exaustiva antes de formarem a sua opinião.
Que tipo de erros estão na Declaração de Opinião das ACOG/AAP sobre o Parto na água?
Para além da revisão de literatura desatualizada e a falha em
mencionar estudos importantes sobre o parto na água que foram conduzidos
nos últimos dez anos, a Declaração de Opinião das ACOG/AAP contem vários erros graves. Pode ser desejável neste momento ter uma cópia impressa da versão PDF da declaração para ver com os seus próprios olhos os erros, enquanto continua a ler.
Também pode descarregar a carta de 4 páginas“A quem possa interessar”
para usar com administradores dos hospitais ou outros que estejam
interessados em aprender mais acerca da qualidade científica da
Declaração de Opinião.
Principais Erros
Os autores citam nove relatos de caso que mostram complicações em partos na água “para a mãe e o neonato”. Três desses estudos não têm nada que ver com parto na água. Logo, a referência a nove casos de estudo é enganadora:
Referência nº 19 não é um relato de caso . É um
estudo aleatório e controlado de imersão em água durante o primeiro
estádio do TP. O parto na água não foi abrangido neste estudo (Eckert et al. 2001).
Referência nº 22 (Gilbert 2002) não é um relato de caso. É uma carta para o editor acerca de um outro caso de estudo que já tinha sido discutido uma vez na declaração de opinião (Nguyen et al. 2002, referência nº25).
Referência nº 24 é um estudo acerca de ratas de laboratório prenhes
que foram aleatoriamente colocadas a nadar em água fria ou água quente,
durante a gravidez. As ratas foram mortas e os fetos foram examinados. Nenhuma rata de laboratório pariu dentro de água (Mottola et al. 1993).
Má representação dos resultados da investigação
A seguir, os autores da ACOG/AAP representaram mal os
resultados de um estudo, levando o leitor a pensar que existiram
afogamentos nos partos na água num estudo onde de facto não houve nenhum.
Referência nº 26 é um estudo retrospectivo de inquérito no qual os autores indicam não encontrar morbilidade ou mortalidade perinatal associada ao parto na água (Alderdice et al. 1995).
Os autores da declaração de opinião da ACOG/AAP interpretaram
erradamente este estudo e declaram que “Alderice et al. resumem casos
reportados de resultados neonatais adversos, incluindo afogamento e
quase afogamento.” Fiquei confusa com esta contradição entre o que o
artigo indica e o que a declaração de opinião declara. Então entrei em
contacto pessoalmente com o autor do artigo Aderice et al. Ela confirmou que não ocorreram afogamentos nem quase afogamentos.
Não contam a história toda
Nos outros quatro casos de estudo mencionados pelas ACOG e AAP, não contaram a história toda. Dois
desses casos foram causados pela utilização de água hospitalar
contaminada e, nos outros casos, todos os recém-nascidos recuperaram
plenamente:
Em dois casos (Referências nº 19 e nº 21: Byard and Zuccollo 2010 e Franzin et al. 2004), a água no hospital estava contaminada pela bactéria Pseudomonas ou pela Legionella. Outros estudos prospectivos não encontraram diferença nas taxas de infecção em bebés nascidos na água ou em terra (Thoeni et al. 2005; Zanetti-Daellenbach et al. 2007).
Estudos utilizando culturas mostram que a exposição a bactérias
potencialmente perigosas presentes na água hospitalar pode ser reduzida
através da instalação de filtros de água (Thoeni et al. 2005).
No caso de estudo de Kassim et al. (2005) (Referência nº 23),
um recém-nascido desenvolveu dificuldades respiratórias suspeitando-se
ter-se devido a aspiração de água. Com três dias de tratamento, o recém-nascido recuperou completamente.
Os autores não registam se os profissionais de saúde que assistiram o
parto seguiram as medidas de segurança baseadas em evidências
científicas, tais como a monitorização da temperatura da água ou trazer o
bebé imediatamente para fora de água.
No artigo de Nguyen et al. (2002) (Referência nº 25) que reporta quatro casos de aspiração de água, o primeiro caso foi um parto na água acidental e dois foram partos na água escondidos. Todos os quatro recém-nascidos recuperaram completamente.
Os autores não registaram se todos os partos tinham sido assistidos por
pessoal qualificado. A temperatura da água não era conhecida, e não
indicam se os bebés foram trazidos imediatamente para fora de água.
Baseiam-se fortemente numa revisão de literatura com falhas
O último caso de estudo mencionado na declaração das ACOG/AAP é na
realidade uma revisão da literatura publicada por Pinette e Wax et al. (da meta-análise em parto domiciliar elaborada por Wax) em 2004. Nesta revisão, os
autores encontraram 74 artigos sobre o parto na água, mas apenas
reviram os 16 artigos que registaram possíveis complicações relacionadas
com parto na água.
Embora Pinette et al. declarem que “reviram sistematicamente a literatura”, o seu método tem falhas sérias:
Não descrevem os critérios de inclusão/exclusão utilizados para os artigos.
Apenas reviram artigos que referem complicações e excluem artigos com bons resultados.
A qualidade dos artigos que incluem é baixa. Quase todos os estudos
que incluem são relatos de caso, incluindo uma história relatada numa
revista, um resumo não revisto por pares, e cartas ao editor.
Concretamente, Pinette et al. referem um artigo (Rosser 1994) que
descrevem como evidência de “dois partos domiciliares com provável
afogamento”.
No entanto, se consultar o artigo original de Rosser, vai verificar que é um artigo de revista que descreve três histórias que não foram confirmadas como verdadeiras. Uma história descreve a morte de um bebé que nasceu em terra
dentro do saco amniótico, e que se afogou porque os pais não souberam
como romper as membranas. Noutra história relata um parto na água não
assistido, no qual os pais do recém-nascido deixaram-no submerso durante
25 minutos. A terceira história descreve um bebé que morreu depois de
nascer na água assistido por duas parteiras experiente – no entanto, não
indicam quão rápido foi o bebé trazido para fora de água.
Finalmente, Pinette et al. declaram que a literatura “não demonstra qualquer beneficio para o neonato”. Eles não forneceram qualquer referência para esta declaração. Devido aos sérios problemas científicos da revisão de Pinette
et al., é surpreendente que seja referência na declaração de opinião da
ACOG/AAP sobre o parto na água.
Então qual É a evidência para o parto na água?
Para responder a esta questão, em Abril de 2014 conduzi uma exaustiva revisão da literatura no PubMed [n.t.: www.pubmed.com].
Publiquei as minhas descobertas em rede quer neste artigo, quer num
formato mais detalhado na Bibliografia Anotada sobre o Parto na água do
Evidence Based Birth. Depois usei essa Bibliografia Anotada para redigir
este artigo. Para descarregar a Bibliografia Anotada, carregueaqui.
Para saber mais acerca dos métodos usados para elaborar um artigo de Evidence Based Birth, veja aqui.
As palavras chave especificas para a revisão de literatura incluíram
“parto” E “imersão em água” OU “parto na água”. Foram incluídos artigos
na Bibliografia Anotada que foram publicados em Inglês depois de 1993, e
se os investigadores descrevem resultados de partos que ocorreram
debaixo de água.
Incluí todos os níveis de evidência científica sobre este assunto:
revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatórios, estudos prospectivos
observacionais, inquéritos retrospectivos ou estudos de audição
retrospectivos conduzidos cientificamente, estudos qualitativos e casos
de estudo.
Excluí os relatórios de auditoria que não seguiram método científico.
Por exemplo, excluí estudos auditados que não foram aprovados por uma
Comissão Institucional de Revisão ou que não registaram estatísticas
adequadas.
Também, se um estudo foi reportado em dois artigos separados, incluí apenas a versão mais recente.
Após conduzir a pesquisa inicial, li os títulos e resumos para
determinar quais os artigos encaixam nos critérios de inclusão. Se um
artigo era relevante, então obtinha o artigo original e lia-o na sua
totalidade. Dei uma vista de olhos pelas referências bibliográficas de
cada artigo incluído para encontrar outros artigos relevantes que
devessem estar incluídos na bibliografia anotada. A Bibliografia Anotada completa com mais de 70 páginas, em PDF, está disponível para descarregar aqui.
Os resultados são resumidos na Tabela 1 (ensaios aleatórios, estudos
prospectivos e retrospectivos) e na Tabela 2 (casos registados), por
ordem cronológica. Ao olhar para os estudos na Tabela 1, pode ver que houve mais
de 28.000 partos na água documentados em estudos científicos desde
1991.
De facto, houve pelo menos 19 estudos em parto na água nos últimos 20
anos e as ACOG/AAP apenas mencionam seis destes estudos na sua
declaração de opinião. Dos seis artigos que mencionam, representam mal
os resultados de um estudo. Assim, a vasta maioria da literatura
científica sobre o parto na água não foi contemplada na revisão da
literatura da ACOG e AAP.
Tabela 1: Evidências sobre o parto na água
Primeiro Autor
Ano
Tipo de estudo
Nº Partos na água &
Incluído na opinião da ACOG/AAP?
Nº Partos em terra
Rosenthal
1991
Retrospectivo
679 mulheres que tiveram parto na água; sem grupo de comparação
Não
Alderice
1995
Questionário retrospectivo nas maternidades que foi obtido por telefone ou correio.
4.494 mulheres com parto na água, 8.255 mulheres com TP na água e parto em terra.
Sim, mas os resultados do estudo foram mal representados
Gilbert6
1999
Questionário retrospectivo enviado para pediatras e maternidades.
4.032 mulheres com parto na água, os seus resultados
foram comparados com dados regionais de mulheres com gravidez de baixo
risco com parto em terra (partos vaginais espontâneos de termo).
Sim
Forde
1999
Prospectivo
49 partos na água; sem grupo de comparação
Não
Otigbah
2000
Controlo de caso
301 mulheres com parto na água, 301 mulheres correspondentes (similares) que tiveram parto em terra
Não
Burns
2001
Prospectivo
1.327 mulheres com parto na água, comparado com um grupo similar de mulheres na mesma unidade que não usou a piscina
Não
Richmond
2003
Questionário retrospectivo com registo de dados quantitativos e qualitativos
189 mulheres com parto na água; sem grupo de comparação
Não
Wu
2003
Estudo qualitativo com entrevista
9 mulheres com parto na água
Não
Geissbuehler
2004
Prospectivo
3.617 mulheres com parto na água, 5.901 mulheres com
parto em terra; todos os partos espontâneos, vaginais, de um bebé
occipital. Alguns partos em terra incluíram mulheres que planearam um
parto na água mas tiveram de o transferir para terra (n=647).
Sim
Fehervary
2004
Controlo de caso
Estudo Microbioma: 34 bebés nascidos em água, 26 bebés
nascidos em terra depois de TP com água, 36 bebés nascidos em
terra.Estudo de caso de controlo: 100 bebés nascidos na água comparados
com 100 bebés nascidos em terra sem imersão na água.
Não
Woodward
2004
Ensaio piloto aleatório controlado
15 mulheres com parto na água, 65 partos em terra
Sim
Eberhard
2005
Prospectivo
3.327 partos na água, 2.763 partos na cama, e 1.049 partos em bancos de parto
Não
Thoeni
2005
Prospectivo
1.600 partos na água, 515 partos em terra. Para a
maioria dos resultados, apenas as mulheres que pariram pela primeira vez
foram incluídas: 737 mulheres pariram na água; 407 na cama e 142 no
banco de parto.
Não
Zanetti-Daulenbach
2007
Prospectivo
89 mulheres com parto na água, 133 mulheres com
trabalhos de parto na água e partos em terra, 146 mulheres não tiveram
imersão em água. Todas estas mulheres estavam interessadas em parto na
água e correspondiam aos critérios de inclusão para parto na água.
Não
Mistrangelo
2007
Estudo de caso controle com avaliação ecográfica do soalho pélvico 6 meses após o parto.
25 mães primíparas que tiveram parto na água e 27 mães primíparas que tiveram parto em terra sem imersão na água.
Não
Cluett
2009
Revisão Cochrane e meta-análise aleatória de ensaios controlados e aleatórios.
3 pequenos ensaios piloto controlados e aleatórios
Sim
Chaichian
2009
Ensaio piloto controlado e aleatório
53 mulheres que foram designadas aleatoriamente para
parto na água, 53 que foram aleatoriamente designadas para parto em
terra. Todas as mulheres pariram segundo o método designado.
Sim
Torkamani
2010
Prospectivo
50 partos na água e 50 partos em terra
Não
Pagano
2010
Estudo de caso controle retrospectivo com medição de impacto económico.
110 partos na água de primíparas e 110 partos em terra equiparados
Não
Burns
2012
Prospectivo
5.192 mulheres com partos na água, 3.732 mulheres com trabalhos de parto na água e parto em terra **
Não
Mollamahmutoglu
2012
Prospectivo
207 mulheres que escolheram partos na água, 191 mulheres
com parto em terra com epidural e 191 mulheres com parto em terra sem
epidural
Não
Dahlen
2013
Estudo retrospectivo de registos médicos
819 mulheres com partos na água e 5.220 mulheres com
partos em terra em unidade não hospitalar com parteiras. As mulheres que
transferidas para o hospital durante o trabalho de parto não foram
incluídas.
Não
Manakaya
2013
Caso de controlo retrospectivo
219 mulheres com partos na água, 219 mulheres equiparadas com partos em terra que serviram como grupo de controlo.
Não
Demirel
2013
Retrospectivo
191 mulheres com partos na água; não houve grupo de comparação.
Não
Henderson
2014
Prospectivo
1.519 mulheres com partos na água, 986 mulheres com
partos em terra. Para comparar resultados entre imersão em água e parto
em terra, usaram dados de um local onde 114 mulheres usaram uma piscina
de parto (quer tenham parido dentro de água ou saído da piscina antes de
parir) e 459 mulheres que eram elegíveis mas não usaram a piscina por
preferência ou por não estar disponível.*
Não
Lukasse
2014
Prospectivo
Não indica o número de partos na água, mas na amostra
geral (n=16.577) de mulheres que pariram assistidas por parteiras,
inclui uma percentagem substancial de partos na água.
Não
*Henderson et al. (2014):
Porque o grupo da “piscina de parto” (usado com o propósito de
comparação) inclui mulheres com e sem partos na água, não incluí o
estudo de Henderson na comparação entre parto na água e parto em terra. **Burns et al. (2012):
É impossível comparar a maioria dos resultados entre mulheres com parto
na água versus mulheres que tiveram TP na água mas pariram em terra,
porque os investigadores não registam a maioria dos resultados em
separado. Os resultados são registados todos juntos, com a exceção do
rasgão no cordão umbilical, terceira fase de parto fisiológica e mortes
neonatais. Número total de partos na água registados em estudos científicos = 28.283
Limitações da Evidência
Antes de ler a evidência sobre o parto na água, é importante compreender que há percalços na evidência que existe até agora:. Alguns estudos não têm grupo de comparação. Isto quer dizer que não podemos comparar partos na água com partos em terra. Contudo, se o estudo é grande (como o de Henderson et al. 2014),
ainda podemos obter algumas informações úteis acerca da frequência com
que podem ocorrer certos eventos raros – mesmo sem grupo de comparação.
Alguns estudos são demasiado pequenos para verificar efeitos secundários raros
– necessitamos de pelo menos 1.000 partos na água e 1.000 partos em
terra para ver algumas diferenças com eventos raros entre os grupos (Burns et al. 2012).
Em estudos observacionais onde os investigadores comparam partos na
água e partos em terra, existe uma coisa chamada “enviesamento de
seleção”. Enviesamento de seleção significa que um grupo pode
ter melhores resultados que o outro – não devido ao parto ser na água ou
em terra, mas porque os dois grupos são diferentes logo de inicio.
Kristin
says, “This photo was taken about 14 hours into my 30 hour labor. My
daughter was posterior and the tub helped tremendously with my back
labor. A Kristin diz: “Esta foto foi tirada aproximadamente na 14ª hora
do meu TP que durou 30. A minha filha estava posterior e a banheira
ajudou imenso a suportar as dores nas costas. Embora eu quisesse um
parto na água, acabei por ter de fazer uma cesariana”.
Por exemplo, mulheres que escolheram um parto na água podem ter menos
episiotomias porque estavam motivadas para parir sem episiotomia.
Ou bebés nascidos de mães que tiveram partos em terra têm maior taxa
de admissão na UCI porque as mães saíram da banheira devido a
preocupações com o ritmo cardíaco fetal. Porque as mulheres dos grupos de parto na água e as de parto
em terra são auto-selecionadas, não podemos dizer que o parto na água causa um efeito ou que o parto em terra causa um efeito.
Contudo, algumas das descobertas dos estudos observacionais são similares aos resultados do ensaio aleatório de Chaichian,
onde as mulheres são designados aleatoriamente para o parto na água ou
em terra, e em estudos de caso controlado, onde as mulheres são
agrupadas mais uniformememte entre os grupos de parto na água e parto em
terra.
Há também dados muito consistentes de estudo para estudo – por exemplo, as taxas de episiotomia são mais baixas nos partos na água em todos os estudos que analisaram essa taxa.
Então, no conjunto, isto dá-nos a confiança para dizer que o parto na
água pode ter efeitos de tratamento para além do efeito de “selecção”.
O que é que a ciência diz sobre os efeitos do parto na água nas mães?
Nota: nesta secção, não inclui a meta-análise de Cluett ( em vez
disso descrevi os resultados dos estudos individuais) ou o estudo
aleatório de Woodward e Kelly (devido a ter apenas 15 partos na água).
Na maioria, incluí apenas resultados de estudos onde os partos na água
foram comparados com partos em terra. Contudo, porque os estudos de
Burns et al. (2012) e Henderson et al. (2014) são grandes e têm uma alta qualidade, menciono os seus resultados embora estes não tivessem grupo de comparação.
Parto Normal Vaginal
Num estudo aleatório com 106 mulheres, os investigadores descobriram
que as mulheres que foram designadas para parto na água tiveram taxas mais elevadas de partos espontâneos vaginais (sem fórceps ou ventosas) comparado com as mulheres atribuídas aleatoriamente para parto em terra (100% vs 79,2%) (Chaichian et al., 2009).
Num outro estudo, os investigadores descobriram que a taxa de
cesarianas para todas as mulheres com TP na água e/ou que pariram na
banheira foi apenas de 4,4%, comparada com a taxa média nacional
italiana de 38% (Henderson et al., 2014).
Também no estudo que usou a base de dados Birthplace in England,
os investigadores descobriram que a imersão em água durante o TP em
primíparas acompanhadas por parteira, fez decrescer o risco de cesariana
em 20% (Lukasse et al. 2014).
A maioria dos outros estudos excluem mulheres que tiveram cesariana,
pelo que é geralmente impossível comparar as taxas de cesarianas entre
mulheres que planeavam um parto na água e as que planeavam um parto em
terra.
Os investigadores indicam que a razão das taxas de laceração do períneo de 1º e 2º grau serem mais elevadas em mulheres com parto na água é porque muitas dessas mulheres teriam tido uma episiotomia se tivessem parido em terra.
Por outro lado, as mulheres com partos em terra têm menos taxas de
laceração de 1º e 2º grau, mas apenas porque muitas delas são cortadas
cirurgicamente (episiotomia) em vez de rasgar naturalmente.
Para saber mais acerca das diferenças entre lacerações de 1º, 2º, 3º e 4º graus, carregar aqui.
Lacerações de terceiro e quarto graus
Lacerações de 3º e 4º graus causam danos ao esfíncter anal. Estas
lacerações podem levar a complicações difíceis para a mãe, incluindo
incontinência fecal, problemas a longo prazo com dores no períneo e sexo
doloroso, fistulas e infecções na ferida (Fernando et al. 2013).
As evidências mostram que as episiotomias podem amentar o risco de
trauma perineal sério, como o visto em lacerações de 3º e 4º graus (Carroli and Mignini 2009). A
Jill pariu o segundo bebé em casa, dentro de água. Ela diz: “Foi uma
experiencia maravilhosa, maravilhosa. Nada como o parto hospitalar cheio
de tensão que tive antes (que também foi completamente natural, mas que
senti como muito intenso e stressante). Graças ao parto na água, tive
apenas um laceração de 1º grau e marcas da sua passagem, nada que
precisasse de pontos (ao contrário da laceração de 3º grau que tive no
meu primeiro parto! Estou TÃO agradecida por isso!)”. Foto de Lydia
Johnson de www.walkingwithdancers.blogspot.com
Em dois dos três estudos que analisaram este tipo de resultado, taxas de lacerações de 3º e 4º graus são mais baixas nas mulheres com parto na água comparadas com as que pariram em terra (Geissbuehler et al. 2004; Menakaya et al. 2013). Num estudo, os investigadores não encontraram diferença entre lacerações de 3º e 4º graus (Burns 2001).
Vários outros estudos indicam as taxas de lacerações graves, mas não têm grupo de comparação:
Num estudo com 1.519 mulheres italianas com parto na água, Henderson et al. (2014) descobriram que 0,3% das mulheres com parto na água tiveram laceração do 3º grau e zero do 4º grau.
No Reino Unido, Burns et al. (2012)
registou que 2% das 5.192 mulheres com parto na água tiveram lacerações
de 3º grau. Não tiveram registos de lacerações de 4º grau.
Períneo intacto
Quatro em cinco estudos indicam que as mulheres com partos na água têm maior probabilidade de parir com períneo intacto (Otigbah et al. 2000; Burns 2001; Geissbuehler et al. 2004; Thoeni et al. 2005). Num estudo não houve diferença entre as taxas de períneo intacto entre parto na água e em terra (Menakaya et al. 2013).
Os investigadores pensam que a razão para as taxas de períneos
intactos serem mais elevadas no parto na água é que a taxa de
episiotomia é mais baixa neste tipo de parto.
Espere – então há taxas mais elevadas de períneo intacto
no parto na água? Mas não acabou de dizer que as mulheres que têm parto
na água têm maiores taxas de lacerações de 1º e 2º graus?
Aqui está o principal – as mulheres que parem dentro de água têm uma
probabilidade muito menor de sofrer episiotomia. Se não lhes fazem
episiotomia, ela pode lacerar naturalmente, ou então não lacera de todo.
No geral, há muito mais episiotomias em terra pelo que há maiores taxas de períneos intactos nos partos na água.
Trauma perineal grave
Num estudo, os investigadores descobriram que as mulheres que pariram na água têm menor risco de ter um trauma perineal grave comparadas com as que pariram no banco de partos (Dahlen et al. 2013). Eles definiram trauma perineal grave como sendo as lacerações de 2º, 3º e 4º graus.
Comparadas com partos na água, mulheres que pariram num banco de
partos estão 1,4 vezes mais sujeitas a ter um trauma perineal grave,
mesmo entrando em consideração se já pariu antes, a duração da segunda
fase do parto e se o profissional assistente é parteira ou obstetra.
Não há diferenças significativas no trauma perineal grave, entre as
mulheres que pariram na água e as que pariram em terra de joelhos,
semi-reclinadas, deitadas de lado, em pé ou de cócoras.
Necessidade de analgésicos
Em sete dos sete estudos que olharam para a relação entre o parto na
água e a necessidade de analgésicos, as mulheres com parto na água usaram menos analgésicos comparadas com as mulheres que pariram em terra.
Três equipas de investigação descobriram que menos mulheres que pariram
dentro de água não precisaram de qualquer método de alívio da dor (Otigbah et al. 2000; Geissbuehler et al. 2004; Chaichian et al. 2009; Torkamani et al. 2010), e duas equipas de investigação indicaram que as mulheres com parto na água têm taxa de epidural de 0% (Thoeni et al. 2005; Zanetti-Daellenbach et al. 2007).
Escala de dor
Dois de três investigadores descobriram que mulheres que pariram na
água têm menor escala de dor que as mulheres que pariram em terra (Torkamani et al. 2010; Mollamahmutoglu et al. 2012).
Torkamani et al. descobriram que numa escala análoga visual de 0 a
10, as mulheres que pariram dentro de água indicaram escala de dor de
3.53 comparado com 6.96 das mulheres que pariram em terra. Contudo não é
claro quando foi medido o nível de dor.
Noutro estudo, Mollamahmutoglu et al. (2012)
mediram a dor usando a mesma escala com mulheres que pariram na água e
compararam com mulheres que pariram em terra, com ou sem epidural.
Descobriram que as mulheres com parto na água tinham taxa
média de dor inferior a todas as mulheres que pariram em terra – mesmo
menor que as mulheres com epidural. As primíparas que pariram
dentro de água indicaram em média valores de 4,6, comparadas com 5,8 e
5,7 nas mulheres que pariram em terra com ou sem epidural. Mulheres
multíparas e que desta vez pariram na água indicaram valores em média de
4,7, comparadas com 5,8 e 5,6 em mulheres que pariram em terra com e
sem epidural. Contudo, não ficou claro quando os investigadores mediram
os níveis de dor. No maior estudo até à data a comparar níveis de dor entre parto na água e em terra, Eberhard et al. (2005) seguiram 3.327 mulheres que pariram na água, 2.763 mulheres com partos na cama e 1.409 mulheres que pariram num banco Maia.
Numa escala de 0-100, em que 0 é sem dor e 100 é dor forte
intolerável, o nível de dor médio desde o fim da primeira fase do TP até
ao fim da segunda é alto para todos os três grupos, variando entre
69-77. De todas as mulheres com partos na cama, cerca de 13% tiveram
epidural como analgesia e 32% das mulheres multíparas e 65% das mulheres
primíparas tiveram injeções ou supositórios com analgésico.
Um número mais pequeno de mulheres com parto na água tiveram analgésicos através de injeção (15% – 35%).
Os investigadores descobriram que entre as mulheres primíparas:
Durante o TP inicial (1-3 cm), mulheres que escolheram a cama indicaram mais dor que as que escolheram a água ou o banco Maia.
Durante a fase expulsiva, as mulheres que escolheram parto na água
indicaram níveis de dor mais elevados comparadas com as mulheres com
parto na cama.
Após o parto, as mulheres com parto na água recordavam níveis de dor inferiores que as que tinham tido parto na cama.
Não houve outras diferenças entre os grupos sobre a expectativa de
nível de dor, níveis de dor no final da primeira fase do TP ou níveis de
dor para a segunda fase quando o período expulsivo teve início.
Entre as multíparas:
Antes do TP ter início, as mulheres na cama esperavam menor dor que as mulheres na água.
Durante a primeira fase do TP (1-3 cm) as mulheres na água tiveram menor níveis de dor que as mulheres na cama.
Durante o fim da primeira fase, as mulheres na água indicaram menores níveis de dor que as da cama.
Durante a expulsão, as mulheres na água indicaram maiores níveis de dor que as mulheres da cama.
Após o parto, as mulheres na água recordavam menor nível de dor que as mulheres na cama.
Devido aos elevados níveis de dor em todos os grupos, os
investigadores concluíram que o parto na água alivia as dores de parto
“de uma forma tão fraca” como as drogas baseadas em morfina.
Por outras palavras, quando usado para alívio da dor, os efeitos do
parto na água são muito semelhantes aos efeitos da medicação para a dor
(epidural ou narcóticos). Contudo, os autores evidenciam que o parto na
água não tem o efeito secundário de diminuir o estádio de consciência da
mãe nem a supressão de respiração do recém-nascido.
Outra importante descoberta deste estudo é que as mulheres que tiveram partos em terra na cama tiveram menores níveis de dor durante a expulsão. Contudo, depois do parto, as mulheres que pariram na água recordam menos dor.
Por causa desta descoberta, os investigadores propõem que o parto na água pode
alterar as percepções das mulheres, de tal modo que após o parto elas
recordam o parto como menos doloroso do que de facto foi. Isto
pode ter uma grande influência nos sentimentos da mulher perante o seu
parto e pode explicar o porquê das investigações qualitativas
demonstrarem que geralmente as mulheres usam palavras muito positivas
para descrever os seus partos na água (Richmond 2003).
A Natalia pariu num centro de parto na Califórnia. A sua parteira
diz: “Tivemos de dar uns bafos de ar a este pequenino para o ajudar a
respirar, pelo que demoramos um pouco a perceber se era rapaz ou
rapariga. A cara da Natalia não tem preço. Esta foto está no meu sitio
www.pushmidwifery.com”. Fotografia: Victoria de Canary Lane
Duração da Primeira Fase do Trabalho de Parto (TP)
Os resultados sobre a duração da primeira fase do TP são mistos.
Três de cinco estudos mostram que as mulheres com parto na água tiveram
primeira fase do TP mais curta comparadas com as mulheres que pariram
em terra (Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Torkamani et al. 2010).
Um estudo mostrou não haver diferenças na duração média da primeira fase do TP entre partos na água e em terra (Menakaya et al. 2013).
Num outro estudo, os investigadores descobriram que a primeira fase
do TP era mais longa no parto na água – quer para primíparas quer para
multíparas (Mollamahmutoglu et al. 2012).
É difícil perceber a relação entre o parto na água e a duração da
primeira fase do TP. Isto porque geralmente os investigadores não
registam quanto tempo as mulheres passam dentro de água antes de parir.
Além disso, a maioria dos investigadores não indicam como definem o inicio e fim de cada fase do TP.
Finalmente, embora alguns investigadores separem os resultados
dependendo se a mulher é primípara ou não, outros não o fazem. Em média,
mulheres primíparas têm TP mais prolongados e isto nem sempre é
indicado nos resultados.
Duração da Segunda Fase do TP
Os resultados na duração da segunda fase são mistos. Três investigadores descobriram que as mulheres com parto na água tinham fases expulsivas mais curtas (Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Torkamani et al. 2010; Mollamahmutoglu et al. 2012), enquanto 2 investigadores não encontraram diferenças na duração da 2ª fase do TP entre partos na água e em terra (Chaichian et al. 2009; Menakaya et al. 2013).
Apenas um estudo separou primíparas de multíparas. Descobriram que em
ambos os grupos a duração média da segunda fase do TP foi mais curta
nos partos na água (Mollamahmutoglu et al. 2012).
Noutro estudo, Thoeni et al. (2005)
descobriu que a duração geral do TP era mais curta em mulheres que
usaram a água, e declararam que isto se devia principalmente pelo
decréscimo da duração média da segunda fase.
Duração da Terceira Fase do TP
Apenas quatro investigadores compararam a duração da terceira fase do TP entre partos na água e em terra, e os resultados são mistos.
Dois estudos descobriram que a terceira fase é mais curta (Chaichian et al. 2009; Mollamahmutoglu et al. 2012), um estudo indica uma terceira fase mais longa (Zanetti-Daellenbach et al. 2007) e um estudo descobriu não haver diferença na duração da terceira fase (Thoeni et al. 2005).
Estes resultados complicam-se pelo facto de alguns investigadores exigirem que as mães saiam da água para parir a placenta (Mollamahmutoglu et al. 2012); enquanto que outros estudos não indicam se a mulher saiu da água durante a terceira fase do TP.
A gestão da terceira fase do TP foi provavelmente diferente de estudo
para estudo, mas é difícil saber pois o tipo de gestão não foi
registado.
Não há estudos que comparem o parto da placenta dentro de água versus em terra.
Hemorragia Pós Parto
Em seis estudos, três descobriram uma diminuição significativa de hemorragia pós parto após parto na água (Geissbuehler et al. 2004; Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Dahlen et al. 2013), enquanto que três estudos descobriram não haver diferença em hemorragias entre parto na água e parto em terra (Otigbah et al. 2000; Thoeni et al. 2005; Menakaya et al. 2013).
Em dois de três estudos (Geissbuehler et al. 2004; Zanetti-Daellenbach et al. 2007)
os investigadores descobriram que as mulheres com parto na água tinham
níveis de hemoglobina mais elevados após o parto, quando comparados com
as mulheres que tiveram parto em terra.
Num estudo, os investigadores descobriram que as mulheres que
pariram num banco de partos em terra tinham duas vezes maior
probabilidade de hemorragia pós parto que as mulheres com parto na água,
mesmo depois de considerado peso no parto, primípara ou não, duração da
segunda fase, se o assistente era parteira ou obstetra e se a mãe teve
algum trauma perineal (Dahlen et al. 2013).
Posição de Parto Erecta
No estudo de Henderson et al. (2014),
os investigadores compararam um pequeno subgrupo de mulheres que usaram
uma piscina de parto em alguma altura durante o TP e as que não usaram a
piscina de todo porque não estava disponível ou porque não quiseram.
Descobriram que as mulheres que usaram a piscina tinham maior
probabilidade de utilizar uma posição de parto erecta e técnica de parto
sem manipulação.
Quando os investigadores olharam para todas as mulheres que de facto
pariram na água (n=1.519) descobriram que 87% das mulheres usaram uma
posição erecta durante o parto.
Parto não manipulado (“hands-off”)
“Não manipulado” [“hands-off” no original] significa que o
profissional de saúde não mexeu na cabeça do bebé quando estava a sair. O
método de parto não manipulado é frequentemente recomendado nos
protocolos clínicos para o parto na água (RCM 2006; Nutter, Shaw-Battista et al. 2014b).
No grande estudo de Henderson et al. (2014), os investigadores descobriram que 79% das mulheres que pariram na água tiveram um parto não manipulado.
Satisfação
Num estudo, 72,3% das mulheres que tiveram parto na água declararam
que com certeza voltariam a escolher este método para parir novamente,
enquanto que apenas 8,7% das mulheres que parira em terra escolheriam
voltar a parir assim (Torkamani et al. 2010).
Funcionamento do Soalho Pélvico
Apenas um estudo olhou para os efeitos sobre o soalho pélvico do parto na água. Mistrangelo et al. (2007)
efetuou ecografias e não encontrou diferenças entre o funcionamento do
soalho pélvico aos 6 meses pós-parto entre 25 primíparas que tiveram
parto na água e 27 primíparas que tiveram parto em terra.
O que é que a investigação nos indica acerca dos efeitos do parto na água nos bebés?
Mortalidade Perinatal
Os investigadores não observaram risco acrescido de mortalidade
perinatal (nado-morto ou morte de recém-nascido) com o parto na água.
Em 1999, Gilbert efetuou chamadas telefónicas para as maternidades e
pediatras no Reino unido e perguntou se sabiam de alguma morte ou
admissão na UCIN que tivesse ocorrido nas 48 horas após TP ou
parto dentro de água. Dos 4.032 partos na água, houve 5 mortes
perinatais, nenhuma das quais relacionadas com imersão em água. Dois
bebés eram nados-mortos, um depois de uma gravidez escondida e parto em
casa não assistido e sem cuidados pré-natais. O outro nado-morto foi
diagnosticado antes da mãe entrar na água. Todos as três mortes de
recém-nascido foram devido a condições patológicas: herpes, hemorragia
intracranial e hipoplasia pulmonar.
No geral, a taxa de mortalidade perinatal para o parto na água foi de
1,2 mortes por 1.000 partos (intervalo de confiança de 0,4-2,9). Quando
os investigadores compararam estes valores com as estatísticas
regionais para partos de baixo risco, espontâneos, normais vaginais de
termo, verificaram que não há aumento no risco de morte perinatal com o
parto na água.
Dos 4.032 partos na água, houve duas admissões na UCIN por aspiração
de água que foram atribuídos possivelmente ao parto na água. um dos
casos provocou danos cerebrais.
A informação do estudo de Gilbert et al. (1999) deve ser verificada com precaução porque é um estudo retrospectivo.
Apesar desta grande limitação, e embora tenha havido apenas um caso
de danos cerebrais possivelmente devidos ao parto na água em mais de
4.000 partos, este artigo tem sido utilizado pelos profissionais
anti-parto na água para mostrar que este tipo de parto não é seguro (Pinette et al. 2004). Quando
a Josey e o marido engravidaram do segundo filho, decidiram
encontrar-se com uma parteira de parto domiciliar que já tinha mais de
25 anos de experiência em partos – muitos deles dentro de água. Nenhum
hospital local autorizava o parto na água. Às 40s+4d, a Josey pariu o
seu filho na água depois de um TP rápido de 4 horas. Com 4.300kg era
quase meio kg mais pesado que a irmã mais velha, mas a Josey afirmou
“Graças à água e à assistência da parteira, foi uma experiencia de parto
muito mais fácil e alegre.” Fotografia: Redhawk Photography
Outros investigadores (alguns com estudos prospectivos fortes) não registaram qualquer morte de recém-nascido relacionada com o parto na água. Saliento a negrito os dois estudos com alta qualidade e que tiveram grande número de amostragem .
Em 1995, Alderice et al. indicou que nos mais de 12.000 partos nos
quais as mulheres fizeram TP ou pariram dentro de água, houve um total
de 12 mortes de recém-nascido. Nenhuma destas mortes foi atribuída à
imersão. Este estudo é limitado devido aos questionários retrospectivos e
à sua inabilidade de separar os resultados entre parto na água e TP na
água.
Num estudo de caso controle em 2000, Otigbah não registou nenhuma morte de recém-nascido após 301 partos na água.
Num estudo prospectivo de 2001, Burns et al. registaram que dos
1.327 partos na água, um recém-nascido morreu dias depois do parto
devido a vasa prévia.
Num estudo prospectivo de 2012, Burns et al. não registaram nenhuma morte de recém-nascido em 5.192 partos na água.
Num estudo prospectivo de 2012, Mollamahmutoglu et al. não registaram nenhuma morte de recém-nascido em 207 partos na água.
Num estudo retrospectivo de 2013, Dahlen et al. registou um
nado-morto em 819 partos na água comparado com 4 nados-mortos em 5.220
partos em terra. Devido à limitação dos dados, os autores não
conseguiram comentar sobre as causas das mortes.
Num estudo prospectivo de 2014, Henderson et al não registou nenhuma morte de recém-nascido em 1.519 partos na água.
Valor de Apgar ao Primeiro Minuto
Os resultados do valor de Apgar ao primeiro minuto são mistos. Dos
seis estudos que compararam os valores de Apgar ao primeiro minuto entre
partos na água e partos em terra, quatro estudos não encontraram
diferença dos valores de Apgar (Otigbah et al. 2000; Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Pagano et al. 2010),
e dois estudos encontraram uma maior percentagem de bebés nascidos na
água com Apgar<7 no primeiro minuto quando comparados com partos em
terra (Mollamahmutoglu et al. 2012; Menakaya et al. 2013). Contudo, ambos estes estudos não encontraram diferenças aos cinco minutos (ver abaixo).
Quando a Josey e o marido engravidaram do segundo filho, decidiram
encontrar-se com uma parteira de parto domiciliar que já tinha mais de
25 anos de experiência em partos – muitos deles dentro de água. Nenhum
hospital local autorizava o parto na água. Às 40s+4d, a Josey pariu o
seu filho na água depois de um TP rápido de 4 horas. Com 4.300kg era
quase meio kg mais pesado que a irmã mais velha, mas a Josey afirmou
“Graças à água e à assistência da parteira, foi uma experiencia de parto
muito mais fácil e alegre.” Fotografia: Redhawk Photography
Valor de Apgar aos Cinco Minutos
No que diz respeito ao valor de Apgar aos cinco minutos, os
investigadores descobriram que, em média, bebés nascidos na água
aparentam estar tão bem ou melhor que os nascidos em terra. Dos oito estudos, cinco investigadores ou não encontraram diferença na média do valor de Apgar ou não encontraram diferença na percentagem de bebés com valores ≤7 aos cinco minutos (Otigbah et al. 2000; Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Mollamahmutoglu et al. 2012; Menakaya et al. 2013).
Os outros três investigadores descobriram que os bebés nascidos na água tinham valores de Apgar melhores aos cinco minutos.
Um estudo de investigação descobriu uma menor percentagem de bebés
de parto na água com valores <7 aos cinco minutos comparados com
bebés nascidos em terra (Geissbuehler et al. 2004).
Num estudo que comparou o parto na água com parto em terra em diferentes posições, Dahlen et al (2013)
descobriram que os bebés nascidos em posições semi-deitadas em terra
tinham 4,6 vezes maior probabilidade de ter valores de Apgar ≤7 aos
cinco minutos que bebés nascidos na água, mesmo depois de controlar o
peso à nascença, se a mãe era ou não primípara, segunda fase do TP > 2
horas e o tipo de profissional de saúde assistente.
Pagano et al. (2010) descobriram que bebés nascidos na água têm
níveis médios de Apgar superiores, no entanto estes valores são muito
elevados nos dois grupos (9.95 vs 9.84)
Num outro estudo que não incluiu um grupo de comparação de parto em terra, Henderson et al. (2014) descobriu que apenas um bebé em 1.519 bebés nascidos na água teve Apgar <7 aos cinco minutos.
Dificuldades Respiratórias
Num estudo de 8.924 mulheres de baixo risco que foram assistidas por
parteiras e que usaram a água durante o TP ou no parto, a prevalência de
dificuldades respiratórias temporárias foi de 31 bebés em 5.192 partos
na água (0,6%) e 35 bebés em 3.732 partos em terra (0,9%). Os autores
não indicam se esta diferença é estatisticamente significativa (Burns et al. 2012).
Traumatismos no Parto
Apenas um estudo comparou o número de traumatismos no parto entre grupos. Geissbuehler et al (2004) indicam que há menores traumatismos no parto utilizando a água quando comparado com o grupo de parto em terra (1,3% vs 2,8%).
UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neo-natais) ou Admissão na Enfermaria de Cuidados Especiais
Cinco estudos compararam as taxas de admissões nas UCIN ou na enfermaria de cuidados especiais entre partos na água e em terra. Dois estudos registaram menor taxa de admissão no grupo do parto na água (Burns 2001; Geissbuehler et al. 2004), dois estudos registaram não haver diferença na taxa de admissão (Otigbah et al. 2000; Mollamahmutoglu et al. 2012) e um estudo descobriu aumento de admissão de bebés nascidos na água na Enfermaria de cuidados especiais (Menakaya et al. 2013).
No grande estudo prospectivo para examinar este tópico (3.617 partos na água e 5.910 partos em terra), Geissbuehler et al. (2004) descobriram menor número de admissões na UCIN no grupo do parto na água (0,2% vs 0,6%) comparando com o parto em terra.
Por contraste, Menakaya et al. registam taxas mais elevadas de
admissão à enfermaria de cuidados especiais nos bebés que nasceram
dentro de água. O estudo de Menakaya foi um pequeno estudo retrospectivo
de auditoria (n=219 partos na água) que é considerado geralmente como
evidência de mais baixo nível.
Na sua pesquisa, Menakaya observou que 8 bebés nascidos na água foram
admitidos na enfermaria, enquanto apenas 1 bebé nascido em terra foi
admitido na enfermaria. As razões da admissão para os bebés nascidos
dentro de água incluem quatro admissões para observação (dois
necessitaram de ressuscitação à nascença, um teve um evento de apneia e
baixo peso à nascença, e outro com distócia de ombros ligeira), uma
admissão por aspiração de mecónio e três admissões por dificuldade em
alimentar-se. As admissões na enfermaria por dificuldades na alimentação
foram comuns durante partes do período de estudo de 2000-2009 Ocorreram dois grandes estudos prospectivos sobre o paro na
água sem terem grupos de comparação, mas onde registaram a taxa de
admissão na UCIN dos bebés nascidos dentro de água:
Henderson et al. (2014) registaram uma taxa de admissão à UCIN de 0.5% em 1.519 partos na água.
Burns et al. (2012)
registaram uma taxa de admissão na UCIN de 1,6% em 5.192 partos na água
e em 3.732 partos de mulheres que fizeram o TP na água e pariram em
terra.
pH do cordão umbilical
O pH mais elevado do sangue do cordão umbilical é considerado melhor.
Dos três estudos que comparam níveis de pH do sangue do cordão
umbilical entre partos na água e em terra:
Geissbuehler et al. (2004) registou pH arterial mais elevado no grupo do parto na água quando comparado com parto em terra (7,29 vs 7,27).
Zanetti-Daellenbach et al. (2007) não registou diferença entre o pH arterial, mas em média um pH venoso mais elevado no grupo de parto na água que em ambos os grupos de comparação de parto em terra (7.38 vs. 7.34 e 7.35).
Thoeni et al. (2005)não registou diferença entre o pH arterial do cordão entre parto na água e em terra.
Oito estudos registaram taxas de infecção após parto na água.
Porque as infecções em recém-nascidos são uma ocorrência rara, uma
amostragem grande seria necessária para ver a diferença entre infecções
depois de parto na água e em terra. Devido a isto, sublinhei a negrito
os estudos com amostras.
Num estudo com 3.617 partos na água, Geissbuehler et al. (2004) registaram menor número total de infecções nos recém nascidos depois de partos na água
comparados com partos em terra (0.6% vs 1.0%). Houve também menos
infecções oculares no grupo do parto na água quando comparados com o
parto em terra (0.4% vs. 0.8%). Não houve diferença nas taxas de
infecção materna entre parto na água ou em terra.
Thoeni et al. (2005)
examinaram as bactérias na água em dois períodos de tempo durante 250
partos na água: 1) depois do enchimento inicial da piscina e 2) depois
do parto em si. Depois da piscina cheia, as taxas de contaminação foram
de 3% coliformes, 2% Escherichia coli, 3% Pseudomonas aeruginosa, 2% Enterocuccs sp. e 12% Legionella pneumophilia. Depois do parto, as taxas de contaminação são de 82% coliformes, 8% Staphylococcus aureus, 64% Escherichia coli, 12% Pseudomonas e 11% fungos.
Depois de descobrir estes níveis elevados de contaminação, os
hospitais instalaram filtros de água. Os autores dizem que isto levou a
uma diminuição da contaminação com Pseudomonas e Legionella
nas amostras colhidas imediatamente após o enchimento da piscina.
Contudo, não registaram os níveis exatos de contaminação presentes após a
instalação dos filtros.
As elevadas taxas de contaminação da água não se traduzem num aumento
de infecções no recém-nascido. Apelas 1,22% dos bebés nascidos na água
mostraram sinais clínicos de infecção (“cor suspeita da pele,
taquipneia”) comparado com 2,63% de bebés nascidos em terra – isto não é
uma diferença estatisticamente significativa. Níveis da proteína
C-reativa (um indicador de inflamação, que pode ser possivelmente
associado com infecção) foram menores no grupo do parto na água (1.5 vs.
2.82).
Num estudo com 301 partos na água e 301 partos em terra, Otigbah et al. (2000) indicam que não houve infeções nos bebés de qualquer dos grupos.
Num estudo com 8.924 mulheres que fizeram o TP ou pariram na água, Burns et al. (2012) registaram que 0,39% dos recém nascidos tiveram febre ou suspeitou-se de infeção. Contudo, os testes laboratoriais não indicaram qualquer sinal de infecção em nenhum dos bebés.
Num estudo com 89 mulheres que pariram dentro de água, 133 mulheres
que tiveram TP dentro de água e pariram em terra e 146 mulheres que não
tiveram qualquer imersão, Zanetti –Daulenbach et al. (2007) registaram cinco casos de conjuntivite no grupo do parto na água, 3 casos na imersão em água e um caso no grupo sem imersão.
Mollamahmutoglu et al. (2012) registaram que não houve infecção nos bebés dos 207 partos na água.
Das 1.519 mulheres que tiveram parto na água, Henderson et al. (2014) registaram que três bebés foram admitidos à UCIN com febre ou com suspeita de infeção a seguir ao parto na água. Nenhum destes bebés precisou de assistência respiratória e em nenhum se confirmou o diagnóstico de infeção.
Fehervary et al. (2004)
comparou a taxa de infecção entre 100 partos em terra e 100 partos na
água e não encontrou diferenças na taxa de infecção entre os grupos nos
primeiros 6 meses após o parto.
Streptococus do Grupo B
Há evidências limitadas da relação entre o parto na água e o Streptococus do grupo B. Num estudo (Zanetti-Dallenbach et al., 2007),
os investigadores amostraram esfregaços nasais e da garganta de 139
bebés que nasceram dentro de água e 84 bebés que nasceram em terra
depois das mães passarem o TP na água. As amostras foram colheitas
dentro da primeira hora de pós parto, antes de limpar ou amamentar o
bebé. Também recolheram amostras da água da piscina após cada parto.
Cerca de um quarto das mães tinha o Streptococus do Grupo B
positivo, de acordo com os esfregaços feitos após as 37 semanas. O
artigo não indica se as mulheres levaram antibióticos, mas ao contactar
os investigadores, foi me indicado que deram antibióticos intraparto a todas as mulheres para o SGB.
As taxas de contaminação da água por SGB são mais altas nas piscinas onde ocorreram partos.
Contudo, os recém nascidos que nasceram na água estavam menos frequentemente colonizados por SGB que os nascidos em terra.
Amostras nasais positivas para SGB foram de 11,7% para o grupo do parto
em terra comparadas com 1,5% do grupo do parto na água. As amostras da
garganta estavam positivas para dos bebés paridos em terra comparados
com 1,4% do grupo do parto na água.
Embora este estudo pareça apoiar a teoria que o parto na água “lava” as bactérias nocivas do SGB, apenas um pequeno grupo de mulheres eram na verdade portadoras de SGB neste estudo. E estas mulheres tiveram antibióticos para o Streptococus do grupo B. Além disso, há a diferença entre colonização e infeção por SGB.
Pensa-se que a infecção por SGB ocorre antes do parto, quando as bactérias viajam para o útero após o rompimento das membranas.
Precisaríamos de um estudo bastante grande para ver se há diferenças
nas taxas de infecção por SGB em bebés nascidos na água e os nascidos em
terra. Este grupo pequeno não nos dá essa informação.
Ver o artigo para saber mais acerca da diferença entre colonização e infecção. Nota: Há outro estudo publicado em 2006 por
Zanetti-Dallenbach et al sobre o SGB e o parto na água. Contudo, o autor
confirmou-me por email que os artigos de 2006 e 2007 registam
informação do mesmo grupo de mulheres, com a diferença que o de 2007 tem
uma amostragem superior. Por isso é que apenas revi o artigo de 2007.
Microbioma do recém-nascido
Em 2004, Fehervary et al. colheram amostras do palato e orelhas de
recém-nascidos imediatamente após o parto na água (34 bebés), parto em
terra com piscina usada no TP (26 bebés) e parto em terra, sem recorrer à
banheira (34 bebés). Não encontraram diferenças significativas na flora de bactérias entre os 3 grupos. As bactérias mais comuns nos três grupos são Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli e Enterococci.
Dois tipos de bactérias foram observados apenas após o parto em terra: Corynebacteriaceae (cinco esfregaços no grupo de parto em terra) e Proteus spp
(dois esfregaços no grupo de parto em terra). Raramente, dois grupos
foram vistos apenas depois de parto na água ou TP com imersão: Streptococcus Grupo B (um esfregaço no grupo de parto na água; 1 esfregaço no grupo do parto em terra com piscina durante o TP) e Citrobacter spp (1 esfregaço no grupo de parto na água).
Rasgos no Cordão Umbilical
Em 2014, Schafer reviu todos os casos publicados de rasgão no cordão umbilical em partos na água. Um rasgo no cordão umbilical também é chamado “quebra”, “ruptura” ou “avulsão”. Baseados nesta revisão, estimaram que há cerca de 3,1 quebras do cordão em cada 1.000 partos na água.
De todos os casos de rasgão de cordão umbilical, cerca de 23%
conduziram a admissão na UCIN, 13% levaram à necessidade de transfusão
de sangue no recém-nascido e não houve registos de qualquer efeito
negativo a longo prazo.
Burns et al. (2012)
registaram 20 quebras de cordão umbilical num estudo com 5.192 partos
na água e 3.732 partos em terra onde as mulheres deixaram a banheira
antes de parir. Dezoito destas quebras ocorreram durante o parto na
água.
Infelizmente não conseguimos comparar o número geral de quebras de
cordão umbilical entre os partos na água e partos em terra porque além
do estudo de Burns et al. (2012), não há estudos que descrevam a frequência das quebras do cordão ocorridas em terra.
Reanimação do Recém Nascido
Nenhum estudo comparou a taxa de reanimação de recém nascido entre o parto na água e em terra.
OUTRAS PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE O PARTO NA ÁGUA.
Porque é que as mulheres saem da banheira/piscina?
Num grande estudo italiano, 36% das mulheres que entraram na piscina saíram dela antes do parto, principalmente por sua própria iniciativa, por TP lento ou por anomalias no ritmo cardíaco fetal (Henderson et al. 2014).
Num outro grande estudo prospectivo que decorreu no Reino Unido, 42%
das mulheres que entraram na piscina saíram antes do parto, principalmente devido à necessidade de analgésicos adicionais ou TP lento(Burns et al. 2012).
Entrar dentro de água demasiado cedo faz desacelerar o TP?
Há registos de mulheres que deixam a piscina por TP lento (Henderson et al. 2014; Burns et al. 2012). Contudo, não há nenhuma regra fixa quanto à melhor altura para entrar na piscina.
O limite dos 4 cm parece ser um protocolo arbitrário
que não tem evidências que o apoiem ainda. Na pesquisa que temos sobre o
parto na água, alguns investigadores disseram às mulheres para não
entrar dentro de água até que estivesse em “TP ativo”, mas a maioria não
descrevem quando é que as mulheres foram encorajadas a entrar na
piscina.
Não faz mal o parceiro entrar dentro da piscina?
Não já investigação científica sobre esta prática.
Qual é a melhor temperatura da água para as diferentes fases do TP?
A
Erin pariu a sua 4ª filha na água. Foi o seu 3º parto domiciliar e o 3º
parto na água após cesariana. Foto: Brenda Brooks of BB & Co
Photography.
A única evidência que temos para este assunto vem de um pequeno
estudo. Neste estudo os investigadores descobriram maior ritmo cardíaco
fetal em várias mulheres cuja água estaria quente demais. A maioria das
mulheres saíram da água, e o ritmo cardíaco fetal diminuiu. Uma mulher
ficou dentro de água e quando a temperatura baixou, o ritmo cardíaco
fetal diminuiu para o normal. (Rosevear et al. 1993)
Pensa-se que a temperatura da água não deve descer demasiado durante
o nascimento porque, baseado em estudos com ovelhas, pensa-se que as
temperaturas mais frias podem estimular o bebé a respirar antes que a
sua face esteja em contacto com o ar (Johnson 1996).
Com base nesta informação, e consistente com outros padrões s
publicados, os investigadores recomendam que a temperatura da água seja
mantida nunca acima dos 37,5ºC e pode ser ajustada conforme as
preferências da mãe entre os 37 – 37,5ºC (Nutter et al. 2014b).
Há alguma investigação sobre o parto na água para Parto Vaginal após Cesariana (PVAC)?
Existe pouca ou nenhuma. A maioria dos estudos sobre
parto na água excluíram mulheres com cesarianas anteriores. Encontrei
um estudo que registou que algumas mulheres da amostra tiveram PVAC
dentro de água (Thoeni et al. 2005). Contudo, os números são demasiado pequenos para tirar conclusões porque apenas 60 mulheres tiveram PVAC na água.
Em 2006, Garland publicou uma pequena auditoria clinica na MIDIRS Midwifery Digest sobre
o uso da imersão na água durante o PVAC (Garland 2006). Das 92 mulheres
que estavam interessadas num PVAC dentro de água, apenas 15 mulheres
fizeram TP na água e apenas 4 de facto pariram dentro de água. Este
estudo é demasiado pequeno para nos dar informações acerca da segurança
de um PVAC dentro de água.
Porque é que o risco da quebra do cordão é maior no parto na água que no parto em terra?
Os investigadores lançam a hipótese de que poderá haver um
aumento no risco do cordão rasgar por rapidez desnecessária ou tracção
forçada no cordão quando o bebé é elevado à superfície da água.
É importante que as parteiras aprendam como evitar o excesso de tração
enquanto ajudam calmamente a mãe a guiar a cabeça do bebé para a
superfície da água.
Na sua revisão da literatura sobre quebras do cordão umbilical, Schafer (2014)
sugere que há um forte instinto para trazer o bebé para fora de água
imediatamente após o parto, o que pode levar a uma tração rápida do
cordão sem que o comprimento e tensão deste sejam verificados. Os cordões podem rasgar se forem demasiado curtos para chegar à superfície da água ou se demasiada tração for colocada no cordão.
Se o cordão rasgar e for imediatamente diagnosticado, o profissional de
saúde pode clampear o cordão do recém nascido imediatamente para evitar
o excesso de perda de sangue.
No reduzido número de cordões partidos que foram documentados nos
partos na água, há uma ligação entre o reconhecimento tardio do cordão
partido com hemorragia no recém nascido. Se a água ficar muito turva
após o parto, a visibilidade limitada pode impedir que a parteira veja
que o recém nascido está a ter uma hemorragia do cordão que partiu.
Nestes casos, um atraso no diagnóstico leva a excesso de sangue perdido.
Recomendações para evitar o rasgar do cordão incluem:
Reconhecer o potencial para o rasgar do cordão umbilical
Familiarizar-se com os sinais de que ocorreu.
Diminuir ligeiramente o nível da água antes do parto para que o bebé
não tenha de percorrer um longo caminho para sair de água, mas manter
num nível tal para que todo o corpo do bebé possa nascer dentro de água.
Manter grampos para o cordão disponíveis de imediato se o cordão rasgar.
Ajudar a mãe a trazer o bebé à superfície de forma calma e suave.
Evitar tração excessiva no cordão.
Examinar o recém nascido e seu cordão de forma exaustiva logo após o parto.
Quais são as contraindicações para parto na água? Só as mulheres
com gravidez de baixo risco podem beneficiar deste método ou certos
grupos de alto risco também beneficiariam?
Não há quase investigação para guiar as contraindicações – o que se segue é baseado em opinião clínica.
Contudo, a maioria dos estudos usam protocolos do tipo “37 semanas ou
mais, cefálico, singular com nenhuma intercorrência médica” e têm tido
muito bons resultados para mães e bebés.
Listo abaixo alguns critérios mais comuns que são por vezes usados
para excluir uma mulher do parto na água, juntamente com a pouca
evidência que temos:
A Caryn diz: “O meu marido assistiu o parto do nosso bebé em casa,
numa piscina no nosso quarto. A nossa parteira não chegou a tempo porque
ele nasceu demasiado depressa! Ela chegou literalmente 60 segundos
depois dele nascer. Ele tinha virado para pélvico de pés entre a 39ª e a
40ª semana”. Foto: Debra Hawkins em www.joyousmomentsphoto.com.
Hipertensão – já foi demonstrado que a água pode baixar a pressão
arterial, e a imersão em água durante o TP pode ajudar a baixar a
pressão arterial elevada (Cluett and Burns 2009). Contudo nenhum investigador verificou se é seguro para a mulher com pressão arterial elevada ter um parto na água.
Mecónio – tipicamente, as mulheres cujo liquido amniótico surge
manchado de mecónio têm de deixar a piscina antes do parto. Pensa-se que
o mecónio pode indicar stress no bebé que terá maior probabilidade de
respirar debaixo de água (Nutter et al. 2014b).
Índice de massa corporal elevado – não há de facto qualquer
evidência para este tópico. Impedir que uma mulher mais pesada tenha um
parto na água surge da opinião clínica de que será mais difícil ajudar
uma mãe pesada a sair da banheira se houver uma emergência. No entanto, é
importante lembrar que estas mães não estão medicadas e poderão
sentir-se mais leves devido à flutuabilidade dentro de água. Estes dois
factores podem ajudar a que ela se consiga movimentar melhor e mude de
posição mais facilmente (Stark et al. 2008).
Gémeos e pélvicos – estas populações são tipicamente excluídas dos
estudos sobre o parto na água, pelo que há poucos dados sobre a
segurança do parto na água para gémeos ou bebés pélvicos. Em 1995, um
médico propôs que os bebés pélvicos sejam indicados para parto na água
porque a água ajuda a prevenir a vontade prematura de fazer força, além
de que pode haver uma maior proteção ao cordão e uma melhor manutenção
da temperatura através da água (Ponette 1995). No entanto esta teoria
ainda não foi testada cientificamente.
Ruptura de membranas – mulheres com ruptura de membranas têm geralmente sido incluídas em estudos sobre parto na água (ver Bibliografia Anotada), pelo que as evidências que temos sobre a segurança do parto na água se apliquem nestes casos também.
Diabetes gestacional e diabetes – pode ser pedido a estas mulheres
para sair da piscina porque há um maior risco de distócia de ombros (os
ombros ficarem presos na sínfise púbica) se houve fraco controlo dos
açucares no sangue, aumento de peso excessivo ou se se antecipa um bebé
grande (macrossomia). Contudo, não há evidências que mostrem se não é
mais fácil gerir uma distócia de ombros dentro de água ou em terra.
Alguns protocolos das parteiras recomendam que as mães podem mudar de
posição dentro da piscina se ocorrer a distócia. Se isso não resolver de
imediato o problema, a mãe é convidada a sair para que a parteira possa
executar manobras adicionais (Nutter et al. 2014b).
Qual é o impacto do parto na água na auto regulação da temperatura do recém nascido?
Não encontrei nenhuma evidência sobre a regulação da temperatura do bebé depois de um parto na água.
A água da torneira é diferente do líquido amniótico e como é que isto afecta o bebé?
A água da torneira é mais hipotónica que o líquido amniótico. Devido a
isto, há muitos anos atrás, um médico propôs que se deveria juntar sal à
água da piscina, mas isto nunca se colocou em prática (Barry 1995).
Há alguma evidência de que uma mulher pode desenvolver um embolismo de água se a placenta nasce dentro de água?
Em 1983 o Dr. Odent mencionou isto como um risco hipotético, mas nenhum caso foi alguma vez descrito.
Qual é a experiência da mãe com um parto na água?
Até agora houve dois estudos qualitativos publicados sobre as experiências das mães com os partos na água.
Em estudos qualitativos, conseguimos informação rica e
descritiva acerca de uma experiência com base em entrevistas profundas
com mulheres que experimentaram o parto na água. A informação de estudos
qualitativos não é tão generalizadora (devido à pequena amostragem),
mas dá-nos uma visão profunda do que as mulheres experimentaram.
Porque é que as mulheres procuram um parto na água?
Num estudo qualitativo que decorreu em Taiwan durante 2001-2002, os
investigadores entrevistaram nove mulheres que tiveram parto na água
para melhor compreender o porquê desta escolha (Wu and Chung 2003). As mulheres neste estudo escolheram o parto na água por três razões principais:
A
Dawn é enfermeira num centro de parto onde ela pariu a sua segunda
filha dentro de água. Ela é também uma estudante na Frontier Nursing
University onde estuda para ser parteira. A Dawn diz: “Esta é a minha
filha posterior de 3,600kg que eu pari em 19 minutos. As dores nas
costas foram terríveis e tenho a certeza de que teria desistido e pedido
uma transferência para o hospital se não fosse pela água.”.
As mulheres não estavam satisfeitas com outras opções de TP e parto. Elas
discordavam com as taxas elevadas de cesarianas e outras intervenções
que ocorriam no hospital, tal como uso de fórceps, episiotomia,
medicação IV, não lhes ser permitido comer ou beber e proibição de parto
vaginal após cesariana. As mulheres disseram que o atual sistema de
cuidado materno as trata como objetos numa linha de montagem. As que já
tinham tido um bebé descreveram experiências de parto negativas, onde os
sentimentos e emoções foram negligenciados, onde foram ameaçadas,
tiveram cesarianas dolorosas ou faltou no geral cuidados atualizados e
baseados em evidências.
As mulheres queriam demonstrar a sua autonomia.
Elas escolheram o método do parto que estava fora do sistema.
Descreveram a vontade de escapar ao “domínio” dos obstetras nos
hospitais. As mulheres investigaram cuidados por parteiras e o parto na
água e sentiam-se confiantes com estas opções; elas confiavam nas suas
parteiras.
O apoio familiar, especialmente do marido, era muito importante à medida que as mulheres planeavam o seu parto na água.
Contudo, alguns familiares tinham preocupações e objecções, e queriam
que as mães parissem em hospitais. As mães usaram várias estratégias
para atingir o seu objectivo de ter um parto na água com ou sem o apoio
familiar. Explicaram os benefícios do parto na água aos seus familiares,
e forneceram materiais escritos sobre o parto na água aos seus maridos.
Algumas mães esconderam a sua decisão de familiares e só lhes falaram
no parto na água após o nascimento do bebé.
A Dawn é enfermeira num centro de parto onde ela pariu a sua segunda
filha dentro de água. Ela é também uma estudante na Frontier Nursing
University onde estuda para ser parteira. A Dawn diz: “Esta é a minha
filha posterior de 3,600kg que eu pari em 19 minutos. As dores nas
costas foram terríveis e tenho a certeza de que teria desistido e pedido
uma transferência para o hospital se não fosse pela água.”. O que é que as mulheres gostam no parto na água?
Em 2003, um investigador desenvolveu um estudo com 170 mulheres que
tinham experimentado parto na água em cinco centros de parto na
Inglaterra durante os anos de 1993-1994. Foi pedido às mães para
responder a um inquérito escrito acerca da sua experiência com o parto
na água (Richmond 2003).
Nas suas respostas, a maioria das mulheres descreveram o parto na água como “muito aprazível” ou “muito agradável e gratificante”.
As mães escolheram o parto na água porque lhes pareceu natural,
pensaram que poderia ser menos doloroso para elas e proporcionar um
parto mais suave para o bebé, e porque queriam um parto livre de drogas.
Outros métodos de alivio da dor utilizados para além da água foram
aparelhos TENS [Transcutaneous electrical nerve stimulation –
neuro-estimulação elétrica transcutânea] (20%) e gás [Entonox] (88%). A
maioria das mulheres (81%) sentiam-se favoráveis a ter outro bebé dentro
de água no futuro.
Quando lhes pediram para descrever os seus sentimentos quando entraram na piscina, as mães usaram palavras como relaxamento, alívio, alívio da dor, calor, flutuabilidade, controlo e calmante.
Quando às mulheres que já tinham parido antes lhes foi pedido para
descrever como o parto na água foi diferente dos partos anteriores, as
mães disseram que sentiram que estavam em maior controlo, que o parto na
água era mais relaxante e menos doloroso. Sentiram-se mais calmas, mais
satisfeitas e muitas mães sentiram que o TP foi mais rápido dentro de
água.
Quando lhes perguntaram quais os factores que lhes fez preferir o
parto na água sobre os outros métodos de parto, as mães frequentemente
disseram que era: mais relaxante, acalmou-me, a
flutuabilidade/sensação de não ter peso ajudou, apaziguador, sentir-se
apoiada pela água, possibilidade de pegar imediatamente no bebé, ninguém
retirar o bebé e sentir-se mais no controlo.
Apenas uma minoria das mulheres não gostaram do parto na água. Um
pequeno número disse que ficaram com frio ou o bebé ficou com frio, que
as contrações desapareceram ou que o pessoal não apoiava.
Dois terços das mães comentaram que a experiência mais memorável do parto na água foi que ninguém lhes tinha tirado o bebé imediatamente após o parto.
Porque é que o recém nascido não respira debaixo de água no parto na água?
A maioria do nosso conhecimento sobre este tópico aponta para um
artigo de pesquisa clássico publicado em 1996 por Johnson, um
fisiologista (Johnson 1996).
Johnson explicou que, antes do parto, os movimentos respiratórios
fetais ocorrem cerca de 40% do tempo. Estes movimentos respiratórios
fetais são bloqueados na laringe (caixa vocal) durante a inspiração, e
parcialmente bloqueados durante a expiração. Normalmente, pouco líquido
amniótico é de facto inalado por estes movimentos respiratórios enquanto
o bebé ainda está in utero.
Cerca de 48 horas antes do TP espontâneo, estes movimentos de
respiração fetal de “treino” param – possivelmente porque há um aumento
dos níveis de uma hormona chamada prostaglandina E2 (Johnson 1996).
Os investigadores propuseram que há vários factores que, quando um bebé nasce dentro de água, o impedem de inalar água:
Receptores na pele da cara que ainda não entraram em contacto com o ar (Harned et al. 1970)
Níveis de oxigénio realmente baixos (levam a respirar sofregamente) ou níveis elevados de dióxido de carbono (Johnson 1996)
Drogas do tipo morfina podem descontrolar o reflexo de mergulho,
pelo que é recomendado que os narcóticos sejam evitados por um mínimo de
quatro horas antes do parto (Nutter et al. 2014b)
Pensa-se que a prevenção da respiração no parto na água pode ser
ultrapassado por alterações de saúde crónicas, níveis baixos severos de
oxigénio e drogas como as que são usadas para induzir o parto (Johnson 1996).
Quais são os eventos raros e adversos que já se registaram?
Um número de investigadores publicaram relatos de caso
individuais de bebés que tiveram efeitos adversos possivelmente causados
pelo parto na água – e em alguns casos causados definitivamente por um
parto na água.
Os autores da declaração de opinião da ACOG/AAP fundamentaram-se
quase exclusivamente nestes relatórios de caso para descrever o parto na
água como perigoso. Contudo, os relatórios de caso são considerados o
nível mais baixo da evidência científica.
É importante compreender que há diferentes tipos de relatórios de
caso. Quando um relatório de caso é publicado formalmente como um artigo
revisto por pares num jornal científico, é chamado caso de estudo.
Os casos de estudo são usados para descrever eventos raros com grande
detalhe para que outros profissionais de saúde possam aprender através
deste evento raro. Contudo, alguns relatórios de caso são publicados
como cartas ao editor. Estas breves cartas ao editor
não são revistas por pares. Geralmente faltam detalhes suficientes para
ter uma ideia clara do que realmente aconteceu.
Os prós dos relatórios de caso é que permitem que
uma visão profunda (ou breve, no caso das cartas para o editor) de um
evento raro. Podemos retirar lições dos casos de estudo que nos ajudem a
melhorar a qualidade do cuidado para mães e crianças no futuro.
O maior contra dos relatórios de caso é que não é um
estudo de investigação sistemático. Os relatórios de caso são
considerados um dos mais baixos níveis de evidência científica. Quando
os investigadores publicam um relatório de caso de um evento raro, não
já forma de nós sabermos qual a frequência da ocorrência do evento.
Alguns relatórios de caso sobre parto na água estão também incompletos –
mal dão informação acerca do tipo de cuidado que a mãe e o bebé
receberam durante o parto na água.
Para ajudar a compreender os relatórios de caso que foram publicados
sobre o parto na água, elaborei a tabela abaixo com as suas descobertas.
Para saber mais acerca destes relatórios de caso, pode descarregar a
bibliografia anotada aqui: https://gum.co/waterbirth.
Tabela 2: Relatórios de Caso no parto na água
Primeiro autor
Tipo de Relatório
País
Caso
Nota
Rosser (1994)
Artigo de Revista
Áustria, Inglaterra, e Suécia
Este artigo de revista descreve 3 histórias acerca de
afogamento de recém nascidos: 1) Os pais não tiraram o bebé da água até
terem passado 25 minutos após o parto, 2) Um bebé nasceu em terra mas
dentro das membranas e os pais não souberam como retirar a criança das
membranas, 3) Um bebé morreu depois de um parto em casa assistido por
duas parteiras experientes. O bebé não mostrou sinais de dificuldades
durante o TP, mas nasceu com sinais de dificuldades respiratórias sérias
e efetuou movimentos de respiração à medida que veio para a superfície.
Este artigo não é um relatório de caso mas uma história
de revista. Foi citado como relatório de caso de dois afogamentos em
parto na águano artigo de revisão de literatura de Pinette et al. 2004
chamado Riscos do parto subaquático, publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology.
Rawal (1994)
Relatório de caso
Inglaterra
Um bebé masculino nasceu de termo e desenvolveu uma infecção no sangue com Pseudomonas
depois de um parto na água hospitalar. Foram colhidas amostras da
piscina de parto, das tubagens de entrada de água, torneiras, tubagem de
saída de água e o revestimento descartável da piscina e em todas elas
as culturas desenvolveram Pseudomonas. Passados dois dias o
bebé recuperou na totalidade e foi-lhe dada alta depois de ter sido
tratado durante 7 dias com antibiótico.
Os autores declaram que deveria haver testes
laboratoriais regulares das piscinas de parto e politicas apertadas de
controlo de infeções. Antes deste caso, a política hospitalar era lavar
todo o sistema com água quente e detergente e deixar secar antes de cada
parto. Agora, fazem culturas da tubagem após cada parto, mantêm as
tubagens de enchimento e de saída da água curtos e desinfectam a quente
as tubagens depois de cada parto.
Barry (1995)
Carta ao editor
Inglaterra
Após um parto na água, o recém nascido teve alguma
dificuldade em respirar e teve uma convulsão. Os testes laboratoriais
revelaram hiponatremia (níveis baixos de sódio). Pensou-se que a
hiponatremia pode ter sido devida à inalação de água doce.
Mais nenhuma informação foi dada acerca do bebé ou do parto.
Hagadorn (1997)
Resumo
E.U.A
Um bebé masculino nasceu às 38 semanas em casa, na água,
numa piscina exterior de água quente previamente desinfectada,
assistido por uma parteira. Foi admitido na UCIN pouco depois do parto
devido a dificuldades respiratórias. Raios-X torácico indicou fluido nos
pulmões e foi entubado às 16 horas de vida, recebendo 3 doses de
surfactante, após as quais a sua respiração melhorou. Culturas de
amostra da sua traqueia desenvolveram pequena mas pura quantidade de Berkholderia picketti, um organismo geralmente encontrado na água. A Berkholdia picketti não estava presente em nenhuma cultura da água do hospital. Mais tarde foram feitas culturas da piscina onde o bebé nasceu e a Berkholdia pickettiı
estava presente. A infecção não se espalhou para o sistema sanguíneo do
bebé. Ele foi mantido em ventilador por 5 dias, esteve 14 dias a
antibiótico e os sintomas desapareceram completamente.
O diagnóstico final do bebé foi pneumonia de aspiração, o
que contribuiu para a deficiência surfactante e colonização acidental
da traqueia com B picketti. O organismo não causou os sintomas,
porém o facto de o mesmo organismo raro estar presente na piscina e na
traqueia compele-nos a pensar que ele aspirou água durante o parto.
Parker (1997)
Carta ao editor
E.U.A
Uma bebé feminina que nasceu na água com 37 semanas de
gestação assistida por uma enfermeira parteira. Aos 19 dias, a bebé
apresentava história de líquido amarelo a sair da orelha direita há uma
semana. A bebé estava alerta, vigorosa, não tinha febre ou outros sinais
de doença. O tímpano tinha rompido e a cultura efectuada deu positivo
para Pseudomonas e E coli rara. Culturas do sangue do bebé deram positivo para Pseudomonas.
O bebé recebeu antibiótico intravenoso durante duas semanas e estava
absolutamente normal na consulta após um mês de ter completado o
tratamento.
Não ficou claro se o local onde a bebé nasceu era
hospital ou um centro de partos. Não se efetuaram culturas ou exames
laboratoriais de amostras da piscina onde a bebé nasceu. O local onde a
bebé nasceu fechou antes desta carta ao editor ter sido escrita.
Vochem (2001)50
Relatório de caso
Alemanha
Uma mãe com 23 anos tomou um banho de imersão durante 30
minutos no fim da gravidez. Mais tarde nesse dia pariu um bebé
masculino, em terra. Aos 11 dias, o bebé não se alimentava bem, estava
letárgico e tinha convulsões. Foi diagnosticada uma meningite com Pseudomonas aueroginosa
e recebeu imediatamente tratamento com antibióticos. Aos 9 meses de
idade, tinha desenvolvimento psicomotor normal. Efectuaram-se culturas
das tubagens do duche da casa da mãe, cujo resultado foi geneticamente
idêntico às culturas presentes no sangue do bebé.
Este não foi um parto na água, embora seja citado como
uma complicação do parto na água na revisão de Pinette et al. (2004)
publicada no American Journal of Obstetrics and Gynecology. É
impossível determinar se o bebé foi infectado porque a mãe tomou um
banho de imersão antes do nascimento ou se foi contaminado
posteriormente tendo desenvolvido a meningite aos 11 dias de vida.
Nguyen (2002)
Estudo de caso
Nova Zelândia
Quatro bebés tiveram complicações devido ao parto na
água e foram transferidos para as suas instalações: 1. Um bebé com
dificuldades respiratórias foi transferido após um parto na água
acidental. De início a mãe omitiu que tinha sido um parto na água.
Pensou-se que o bebé tinha aspirado água, mas recuperou completamente.
2. Após o parto na água, um bebé desenvolveu dificuldades respiratórias
às 6 horas de vida e foi transferido para a UCIN. Inicialmente a mãe
omitiu que tinha sido parto na água. Raio-X ao tórax revelou que o bebé
tinha fluido nos pulmões. O bebé recuperou completamente após 24 horas.
3. O terceira bebé nasceu de termo em parto na água planeado. Ao nascer
estava vigoroso mas precisou de reanimação aos 5 minutos de vida. Raio-X
torácico mostrou fluido nos pulmões. O bebé melhorou rapidamente nas 24
horas seguintes. 4. O quarto bebé nasceu de termo num parto na água
planeado, tinha Apgar normais, mas desenvolveu dificuldades
respiratórias aos 10 minutos e precisou de ajuda a respirar. Raio-X
torácico mostrou fluido nos pulmões. Melhorou rapidamente nas 24 horas
seguintes.
Não é claro se os bebés nasceram em casa ou no hospital e
é possível que alguns dos partos não tenham sido assistidos. Os autores
não dão informação sobre se os procedimentos de segurança para parto na
água foram seguidos; por exemplo, não se sabe quanto tempo os bebés
estiveram submersos antes de virem para a superfície. Também não
indicaram a temperatura da água.
Bowden (2003)
Carta ao editor
E.U.A
1. Um bebé masculino de 37 semanas de gestação nasceu
numa piscina de hospital. Suspeitou-se de inalação de água mas não foi
confirmado. 2. Um bebé masculino nasceu numa banheira em casa, entrou em
convulsões às 8 horas de idade, foi diagnosticado hiponatremia e
provável intoxicação com água. 3. A uma bebé feminina, nascida na água
num hospital, foi diagnosticado a falta do pulmão esquerdo, falta do rim
esquerdo e um problema cardíaco. 4. Um bebé nascido em casa numa
banheira foi admitida com 4 dias de idade com meningite com Streptococos Grupo B.
Apenas os dois primeiros casos parecem estar
relacionados com o parto na água. Os autores não apresentaram os casos
exaustivamente. Não se sabe se os casos registados estão diretamente
relacionados com o parto na água e se os procedimentos base de segurança
foram seguidos. Não são dados mais dados sobre estes nascimentos,
incluindo sobre a recuperação ou não dos bebés.
Nagai (2003)
Registo de caso
Japão
Uma menina de 42 semanas nasceu sem assistência. (sem
parteira presente) numa banheira em casa. A casa tinha instalada um
sistema fechado de água quente que estava sempre em circulação nas
tubagens. O bebé teve uma avaliação normal à nascença mas desenvolveu
febre e icterícia no 4º dia de vida. Foi admitida no hospital para
fototerapia e dada alta no dia seguinte. Aos 7 dias de vida tinha
vómitos e febre e no dia seguinte parou de respirar. Foi levada para o
hospital e tentada a reanimação, mas sem sucesso. A autopsia mostrou uma
infecção pulmonar por Legionella. O estudo ambiental mostrou que a banheira tinha também Legionella.
Os autores atribuem este caso ao sistema de aquecimento
de água fechado. Nestes casos, a mesma água é usada uma e outra vez
durante dias ou meses e mantidas a uma temperatura constante. Embora a
água possa ser filtrada, aquecida, desinfectada quimicamente ou por UV,
alguns organismos conseguem sobreviver. A água pode ser suficientemente
boa para um banho normal, mas não é suficientemente limpa para beber ou
para recém nascidos.
Franzin (2004)
Estudo de caso
Itália
Um recém nascido desenvolveu pneumonia por Legionella aos 7 dias de vida após parto hospitalar na água.
O fornecimento de água de todo o hospital acusou positivo para Legionella, e a bactéria estava presente em alta concentração.
Kassim (2005)
Estudo de caso
Reino Unido
Um bebé com 40 semanas de gestação desenvolveu problemas
respiratórios depois de um parto na água hospitalar. O bebé não
precisou de reanimação após o parto, mas após uma hora estava a gemer e
foi admitido na UCIN. O raio-X torácico mostrou alterações consistentes
com aspiração de água. O bebé recuperou completamente.
Os autores não registaram se os procedimentos de segurança durante o parto na água foram respeitados.
Byard (2010)
Estudo de caso
Austrália
Um bebé com 42 semanas de gestação nasceu em parto na água domiciliar, morreu devido à aspiração de mecónio e pneumonia por Pseudomonas
Pensou-se que a infecção por Pseudomonas
tivesse tido origem na piscina de parto embora não tenham sido
confirmados por testes laboratoriais, nem da piscina nem da água.
Dressler (2011)
Estudo de caso
Alemanha
Os autores descrevem três afogamentos: dois depois de um
parto na água e um num parto no duche. Em todos os casos, os
afogamentos foram provavelmente intencionais, embora os investigadores
não tenham conseguido provar os factos. Todas as 3 mulheres tinham
escondido a gravidez, não tiveram cuidados pré-natais, tiveram partos
não assistidos e uma das mulheres nem sabia que estava grávida quando
pariu na banheira.
Estes casos são crime nos quais se pensa que as mães tiveram intenção de afogar os recém nascidos.
Soileau (2013)
Relatório de caso
E.U.A
Uma bebé feminina nasceu às 40 semanas e 4 dias através
de parto domiciliar na água planeado. A mãe teve diarreia e febre baixa
na semana anterior ao parto. Teve descarga de intestino na piscina antes
da bebé nascer. O bebé esteve saudável até aos 4 dias de idade onde
desenvolveu febre, foi hospitalizada e diagnosticada com sepsia e
adenovírus. A bebé piorou e morreu pouco depois dos pais decidirem
retirar o suporte médico. Os resultados da autopsia revelaram pneumonia
com adenovírus, hemorragia no cólon e falha sucessiva dos órgãos.
Infecções com adenovírus nos recém nascidos são muito
raros e poucos foram descritos até agora. Pensa-se que as mães passam
proteção imunitária para o adenovírus para o feto através da placenta,
pelo que os recém nascidos geralmente não têm esta doença. Os autores
propõem que a infeção deste recém nascido foi transmitida durante o
parto na água já que a mãe teve um movimento intestinal (diarreia) na
água imediatamente antes do parto. Porque a água estava fortemente
contaminada, aumentou o risco do recém nascido entrar em contacto com o
vírus.
Schafer (2014)
Revisão sistemática de todos os relatórios de caso de rasgos do cordão umbilical durante o parto na água.
N/A
Os autores reviram todos os casos publicados de rasgos
do cordão umbilical em parto na água. Um rasgo no cordão umbilical
também é chamado de quebra, ruptura ou avulsão. Baseado nesta revisão,
estimaram que ocorrem 3,1 rasgos de cordão em cada 1.000 partos na água.
De todos os casos de rasgo do cordão, cerca de 23% levaram a admissão
na UCIN, 13% levaram a transfusão sanguínea para o recém nascido, e não
há registos de efeitos malignos a longo prazo.
Os autores providenciaram uma lista de orientações que
podem ser usadas para prevenir e tratar o rasgo no cordão umbilical. É
impossível comparar as taxas de rasgões do cordão entre parto na água e
parto em terra porque os investigadores não registaram quantos rasgões
no cordão ocorreram nos partos em terra.
O que é que podemos aprender destes estudos de caso?
Se ler todos estes estudos de caso , a maioria dos autores não pedem para os partos na água serem banidos.
Em vez disso, fazem recomendações para aumentar a segurança e o consentimento informado. Algumas das suas recomendações são:
Pseudomonas é encontrada em reservatórios de água quer nos
hospitais quer na comunidade, pelo que pode causar graves infecções nos
recém nascidos. As tubagens de plástico são o ambiente perfeito para o
crescimento de Pseudomonas, especialmente se a estirpe é
resistente a desinfectantes (Vochem et al. 2001). As instalações de
saúde que oferecem partos na água deverão fazer culturas com amostras do
sistema de água após cada parto, encurtar as mangueiras de entrada e
saída da água e efetuar desinfecção a quente das torneiras após cada uso
(Rawal et al. 1994).
Seguir os registos hospitalares onde os partos na água são opção (Nguyen et al. 2002).
Seguir as taxas de infecção de mães e bebés, e ter politicas para
evitar infecções, como a boa manutenção da piscina, descontaminação para
bactérias e precauções universais (Franzin et al. 2004).
Como forma do processo de consentimento informado, informar as
grávidas interessadas no parto na água, que embora muito raros, é
possível que os bebés tentem respirar dentro de água, mesmo que tenham
uma breve submersão (Hagadorn et al. 1997).Se a mãe teve uma doença com
diarreia recente, é necessária precaução se estiver a considerar um
parto na água (Soileau et al. 2013).
Os problemas respiratórios após o parto na água são similares aos problemas respiratórios após um parto em terra?
Os recém nascidos podem por vezes apresentar dificuldades
respiratórias ou líquido nos pulmões após o parto. Em 2012,
investigadores da Nova Zelândia (Carpenter and Weston 2012) tentaram determinar se os problemas respiratórios e fluido nos pulmões aparentavam ser iguais depois de parto na água ou em terra.
Num estudo de caso controlado retrospectivo, recolheram registos médicos e raios-X para 2 grupos:
14 bebés que tiveram problemas respiratórios após parto na água entre 2000-2006.
24 bebes (grupo de controlo) que tiveram problemas respiratórios após parto em terra.
Os raios-X foram revistos por 25 voluntários que desconheciam se o
bebé tinha nascido na água ou em terra. Os voluntários incluíam 11
neonatalogistas, 6 internos de neonatologia, 6 enfermeiras especialistas
neonatais, 1 radiologista e 1 pediatra.
As suas descobertas? Menos de metade (42%) dos profissionais de saúde acertaram se o raio-X advinha de um bebé nascido na água ou em terra.
Igual número de profissionais indicaram “não saber” se os raios-X vinham de um parto em terra ou na água (27% vs 27%).
Os bebés nascidos em terra eram mais facilmente reconhecidos corretamente que os bebés nascidos na água (59% vs 38%). Também, uma
maior percentagem de bebés nascidos na água eram diagnosticados como
alterações respiratórias “severas” quando comparada com os bebés
nascidos em terra (48% vs 16%).
Quando comparados os registos médicos do parto na água e em terra, a
única diferença entre estes dois grupos foi que mais bebés nascidos de
água precisaram de ventilador (4 vs 0).
Não houve diferenças de peso à nascença entre os grupos, idade
gestacional, valor de Apgar ao 1º minuto, ritmo cardíaco às 6 horas,
taxa respiratória às 6 horas, idade da primeira mamada, duração do
suporte respiratório e duração da estadia na UCIN.
Os investigadores concluíram que embora os problemas respiratórios
que possam ocorrer após parto na água sejam similares aos problemas que
possam ocorrer após o parto em terra, há maior probabilidade de os
raios-X indicarem alterações severas. Sugerem que este estudo seja
repetido noutras condições e que os investigadores devem recolher um
denominador assertivo para que se compreenda a frequência de problemas
após parto na água comparado com parto em terra.
Que investigação é necessária?
No geral, é necessária mais evidência para apoiar a pratica do parto na água.
Hospitais, centros de parto e profissionais que oferecem o parto na
água deveriam considerar participar no registo de investigação da
Associação Americana de Centros de Parto (American Associations of Birth
Centers – AABC).
O registo AABC recolhe dados prospectivos de mulheres que estão a
planear um parto na água. Para saber mais e juntar-se ao estudo,
carregue aqui. [NT: não aplicável a Portugal] Dica: muitas parteiras descobriram que muitos dos seus hospitais
contam inscrever-se no registo da AABC para cumprir com as recomendações
da ACOG/AAP que indicam que os partos na água só devem ocorrer em
ensaios clínicos.
Quando se estuda o parto na água, os investigadores precisam
de conduzir estudos científicos prospectivos grandes e de alta
qualidade, com grupos de comparação ou controlo apropriados, quando possível. O grupo de comparação ideal seria composto de mulheres que
estão interessadas e são elegíveis para parto na água, mas para quem uma
piscina não está disponível.
Também precisamos que os investigadores olhem para os seguintes assuntos:
É melhor parir a placenta dentro ou fora da piscina?
Qual a melhor forma de estimar hemorragias dentro de água?
Como é que o parto na água afecta o microbioma do recém nascido,
taxa de amamentação, temperatura no recém nascido, ligação mãe-bebé e
comportamentos do recém nascido como o choro?
Quais são as evidências para os critérios de exclusão para o parto
na água? Por exemplo, muitos profissionais excluem mulheres com excesso
de peso ou obesas do parto na água, mas quais são as evidências para
esta prática?
O parto na água é seguro para mulheres com cesariana anterior?
Quais são as melhores politicas de controlo de infecções?
Quais são as diferenças entre bebés nascidos em terra que
desenvolvem fluido nos pulmões e os bebés nascidos na água que
desenvolvem fluido nos pulmões? (Replicação do estudo de caso de
controlo de Carpenter e Weston (2012).
Qual a experiência de uma mãe moderna durante o parto na água? (Investigação qualitativa).
Quantas mulheres têm acesso ao parto na água? Quais são as barreiras ao seu acesso?
Quais são as melhores formas para as parteiras, enfermeiras e médicos se treinarem para técnicas usadas no parto na água?
Qual o impacto económico do uso do parto na água?
Quais são os prós e contras do parto na água?
Apesar da declaração da ACOG/AAP de que o parto na água não trás
benefícios, a evidência científica mostra de facto há potenciais
benefícios associados ao parto na água.
Prós do parto na água
Taxas baixas de episiotomia.
Taxas mais elevadas de períneos intactos.
Possível menor taxa de lacerações de 3º e 4º grau.
Possível menor taxa de hemorragia pós-parto.
Menos utilização de analgésicos – isto pode ser importante para
mulheres que querem ou precisam de evitar epidurais ou medicação à base
de narcóticos durante o TP.
Possível menor número de admissões na UCIN após parto na água (Não
se sabe se esta taxa menor de admissão na UCIN se deve ao parto na água
em si ou porque as mulheres são convidadas a sair da piscina ao menor
indício de problemas com o ritmo cardíaco fetal).
Contras do parto na água
Taxa mais elevada de lacerações de 1º e 2º grau no parto na água,
mas pode dever-se ao facto de as mulheres lacerarem naturalmente e em
vez de terem episiotomia dentro de água.
É necessária mais investigação científica sobre o parto na água
(particularmente, estudos de investigação com grupos de comparação
apropriados). Esta falha leva a que seja difícil fazer escolhas
realmente informadas.
O partir do cordão umbilical é uma ocorrência rara mas possível. Os
profissionais de saúde devem ter cuidado para não colocar demasiada
tração no cordão quando guiam o bebé para fora de água.
Houve vários relatórios de casos de aspiração de água, mas estes
casos não foram observados em nenhum estudo prospectivo desde 1999, e
quase todos os bebés reportados recuperaram completamente.
Embora grandes estudos não tenham mostrado aumento do risco de
infecção, houve vários relatos de infecções após parto na água. Este
risco pode ser reduzido com a amostragem e elaboração de culturas
regulares do fornecimento de água do hospital, mangueiras e piscinas, e
instalando filtros de água quando necessário.
Qual é a conclusão?
Novas evidências científicas sobre o parto na água continuam a surgir. Para as mulheres, há vários benefícios associados ao parto na água.
Há forte evidencia que o parto na água está associado a baixa taxa de
episiotomia, que as mulheres que usam o parto na água têm taxas mais
elevadas de períneo intacto e menos uso de analgésicos. Os benefícios ou riscos para o recém nascido são menos claros, mas até agora a evidência mostra menor ou igual taxa de admissão à UCIN para bebés nascidos na água quando comparados com bebés nascidos em terra. Houve raros casos registados de problemas respiratórios ou infecções em bebés após o parto na água, mas esses riscos não são observados nos estudos maiores, mais recentes e prospectivos sobre o parto na água. A declaração de opinião da ACOG/AAP sobre o parto na água
contem grandes erros científicos onde foi feita uma incompleta e
incorrecta revisão da literatura. Não se deve confiar nesta
declaração de opinião para tomar uma decisão informada sobre a
disponibilidade do parto na água para as mulheres.
Com base na informação disponível, o parto na água é uma
opção razoável para grávidas de baixo risco durante o TP e parto, desde
que estas entendam os potenciais benefícios e riscos envolvidos.
Se a mulher tiver um forte desejo de experimentar o parto na água, e se
existem profissionais de saúde com experiência que se sentem
confortáveis para assistir partos na água, então, nesta altura, não há
evidências que leve a negar às mulheres esta opção de alívio da dor.
Embora seja necessária maior investigação sobre o parto na água, a informação disponível atualmente mostra que proibições universais do parto na água não são baseadas em factos científicos.
Recursos gratuitos
[NT: Todos os recursos estão disponíveis apenas em Inglês]:
A ACNM criou uma nota informativa de duas páginas sobre o parto na água, escrito para as mulheres e famílias. Para aceder a esta nota em PDF pronta a imprimir, carregar aqui.
O Real Colégio de Parteiras lançou uma resposta à declaração de
opinião da ACOG/AAP. Para aceder a este documento Word pronto a
imprimir, carregue aqui.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido publicou linhas guia para
o parto na água em hospital e em casa. Para aceder ao PDF, carregue aqui.
Outros recursos:
Em 2014 foi publicado no Journal of Midwifery and Women’s Health
informação sobre o parto na água fundamental para profissionais de
saúde, um exemplo de documento de consentimento informado e um exemplo
de política hospitalar. Está disponível com algumas subscrições de
bibliotecas médicas (consulte a sua instituição) ou para compra.
Carregue aqui.
No processo de escrita deste artigo, comprei alguns livros sobre o parto na água na Amazon. De longe o livro mais baseado em evidência científica que li é “Revisiting Waterbirth: An Attitude to Care” da Diane Garland. Foi originalmente escrito para parteiras, mas mães altamente motivadas também poderão achar este livro útil. Carregar aqui.
Waterbirth International oferece formação no local para os hospitais que pretendem oferecer parto na água. Carregue aqui, ou envie email para info@waterbirth.org para receber mais informação.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos meus revisores especialistas: Jenna
Shaw-Battista, CNM, PhD, Professora Clinica Associada e Diretora de
Educação Associada do Programa de Educação de Enfermeiras-Parteiras,
Universidade da Califórnia, São Francisco; Robert Modugno, MD, MBA,
FACOG; Angela Reidner, RN, MS, CNM; e Barbara Harper, RN, Diretora da Waterbirth International. Gostaria também de agradecer a vários outros revisores médicos que pediram para permanecer anónimos.
Gostaria também de agradecer à Cristen Pascucci e à Sharon Muza CD(DONA), BDT(DONA), LCCE, FACCE pela sua ajuda na edição de termos médicos.
Tenho recursos fantásticos para descarregar!
Marquei temporariamente o preço destes artigos como “pague o que queira”. Isto quer dizer que pode descarregar estes materiais … Incluído no pacote irá receber:
Um PDF pronto a imprimir do artigo sobre o parto na água da Evidence Based Birth (inclui permissão de copyright para imprimir e partilhar com quem quiser – amigos, profissionais de saúde, clientes), tradução e adaptação para Português por Isabel Martins Loureiro, MSc, Doula BioNascimento.
O mesmo PDF escrito em Inglês
Um PDF de 80 páginas com a Bibliografia Anotada da Evidence Based Birth sobre a Investigação do Parto na Água (com informação detalhada sobre todos os estudos alguma vez publicados sobre o parto na água (escrito em Inglês)
Um PDF de 4 páginas de uma carta “para os interessados” que pode usar quando precisar de discutir(escrito em Inglês)
a Declaração de Opinião da ACOG/AAP com as administrações dos hospitais, médicos ou outros (escrito em Inglês)
Há custos significativos associados à manutenção do sítio do Evidence
Based Birth, pelo que agradeço sinceramente a vossa ajuda se puderem
contribuir! Para a aquisição destes documentos , clique aqui!
Leia uma entrevista com a autora.
Carregue aqui para ler uma entrevista com a Rebecca Dekker, PhD, RN, sobre como foi escrever este artigo.
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Evidências científicas para o Parto na Água
Publicado a 10 de Junho de 2014 por Rebecca Dekker, PhD, RN, APRN
Tradução e adaptação para Português por Isabel Martins Loureiro, MSc, Doula BioNascimento.
Em Abril de 2014, o parto na água – um método alternativo de alivio da dor no qual a mãe pare numa piscina com água quente – chegou às manchetes nacionais [n.t.: nos E.U.A.]. A ocorrência que levou a segurança no parto na água para a ribalta foi uma Declaração de Opinião
conjunta do Congresso Americano de Obstetrícia e Ginecologia (American
Congress of Obstetricians and Gynecologists – ACOG) e da Academia
Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP)
denunciando a prática.
Na sua declaração de opinião, a ACOG e a AAP advertem firmemente que o parto na água deve ser considerado uma prática experimental
que deve ocorrer apenas em contexto de estudo clínico de investigação. A
sua conclusão, que é eco de uma anterior Declaração de Opinião da AAP
de 2005, é baseada na sua opinião de que o parto na água não tráz benefícios e pode representar perigos para o recém-nascido.
Em resposta, o Colégio Americano de Enfermeiras Parteiras (American College of Nurse Midwives – ACNM) (Midwives 2014), a Associação Americana de Centros de Parto (American Association of Birth Centers (AABC)) e o Real Colégio de Parteiras do Reino Unido (Royal College of Midwives – RCM) todos publicaram declarações defendendo o parto na água como uma opção segura, baseada em evidências científicas. Entretanto, a AABC lançou os dados preliminares de quase 4.000 partos na água que ocorreram nos centros de parto por todos os EUA, corroborando o parto na água como seguro para mães e bebés.
Apesar das resposta por parte das organizações de parteiras e da
AABC, os hospitais por todos os E.U.A. começaram a suspender ou a fechar
os seus programas de partos na água. No Centro Médico Regional de Santa
Isabel, em Lincoln, Nebraska, as mães e famílias organizaram protestos e
iniciaram uma para voltar a ter os partos na água disponíveis.
Toda esta controvérsia deixou-nos com estas questões – Será a
declaração da ACOG/AAP baseada numa revisão completa e assertiva da
literatura científica? Qual é a evidência científica sobre o parto na
água? É seguro? Tem algum tipo de beneficio ou perigo potencial para
mães e bebés? Estas são as questões que o Evidence Based Birth
se vai debruçar neste artigo sobre a evidência científica sobre o parto
na água.
O que é o parto na água?
Na imersão durante o trabalho de parto [TP], as mulheres entram numa piscina ou banheira com água morna no primeiro estádio do TP, antes que o bebé nasça.
Num parto na água, a mãe permanece na água
durante a fase expulsiva e parto do bebé. O bebé é depois trazido para a
superfície da água depois de ter nascido (Nutter et al. 2014). Um parto na água pode ser seguido pela expulsão da placenta dentro ou fora de água.
A segurança da imersão durante o TP já foi firmemente estabelecida (Cluett et al. 2009).
Por contraste, existe muita controvérsia nos EUA acerca da segurança do
parto na água. Assim, neste artigo, iremos focar principalmente as
evidências à volta do parto na água.
Qual é a história do parto na água?
Embora haja algumas descrições de partos na água desde tempos antigos
e em várias culturas, os partos na água só se tornaram uma prática
disseminada nos anos 1980 e 90.
Em 1805, a primeira pesquisa documentada sobre parto na água foi publicado num jornal Francês.
Em 1980, o primeiro parto na água foi documentado nos EUA, e a
imersão durante o TP tornou-se popular devido aos relatos de aumento no
alívio da dor, movimentação mais fácil e uma experiência mais holística (RCM 2006).
Em 1983, o Dr. Michel Odent publicou um artigo citado por todo o mundo na revista Lancet descrevendo 100 partos na água que ocorreram num hospital em França.
Em 1989, a Waterbirth International
estabeleceu-se em Santa Bárbara, na Califórnia. Esta fundação sem fins
lucrativos ajudou na instalação de piscinas de parto em mais de 200
hospitais nos E.U.A. e em dezenas de outros países.
Em 1991, o Dr. Rosenthal publicou um estudo de investigação
descrevendo 483 partos na água que ocorreram num centro de partos na
Califórnia.
Em 1992, a Casa dos Comuns do Reino Unido lançou um
relatório declarando que todas as mulheres devem ter a opção de ter o TP
e parto dentro de água (RCM 2006).
Em 1993, todas as unidades de parto em Inglaterra e Gales já
ofereciam a imersão em água durante o TP e/ou parto, e quase metade
tinham instaladas piscinas de parto. Durante este período, menos de 1%
dos partos em Inglaterra e Gales ocorrem dentro de água (Gilbert and Tookey 1999).
Em 1994, o Real Colégio de Obstetras (RCO) e o Real Colégio de
Parteiras (RCM) lançam declarações apoiando o parto na água como opção,
desde que os assistentes do parto tenham tido as competências
apropriadas e a confiança necessária para assistir as mulheres que
quisessem parir dentro de água. Estas declarações foram atualizadas e
reafirmadas em 2000 e 2006 (RCM 2006).
Em 1995, o Reino Unido organiza o primeiro Congresso Internacional
do Parto na Água em Londres. Durante a conferência, 19.000 casos de
partos na água foram apresentados a 1.500 conferencistas de todo o
mundo.
Em 1996, a Escola de Enfermagem da Universidade da Carolina do
Norte, em conjunto com a Waterbirth International, organizaram a
primeira conferência sobre o parto na água nos E.U.A. em Greensboro,
Carolina do Norte.
Em 2000, a Waterbirth International organizou o Congresso Internacional de Parto na água em Portland, Oregon.
Em 2004, a Administração para a Alimentação e Medicação dos E.U.A.
(Food and Drug Administration – FDA) notificou a Waterbirth
International de que precisavam de preencher um requerimento para que as
piscinas de parto portáteis fossem classificadas como dispositivos
médicos.
Em 2005, o Colégio Americano de Pediatras lança uma declaração de opinião rejeitando o parto na água (Batton et al. 2005).
Em 2012, uma reunião conjunta foi marcada pela FDA para determinar
se as piscinas de parto são dispositivos médicos da Classe 1. Para ler o
resumo da ACNM desta reunião, carregue aqui. A FDA ainda não emitiu a sua decisão.
Em 2014, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia e a
AAP publicaram uma declaração conjunta (muito similar à declaração da
AAP de 2005), rejeitando o parto na água.
A declaração dos RCOG/RCM tem muita informação acerca da história do parto na água. Para ler o documento completo carregue aqui.
Que tipo de evidência científica temos sobre o parto na água?
Investigação inicial
O primeiro artigo descrevendo uma série de partos na água foi publicado pelo Dr. Michel Odent em
1983. Não foi um estudo de investigação, mas sim uma descrição dos
partos na água que ocorreram na sua unidade hospitalar. Em 1991, o Dr.
Rosenthal publicou um estudo de investigação mais formal descrevendo
partos na água que ocorreram num centro de partos na Califórnia.
Em 1993, três obstetras Suíços publicaram um artigo chamado “Parto na água – é seguro?” no Journal of Perinatal Medicine
(Zimmermann et al. 1993). Os autores reviram os artigos que tinham sido
publicados por Odent e Rosenthal, e descreveram a informação
apresentada nas revistas e jornais acerca dos partos na água.
Devido à escassez de dados sobre a segurança sobre o parto na água, Zimmerman declaram:
“Os partos na água devem ser restritos a centros com assistência
médica adequada, e mesmo assim apenas em estudos aleatórios e
controlados. O protocolo do estudo deve preencher a Declaração de
Helsínquia e deve ser aprovada por um comité local de ética… em
quaisquer outras condições os partos na água devem ser rejeitados, já
que pouco se sabe acerca da segurança deste método.”
Nas duas décadas seguintes, houve um enorme aumento na pesquisa baseada em evidências sobre o parto na água. No entanto, esta
opinião – que os partos na água devem ser “apenas realizados em ensaios
clínicos” – é ecoado novamente nas declarações de opinião da AAP em
2005 e da ACOG/AAP em 2014.
Auditorias da Grã-Bretanha
Nos anos 1990, investigadores Britânicos começaram a publicar estudos retrospectivos sobre os partos na água (Alderdice et al. 1995; Gilbert and Tookey 1999).
Os estudos retrospectivos são uma forma de menor qualidade de
evidência, na qual os investigadores olham para trás (“retro”) para os
registos médicos de forma a tirar conclusões.
Esses estudos retrospectivos também são estudos de “questionário”, o
que significa que os investigadores ligaram e escreveram cartas para as
maternidades e médicos, perguntando se eles se recordavam de alguma
morte ou ferimentos relacionados com os partos na água nas suas
unidades.
Embora os primeiros estudos retrospectivos tivessem descoberto que os
partos na água aparentam ser no geral seguros, a sua evidência deve ser
lida com precaução, devido à natureza não fidedigna deste tipo de
estudo.
Dois pequenos estudos aleatórios
Em 2004 e 2009, os primeiros estudos pilotos aleatórios e controlados sobre o parto de água foram publicados.
Num estudo aleatório e controlado, as mães são aleatoriamente
designadas (como que por moeda ao ar) para parir na água ou em terra (Woodward and Kelly 2004; Chaichian et al. 2009).
Infelizmente, ambos os estudos aleatórios foram demasiado pequenos para verificar as diferenças em raros mas importantes resultados.
Os investigadores estimaram que seria necessário pelo menos 1000
mulheres em cada opção deste estudo por forma a observar a ocorrência de
pelo menos dois eventos raros (Burns et al. 2012).
No primeiro estudo aleatório (Woodward and Kelly 2004), apenas 10 em 40 mulheres que foram designadas aleatoriamente para o parto na água pariram de facto dentro de água
e 5 outras mulheres puderam escolher parir dentro de água. Porque
apenas 15 mulheres pariram dentro de água, isto dá-nos pouca informação
sobre os efeitos do parto na água.
No segundo estudo aleatório, 53 mulheres pariram dentro de água e 53
mulheres pariram em terra. Todas as mulheres pariram dentro do grupo
atribuído (Chaichian et al. 2009).
Embora o estudo de Chaichian tenha sido demasiado pequeno
para verificar efeitos raros, deu-nos uma boa informação acerca do que
acontece quando as mulheres são distribuídas aleatoriamente para parir
dentro de água versus em terra. Contudo, os autores não registaram informação suficiente (não seguiram as linhas guia CONSORT) para nos darem uma ideia da qualidade do estudo. O que aprendemos com estes testes aleatórios? Quer Woodward (2004) quer Chaichian et al (2009) demonstraram que é tecnicamente possível conduzir testes aleatórios controlados sobre o parto na água. Contudo, também aprendemos que um grande estudo aleatório (com mais de 2000 mulheres) é provavelmente impraticável
e poderia haver elevada taxa de “cross-over” entre os grupos, com
mulheres designadas para parir na água terminando a parir em terra, e
vice versa.
Porque os teste aleatórios são pouco práticos e dificilmente acontecerão, isto significa que temos de recorrer a outros tipos de evidência sobre o parto na água.
Estudos prospectivos e observacionais podem dar-nos evidências sobre a
segurança dos tratamentos que são difíceis ou pouco práticos para
estudar em testes aleatórios.
A Rachel usou a água durante o TP mas saiu da água para parir a sua
filha. Ela diz: ”Quando chegou a altura de fazer força, a água já não
estava quente, já tinham passado 40 horas, a mão da minha filha estava
presa à sua cabeça pelo cordão umbilical, com circulares à volta da
cabeça, pescoço, peito, barriga e pernas. O banco [de parto] foi o local
correcto para a altura”.
Estudos prospectivos de alta qualidade são publicados
Em estudos prospectivos, os investigadores recrutam as mulheres enquanto estão grávidas e depois seguem-nas após o bebé ter nascido,
recolhendo dados durante todo o processo. A força deste tipo de estudo é
que nos dá informação precisa acerca do que acontece a todas as
mulheres inscritas no estudo e que tiveram partos na água.
No final dos anos 2000 e inicio dos 2010, os investigadores começaram a registar milhares de partos na água em estudos prospectivos, com zero registos de recém-nascidos afogados ou quase afogados
(ver Tabela 1). Estes estudos também mostram alguns benefícios para as
mães – e até potenciais benefícios para os recém-nascidos.
Contudo, houve dois grandes percalços neste tipo de estudos prospectivos.
Primeiro, alguns dos investigadores não incluíram grupos de controlo, logo nestes estudos não temos forma de comparar mulheres que tiveram parto na água com aquelas que não tiveram.
O segundo percalço é que quando os investigadores compararam os grupos , a maioria comparou mulheres que pariram dentro de água com mulheres que fizeram o TP na água mas saíram para parir. Porque é que isto é um percalço? Bem, porque as mulheres saíram de dentro de água por diversas razões:
a parteira ou médico ficaram preocupados com o ritmo cardíaco fetal, a
mãe precisou de medicação analgésica, ou talvez o TP estivesse a demorar
muito tempo. Em contraste, as mães que ficaram na banheira para o parto
estavam bem e teriam maior probabilidade de obter melhores resultados.
Logo estes dois grupos não são iguais logo de inicio.
Em investigação, chamamos a isto uma “auto-seleção” enviesada. Isto significa que as diferenças
que observamos entre estes dois grupos podem não se dever ao parto na
água em si, mas porque os dois grupos eram diferentes logo de inicio.
Num mundo ideal, iriamos comparar mulheres que tiveram partos na água
com mulheres que queriam ter um parto na água e eram elegíveis para
tal, mas não tiveram acesso a uma banheira. Infelizmente, este tipo de
comparação não foi feito na maioria dos estudos.
Estudos de caso controle
Vários investigadores publicaram estudos de caso controle sobre o parto na água, um tipo de estudo observacional. Num estudo de caso controlado, investigadores equipararam cada mulher que teve um parto na água com uma mulher similar que teve um parto em terra. A força deste tipo de estudo é a comparação entre grupos.
Por exemplo, Otigbah et al. (2000)
compararam 301 mulheres que tiveram partos na água com 301 mulheres
similares da mesma idade, mesmo número de partos anteriores e de baixo
risco, que tiveram um parto vaginal convencional em terra, sem
aceleração com oxitocina sintética. Embora isto não elimine totalmente a
auto-seleção enviesada, ajuda a limitar o enviesamento o melhor possível, ao tentar equiparar o grupo de parto na água com o grupo do parto em terra.
Relatos de caso
Finalmente, o outro tipo de evidência que temos é o relato de caso. Os relatos de casos são considerados como o nível mais baixo de evidência científica.
Nas últimas décadas, investigadores têm publicado múltiplos relatos
de casos acerca de eventos adversos relacionados (ou possivelmente
relacionados com) os partos na água (ver Tabela 2).
Um dos pontos fortes dos relatos de casos é que nos pode dar informação acerca dos efeitos secundários raros de um tratamento. Contudo, já que os registos de caso discutem apenas um evento único, não sabemos quantas vezes esse efeito secundário ocorre.
Devido ao facto de os estudos de casos serem considerados como a
forma de evidência científica de mais baixo nível, alguns investigadores
especialistas em parto na água disseram que:
“Nem opositores nem defensores servem bem as mulheres e os seus bebés
ao continuarem a registar relatos que apoiam as suas próprias causas
enviesadas” (Cluett et al. 2005).
Que tipo de investigação suportou a Declaração de Opinião da ACOG e da AAP sobre o Parto na água?
Evidência de Baixo Nível
Quando discutem as complicações registadas em partos na água, as ACOG/AAP basearam-se apenas em relatos de caso,
e não olharam para resultados de níveis de evidência superiores. Níveis
de evidência superiores que estão disponíveis incluem estudos
prospectivos, observacionais e inquéritos retrospectivos.
Na declaração de opinião, os autores afirmam que “devido à falta de
uniformidade dos denominadores registados, a exata incidência de
complicações é difícil de avaliar.” Este problema poderia ter sido facilmente resolvido através da revisão dos grandes estudos prospectivos que já foram publicados. Estes estudos descrevem com que frequência é que eventos raros ocorrem ou não.
Revisão de Literatura Desatualizada
A revisão da literatura na declaração de opinião é desatualizada e não reflete as evidências mais atuais. Das 29 referências, apenas seis são dos últimos nove anos (2005 em diante). Estas referências incluem um pequeno estudo aleatório sobre o parto na água (Chaichian et al. 2009), uma declaração atualizada do Real Colégio de Obstetrícia e Ginecologia do Reino Unido (RCM 2006), uma texto de opinião da Midwifery Today (Enning 2011), um pequeno estudo de inquérito a cinco mulheres (Maude and Foureur 2007), e um estudo de caso onde um recém-nascido morreu depois de ter nascido numa banheira fortemente contaminada com Pseudomonas (Byard and Zuccollo 2010).
Para o corrente artigo da Evidence Based Birth, encontrei facilmente sete estudos recentes (ver Tabela 1) – cinco dos quais são estudos prospectivos de alta qualidade – que não são mencionados na declaração de opinião. Isto levanta a questão sobre se os autores conduziram uma revisão da literatura exaustiva antes de formarem a sua opinião.
Que tipo de erros estão na Declaração de Opinião das ACOG/AAP sobre o Parto na água?
Para além da revisão de literatura desatualizada e a falha em
mencionar estudos importantes sobre o parto na água que foram conduzidos
nos últimos dez anos, a Declaração de Opinião das ACOG/AAP contem vários erros graves. Pode ser desejável neste momento ter uma cópia impressa da versão PDF da declaração para ver com os seus próprios olhos os erros, enquanto continua a ler.
Também pode descarregar a carta de 4 páginas“A quem possa interessar”
para usar com administradores dos hospitais ou outros que estejam
interessados em aprender mais acerca da qualidade científica da
Declaração de Opinião.
Principais Erros
Os autores citam nove relatos de caso que mostram complicações em partos na água “para a mãe e o neonato”. Três desses estudos não têm nada que ver com parto na água. Logo, a referência a nove casos de estudo é enganadora:
Referência nº 19 não é um relato de caso . É um
estudo aleatório e controlado de imersão em água durante o primeiro
estádio do TP. O parto na água não foi abrangido neste estudo (Eckert et al. 2001).
Referência nº 22 (Gilbert 2002) não é um relato de caso. É uma carta para o editor acerca de um outro caso de estudo que já tinha sido discutido uma vez na declaração de opinião (Nguyen et al. 2002, referência nº25).
Referência nº 24 é um estudo acerca de ratas de laboratório prenhes
que foram aleatoriamente colocadas a nadar em água fria ou água quente,
durante a gravidez. As ratas foram mortas e os fetos foram examinados. Nenhuma rata de laboratório pariu dentro de água (Mottola et al. 1993).
Má representação dos resultados da investigação
A seguir, os autores da ACOG/AAP representaram mal os
resultados de um estudo, levando o leitor a pensar que existiram
afogamentos nos partos na água num estudo onde de facto não houve nenhum.
Referência nº 26 é um estudo retrospectivo de inquérito no qual os autores indicam não encontrar morbilidade ou mortalidade perinatal associada ao parto na água (Alderdice et al. 1995).
Os autores da declaração de opinião da ACOG/AAP interpretaram
erradamente este estudo e declaram que “Alderice et al. resumem casos
reportados de resultados neonatais adversos, incluindo afogamento e
quase afogamento.” Fiquei confusa com esta contradição entre o que o
artigo indica e o que a declaração de opinião declara. Então entrei em
contacto pessoalmente com o autor do artigo Aderice et al. Ela confirmou que não ocorreram afogamentos nem quase afogamentos.
Não contam a história toda
Nos outros quatro casos de estudo mencionados pelas ACOG e AAP, não contaram a história toda. Dois
desses casos foram causados pela utilização de água hospitalar
contaminada e, nos outros casos, todos os recém-nascidos recuperaram
plenamente:
Em dois casos (Referências nº 19 e nº 21: Byard and Zuccollo 2010 e Franzin et al. 2004), a água no hospital estava contaminada pela bactéria Pseudomonas ou pela Legionella. Outros estudos prospectivos não encontraram diferença nas taxas de infecção em bebés nascidos na água ou em terra (Thoeni et al. 2005; Zanetti-Daellenbach et al. 2007).
Estudos utilizando culturas mostram que a exposição a bactérias
potencialmente perigosas presentes na água hospitalar pode ser reduzida
através da instalação de filtros de água (Thoeni et al. 2005).
No caso de estudo de Kassim et al. (2005) (Referência nº 23),
um recém-nascido desenvolveu dificuldades respiratórias suspeitando-se
ter-se devido a aspiração de água. Com três dias de tratamento, o recém-nascido recuperou completamente.
Os autores não registam se os profissionais de saúde que assistiram o
parto seguiram as medidas de segurança baseadas em evidências
científicas, tais como a monitorização da temperatura da água ou trazer o
bebé imediatamente para fora de água.
No artigo de Nguyen et al. (2002) (Referência nº 25) que reporta quatro casos de aspiração de água, o primeiro caso foi um parto na água acidental e dois foram partos na água escondidos. Todos os quatro recém-nascidos recuperaram completamente.
Os autores não registaram se todos os partos tinham sido assistidos por
pessoal qualificado. A temperatura da água não era conhecida, e não
indicam se os bebés foram trazidos imediatamente para fora de água.
Baseiam-se fortemente numa revisão de literatura com falhas
O último caso de estudo mencionado na declaração das ACOG/AAP é na
realidade uma revisão da literatura publicada por Pinette e Wax et al. (da meta-análise em parto domiciliar elaborada por Wax) em 2004. Nesta revisão, os
autores encontraram 74 artigos sobre o parto na água, mas apenas
reviram os 16 artigos que registaram possíveis complicações relacionadas
com parto na água.
Embora Pinette et al. declarem que “reviram sistematicamente a literatura”, o seu método tem falhas sérias:
Não descrevem os critérios de inclusão/exclusão utilizados para os artigos.
Apenas reviram artigos que referem complicações e excluem artigos com bons resultados.
A qualidade dos artigos que incluem é baixa. Quase todos os estudos
que incluem são relatos de caso, incluindo uma história relatada numa
revista, um resumo não revisto por pares, e cartas ao editor.
Concretamente, Pinette et al. referem um artigo (Rosser 1994) que
descrevem como evidência de “dois partos domiciliares com provável
afogamento”.
No entanto, se consultar o artigo original de Rosser, vai verificar que é um artigo de revista que descreve três histórias que não foram confirmadas como verdadeiras. Uma história descreve a morte de um bebé que nasceu em terra
dentro do saco amniótico, e que se afogou porque os pais não souberam
como romper as membranas. Noutra história relata um parto na água não
assistido, no qual os pais do recém-nascido deixaram-no submerso durante
25 minutos. A terceira história descreve um bebé que morreu depois de
nascer na água assistido por duas parteiras experiente – no entanto, não
indicam quão rápido foi o bebé trazido para fora de água.
Finalmente, Pinette et al. declaram que a literatura “não demonstra qualquer beneficio para o neonato”. Eles não forneceram qualquer referência para esta declaração. Devido aos sérios problemas científicos da revisão de Pinette
et al., é surpreendente que seja referência na declaração de opinião da
ACOG/AAP sobre o parto na água.
Então qual É a evidência para o parto na água?
Para responder a esta questão, em Abril de 2014 conduzi uma exaustiva revisão da literatura no PubMed [n.t.: www.pubmed.com].
Publiquei as minhas descobertas em rede quer neste artigo, quer num
formato mais detalhado na Bibliografia Anotada sobre o Parto na água do
Evidence Based Birth. Depois usei essa Bibliografia Anotada para redigir
este artigo. Para descarregar a Bibliografia Anotada, carregueaqui.
Para saber mais acerca dos métodos usados para elaborar um artigo de Evidence Based Birth, veja aqui.
As palavras chave especificas para a revisão de literatura incluíram
“parto” E “imersão em água” OU “parto na água”. Foram incluídos artigos
na Bibliografia Anotada que foram publicados em Inglês depois de 1993, e
se os investigadores descrevem resultados de partos que ocorreram
debaixo de água.
Incluí todos os níveis de evidência científica sobre este assunto:
revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatórios, estudos prospectivos
observacionais, inquéritos retrospectivos ou estudos de audição
retrospectivos conduzidos cientificamente, estudos qualitativos e casos
de estudo.
Excluí os relatórios de auditoria que não seguiram método científico.
Por exemplo, excluí estudos auditados que não foram aprovados por uma
Comissão Institucional de Revisão ou que não registaram estatísticas
adequadas.
Também, se um estudo foi reportado em dois artigos separados, incluí apenas a versão mais recente.
Após conduzir a pesquisa inicial, li os títulos e resumos para
determinar quais os artigos encaixam nos critérios de inclusão. Se um
artigo era relevante, então obtinha o artigo original e lia-o na sua
totalidade. Dei uma vista de olhos pelas referências bibliográficas de
cada artigo incluído para encontrar outros artigos relevantes que
devessem estar incluídos na bibliografia anotada. A Bibliografia Anotada completa com mais de 70 páginas, em PDF, está disponível para descarregar aqui.
Os resultados são resumidos na Tabela 1 (ensaios aleatórios, estudos
prospectivos e retrospectivos) e na Tabela 2 (casos registados), por
ordem cronológica. Ao olhar para os estudos na Tabela 1, pode ver que houve mais
de 28.000 partos na água documentados em estudos científicos desde
1991.
De facto, houve pelo menos 19 estudos em parto na água nos últimos 20
anos e as ACOG/AAP apenas mencionam seis destes estudos na sua
declaração de opinião. Dos seis artigos que mencionam, representam mal
os resultados de um estudo. Assim, a vasta maioria da literatura
científica sobre o parto na água não foi contemplada na revisão da
literatura da ACOG e AAP.
Tabela 1: Evidências sobre o parto na água
Primeiro Autor
Ano
Tipo de estudo
Nº Partos na água &
Incluído na opinião da ACOG/AAP?
Nº Partos em terra
Rosenthal
1991
Retrospectivo
679 mulheres que tiveram parto na água; sem grupo de comparação
Não
Alderice
1995
Questionário retrospectivo nas maternidades que foi obtido por telefone ou correio.
4.494 mulheres com parto na água, 8.255 mulheres com TP na água e parto em terra.
Sim, mas os resultados do estudo foram mal representados
Gilbert6
1999
Questionário retrospectivo enviado para pediatras e maternidades.
4.032 mulheres com parto na água, os seus resultados
foram comparados com dados regionais de mulheres com gravidez de baixo
risco com parto em terra (partos vaginais espontâneos de termo).
Sim
Forde
1999
Prospectivo
49 partos na água; sem grupo de comparação
Não
Otigbah
2000
Controlo de caso
301 mulheres com parto na água, 301 mulheres correspondentes (similares) que tiveram parto em terra
Não
Burns
2001
Prospectivo
1.327 mulheres com parto na água, comparado com um grupo similar de mulheres na mesma unidade que não usou a piscina
Não
Richmond
2003
Questionário retrospectivo com registo de dados quantitativos e qualitativos
189 mulheres com parto na água; sem grupo de comparação
Não
Wu
2003
Estudo qualitativo com entrevista
9 mulheres com parto na água
Não
Geissbuehler
2004
Prospectivo
3.617 mulheres com parto na água, 5.901 mulheres com
parto em terra; todos os partos espontâneos, vaginais, de um bebé
occipital. Alguns partos em terra incluíram mulheres que planearam um
parto na água mas tiveram de o transferir para terra (n=647).
Sim
Fehervary
2004
Controlo de caso
Estudo Microbioma: 34 bebés nascidos em água, 26 bebés
nascidos em terra depois de TP com água, 36 bebés nascidos em
terra.Estudo de caso de controlo: 100 bebés nascidos na água comparados
com 100 bebés nascidos em terra sem imersão na água.
Não
Woodward
2004
Ensaio piloto aleatório controlado
15 mulheres com parto na água, 65 partos em terra
Sim
Eberhard
2005
Prospectivo
3.327 partos na água, 2.763 partos na cama, e 1.049 partos em bancos de parto
Não
Thoeni
2005
Prospectivo
1.600 partos na água, 515 partos em terra. Para a
maioria dos resultados, apenas as mulheres que pariram pela primeira vez
foram incluídas: 737 mulheres pariram na água; 407 na cama e 142 no
banco de parto.
Não
Zanetti-Daulenbach
2007
Prospectivo
89 mulheres com parto na água, 133 mulheres com
trabalhos de parto na água e partos em terra, 146 mulheres não tiveram
imersão em água. Todas estas mulheres estavam interessadas em parto na
água e correspondiam aos critérios de inclusão para parto na água.
Não
Mistrangelo
2007
Estudo de caso controle com avaliação ecográfica do soalho pélvico 6 meses após o parto.
25 mães primíparas que tiveram parto na água e 27 mães primíparas que tiveram parto em terra sem imersão na água.
Não
Cluett
2009
Revisão Cochrane e meta-análise aleatória de ensaios controlados e aleatórios.
3 pequenos ensaios piloto controlados e aleatórios
Sim
Chaichian
2009
Ensaio piloto controlado e aleatório
53 mulheres que foram designadas aleatoriamente para
parto na água, 53 que foram aleatoriamente designadas para parto em
terra. Todas as mulheres pariram segundo o método designado.
Sim
Torkamani
2010
Prospectivo
50 partos na água e 50 partos em terra
Não
Pagano
2010
Estudo de caso controle retrospectivo com medição de impacto económico.
110 partos na água de primíparas e 110 partos em terra equiparados
Não
Burns
2012
Prospectivo
5.192 mulheres com partos na água, 3.732 mulheres com trabalhos de parto na água e parto em terra **
Não
Mollamahmutoglu
2012
Prospectivo
207 mulheres que escolheram partos na água, 191 mulheres
com parto em terra com epidural e 191 mulheres com parto em terra sem
epidural
Não
Dahlen
2013
Estudo retrospectivo de registos médicos
819 mulheres com partos na água e 5.220 mulheres com
partos em terra em unidade não hospitalar com parteiras. As mulheres que
transferidas para o hospital durante o trabalho de parto não foram
incluídas.
Não
Manakaya
2013
Caso de controlo retrospectivo
219 mulheres com partos na água, 219 mulheres equiparadas com partos em terra que serviram como grupo de controlo.
Não
Demirel
2013
Retrospectivo
191 mulheres com partos na água; não houve grupo de comparação.
Não
Henderson
2014
Prospectivo
1.519 mulheres com partos na água, 986 mulheres com
partos em terra. Para comparar resultados entre imersão em água e parto
em terra, usaram dados de um local onde 114 mulheres usaram uma piscina
de parto (quer tenham parido dentro de água ou saído da piscina antes de
parir) e 459 mulheres que eram elegíveis mas não usaram a piscina por
preferência ou por não estar disponível.*
Não
Lukasse
2014
Prospectivo
Não indica o número de partos na água, mas na amostra
geral (n=16.577) de mulheres que pariram assistidas por parteiras,
inclui uma percentagem substancial de partos na água.
Não
*Henderson et al. (2014):
Porque o grupo da “piscina de parto” (usado com o propósito de
comparação) inclui mulheres com e sem partos na água, não incluí o
estudo de Henderson na comparação entre parto na água e parto em terra. **Burns et al. (2012):
É impossível comparar a maioria dos resultados entre mulheres com parto
na água versus mulheres que tiveram TP na água mas pariram em terra,
porque os investigadores não registam a maioria dos resultados em
separado. Os resultados são registados todos juntos, com a exceção do
rasgão no cordão umbilical, terceira fase de parto fisiológica e mortes
neonatais. Número total de partos na água registados em estudos científicos = 28.283
Limitações da Evidência
Antes de ler a evidência sobre o parto na água, é importante compreender que há percalços na evidência que existe até agora:. Alguns estudos não têm grupo de comparação. Isto quer dizer que não podemos comparar partos na água com partos em terra. Contudo, se o estudo é grande (como o de Henderson et al. 2014),
ainda podemos obter algumas informações úteis acerca da frequência com
que podem ocorrer certos eventos raros – mesmo sem grupo de comparação.
Alguns estudos são demasiado pequenos para verificar efeitos secundários raros
– necessitamos de pelo menos 1.000 partos na água e 1.000 partos em
terra para ver algumas diferenças com eventos raros entre os grupos (Burns et al. 2012).
Em estudos observacionais onde os investigadores comparam partos na
água e partos em terra, existe uma coisa chamada “enviesamento de
seleção”. Enviesamento de seleção significa que um grupo pode
ter melhores resultados que o outro – não devido ao parto ser na água ou
em terra, mas porque os dois grupos são diferentes logo de inicio.
Por exemplo, mulheres que escolheram um parto na água podem ter menos
episiotomias porque estavam motivadas para parir sem episiotomia.
Ou bebés nascidos de mães que tiveram partos em terra têm maior taxa
de admissão na UCI porque as mães saíram da banheira devido a
preocupações com o ritmo cardíaco fetal.
A Kristin diz: “Esta foto foi tirada aproximadamente na 14ª hora do
meu TP que durou 30. A minha filha estava posterior e a banheira ajudou
imenso a suportar as dores nas costas. Embora eu quisesse um parto na
água, acabei por ter de fazer uma cesariana”. Porque as mulheres dos grupos de parto na água e as de parto
em terra são auto-selecionadas, não podemos dizer que o parto na água causa um efeito ou que o parto em terra causa um efeito.
Contudo, algumas das descobertas dos estudos observacionais são similares aos resultados do ensaio aleatório de Chaichian,
onde as mulheres são designados aleatoriamente para o parto na água ou
em terra, e em estudos de caso controlado, onde as mulheres são
agrupadas mais uniformememte entre os grupos de parto na água e parto em
terra.
Há também dados muito consistentes de estudo para estudo – por exemplo, as taxas de episiotomia são mais baixas nos partos na água em todos os estudos que analisaram essa taxa.
Então, no conjunto, isto dá-nos a confiança para dizer que o parto na
água pode ter efeitos de tratamento para além do efeito de “selecção”.
O que é que a ciência diz sobre os efeitos do parto na água nas mães?
Nota: nesta secção, não inclui a meta-análise de Cluett ( em vez
disso descrevi os resultados dos estudos individuais) ou o estudo
aleatório de Woodward e Kelly (devido a ter apenas 15 partos na água).
Na maioria, incluí apenas resultados de estudos onde os partos na água
foram comparados com partos em terra. Contudo, porque os estudos de
Burns et al. (2012) e Henderson et al. (2014) são grandes e têm uma alta qualidade, menciono os seus resultados embora estes não tivessem grupo de comparação.
Parto Normal Vaginal
Num estudo aleatório com 106 mulheres, os investigadores descobriram
que as mulheres que foram designadas para parto na água tiveram taxas mais elevadas de partos espontâneos vaginais (sem fórceps ou ventosas) comparado com as mulheres atribuídas aleatoriamente para parto em terra (100% vs 79,2%) (Chaichian et al., 2009).
Num outro estudo, os investigadores descobriram que a taxa de
cesarianas para todas as mulheres com TP na água e/ou que pariram na
banheira foi apenas de 4,4%, comparada com a taxa média nacional
italiana de 38% (Henderson et al., 2014).
Também no estudo que usou a base de dados Birthplace in England,
os investigadores descobriram que a imersão em água durante o TP em
primíparas acompanhadas por parteira, fez decrescer o risco de cesariana
em 20% (Lukasse et al. 2014).
A maioria dos outros estudos excluem mulheres que tiveram cesariana,
pelo que é geralmente impossível comparar as taxas de cesarianas entre
mulheres que planeavam um parto na água e as que planeavam um parto em
terra.
Os investigadores indicam que a razão das taxas de laceração do períneo de 1º e 2º grau serem mais elevadas em mulheres com parto na água é porque muitas dessas mulheres teriam tido uma episiotomia se tivessem parido em terra.
Por outro lado, as mulheres com partos em terra têm menos taxas de
laceração de 1º e 2º grau, mas apenas porque muitas delas são cortadas
cirurgicamente (episiotomia) em vez de rasgar naturalmente.
Para saber mais acerca das diferenças entre lacerações de 1º, 2º, 3º e 4º graus, carregar aqui.
Lacerações de terceiro e quarto graus
Lacerações de 3º e 4º graus causam danos ao esfíncter anal. Estas
lacerações podem levar a complicações difíceis para a mãe, incluindo
incontinência fecal, problemas a longo prazo com dores no períneo e sexo
doloroso, fistulas e infecções na ferida (Fernando et al. 2013).
As evidências mostram que as episiotomias podem amentar o risco de
trauma perineal sério, como o visto em lacerações de 3º e 4º graus (Carroli and Mignini 2009).
Fernando: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24318732
Em dois dos três estudos que analisaram este tipo de resultado, taxas de lacerações de 3º e 4º graus são mais baixas nas mulheres com parto na água comparadas com as que pariram em terra (Geissbuehler et al. 2004; Menakaya et al. 2013). Num estudo, os investigadores não encontraram diferença entre lacerações de 3º e 4º graus (Burns 2001).
A Jill pariu o segundo bebé em casa, dentro de água. Ela diz: “Foi
uma experiencia maravilhosa, maravilhosa. Nada como o parto hospitalar
cheio de tensão que tive antes (que também foi completamente natural,
mas que senti como muito intenso e stressante). Graças ao parto na água,
tive apenas um laceração de 1º grau e marcas da sua passagem, nada que
precisasse de pontos (ao contrário da laceração de 3º grau que tive no
meu primeiro parto! Estou TÃO agradecida por isso!)”. Foto de Lydia
Johnson de www.walkingwithdancers.blogspot.com
Vários outros estudos indicam as taxas de lacerações graves, mas não têm grupo de comparação:
Num estudo com 1.519 mulheres italianas com parto na água, Henderson et al. (2014) descobriram que 0,3% das mulheres com parto na água tiveram laceração do 3º grau e zero do 4º grau.
No Reino Unido, Burns et al. (2012)
registou que 2% das 5.192 mulheres com parto na água tiveram lacerações
de 3º grau. Não tiveram registos de lacerações de 4º grau.
Períneo intacto
Quatro em cinco estudos indicam que as mulheres com partos na água têm maior probabilidade de parir com períneo intacto (Otigbah et al. 2000; Burns 2001; Geissbuehler et al. 2004; Thoeni et al. 2005). Num estudo não houve diferença entre as taxas de períneo intacto entre parto na água e em terra (Menakaya et al. 2013).
Os investigadores pensam que a razão para as taxas de períneos
intactos serem mais elevadas no parto na água é que a taxa de
episiotomia é mais baixa neste tipo de parto.
Espere – então há taxas mais elevadas de períneo intacto
no parto na água? Mas não acabou de dizer que as mulheres que têm parto
na água têm maiores taxas de lacerações de 1º e 2º graus?
Aqui está o principal – as mulheres que parem dentro de água têm uma
probabilidade muito menor de sofrer episiotomia. Se não lhes fazem
episiotomia, ela pode lacerar naturalmente, ou então não lacera de todo.
No geral, há muito mais episiotomias em terra pelo que há maiores taxas de períneos intactos nos partos na água.
Trauma perineal grave
Num estudo, os investigadores descobriram que as mulheres que pariram na água têm menor risco de ter um trauma perineal grave comparadas com as que pariram no banco de partos (Dahlen et al. 2013). Eles definiram trauma perineal grave como sendo as lacerações de 2º, 3º e 4º graus.
Comparadas com partos na água, mulheres que pariram num banco de
partos estão 1,4 vezes mais sujeitas a ter um trauma perineal grave,
mesmo entrando em consideração se já pariu antes, a duração da segunda
fase do parto e se o profissional assistente é parteira ou obstetra.
Não há diferenças significativas no trauma perineal grave, entre as
mulheres que pariram na água e as que pariram em terra de joelhos,
semi-reclinadas, deitadas de lado, em pé ou de cócoras.
Necessidade de analgésicos
Em sete dos sete estudos que olharam para a relação entre o parto na
água e a necessidade de analgésicos, as mulheres com parto na água usaram menos analgésicos comparadas com as mulheres que pariram em terra.
Três equipas de investigação descobriram que menos mulheres que pariram
dentro de água não precisaram de qualquer método de alívio da dor (Otigbah et al. 2000; Geissbuehler et al. 2004; Chaichian et al. 2009; Torkamani et al. 2010), e duas equipas de investigação indicaram que as mulheres com parto na água têm taxa de epidural de 0% (Thoeni et al. 2005; Zanetti-Daellenbach et al. 2007).
Escala de dor
Dois de três investigadores descobriram que mulheres que pariram na
água têm menor escala de dor que as mulheres que pariram em terra (Torkamani et al. 2010; Mollamahmutoglu et al. 2012).
Torkamani et al. descobriram que numa escala análoga visual de 0 a
10, as mulheres que pariram dentro de água indicaram escala de dor de
3.53 comparado com 6.96 das mulheres que pariram em terra. Contudo não é
claro quando foi medido o nível de dor.
Noutro estudo, Mollamahmutoglu et al. (2012)
mediram a dor usando a mesma escala com mulheres que pariram na água e
compararam com mulheres que pariram em terra, com ou sem epidural.
Descobriram que as mulheres com parto na água tinham taxa
média de dor inferior a todas as mulheres que pariram em terra – mesmo
menor que as mulheres com epidural. As primíparas que pariram
dentro de água indicaram em média valores de 4,6, comparadas com 5,8 e
5,7 nas mulheres que pariram em terra com ou sem epidural. Mulheres
multíparas e que desta vez pariram na água indicaram valores em média de
4,7, comparadas com 5,8 e 5,6 em mulheres que pariram em terra com e
sem epidural. Contudo, não ficou claro quando os investigadores mediram
os níveis de dor. No maior estudo até à data a comparar níveis de dor entre parto na água e em terra, Eberhard et al. (2005) seguiram 3.327 mulheres que pariram na água, 2.763 mulheres com partos na cama e 1.409 mulheres que pariram num banco Maia.
Numa escala de 0-100, em que 0 é sem dor e 100 é dor forte
intolerável, o nível de dor médio desde o fim da primeira fase do TP até
ao fim da segunda é alto para todos os três grupos, variando entre
69-77. De todas as mulheres com partos na cama, cerca de 13% tiveram
epidural como analgesia e 32% das mulheres multíparas e 65% das mulheres
primíparas tiveram injeções ou supositórios com analgésico.
Um número mais pequeno de mulheres com parto na água tiveram analgésicos através de injeção (15% – 35%).
Os investigadores descobriram que entre as mulheres primíparas:
Durante o TP inicial (1-3 cm), mulheres que escolheram a cama indicaram mais dor que as que escolheram a água ou o banco Maia.
Durante a fase expulsiva, as mulheres que escolheram parto na água
indicaram níveis de dor mais elevados comparadas com as mulheres com
parto na cama.
Após o parto, as mulheres com parto na água recordavam níveis de dor inferiores que as que tinham tido parto na cama.
Não houve outras diferenças entre os grupos sobre a expectativa de
nível de dor, níveis de dor no final da primeira fase do TP ou níveis de
dor para a segunda fase quando o período expulsivo teve início.
Entre as multíparas:
Antes do TP ter início, as mulheres na cama esperavam menor dor que as mulheres na água.
Durante a primeira fase do TP (1-3 cm) as mulheres na água tiveram menor níveis de dor que as mulheres na cama.
Durante o fim da primeira fase, as mulheres na água indicaram menores níveis de dor que as da cama.
Durante a expulsão, as mulheres na água indicaram maiores níveis de dor que as mulheres da cama.
Após o parto, as mulheres na água recordavam menor nível de dor que as mulheres na cama.
Devido aos elevados níveis de dor em todos os grupos, os
investigadores concluíram que o parto na água alivia as dores de parto
“de uma forma tão fraca” como as drogas baseadas em morfina. A
Natalia pariu num centro de parto na Califórnia. A sua parteira diz:
“Tivemos de dar uns bafos de ar a este pequenino para o ajudar a
respirar, pelo que demoramos um pouco a perceber se era rapaz ou
rapariga. A cara da Natalia não tem preço. Esta foto está no meu sitio
www.pushmidwifery.com”. Fotografia: Victoria de Canary Lane
Por outras palavras, quando usado para alívio da dor, os efeitos do
parto na água são muito semelhantes aos efeitos da medicação para a dor
(epidural ou narcóticos). Contudo, os autores evidenciam que o parto na
água não tem o efeito secundário de diminuir o estádio de consciência da
mãe nem a supressão de respiração do recém-nascido.
Outra importante descoberta deste estudo é que as mulheres que tiveram partos em terra na cama tiveram menores níveis de dor durante a expulsão. Contudo, depois do parto, as mulheres que pariram na água recordam menos dor.
Por causa desta descoberta, os investigadores propõem que o parto na água pode
alterar as percepções das mulheres, de tal modo que após o parto elas
recordam o parto como menos doloroso do que de facto foi. Isto
pode ter uma grande influência nos sentimentos da mulher perante o seu
parto e pode explicar o porquê das investigações qualitativas
demonstrarem que geralmente as mulheres usam palavras muito positivas
para descrever os seus partos na água (Richmond 2003).
A Natalia pariu num centro de parto na Califórnia. A sua parteira
diz: “Tivemos de dar uns bafos de ar a este pequenino para o ajudar a
respirar, pelo que demoramos um pouco a perceber se era rapaz ou
rapariga. A cara da Natalia não tem preço. Esta foto está no meu sitio
www.pushmidwifery.com”. Fotografia: Victoria de Canary Lane
Duração da Primeira Fase do Trabalho de Parto (TP)
Os resultados sobre a duração da primeira fase do TP são mistos.
Três de cinco estudos mostram que as mulheres com parto na água tiveram
primeira fase do TP mais curta comparadas com as mulheres que pariram
em terra (Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Torkamani et al. 2010).
Um estudo mostrou não haver diferenças na duração média da primeira fase do TP entre partos na água e em terra (Menakaya et al. 2013).
Num outro estudo, os investigadores descobriram que a primeira fase
do TP era mais longa no parto na água – quer para primíparas quer para
multíparas (Mollamahmutoglu et al. 2012).
É difícil perceber a relação entre o parto na água e a duração da
primeira fase do TP. Isto porque geralmente os investigadores não
registam quanto tempo as mulheres passam dentro de água antes de parir.
Além disso, a maioria dos investigadores não indicam como definem o inicio e fim de cada fase do TP.
Finalmente, embora alguns investigadores separem os resultados
dependendo se a mulher é primípara ou não, outros não o fazem. Em média,
mulheres primíparas têm TP mais prolongados e isto nem sempre é
indicado nos resultados.
Duração da Segunda Fase do TP
Os resultados na duração da segunda fase são mistos. Três investigadores descobriram que as mulheres com parto na água tinham fases expulsivas mais curtas (Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Torkamani et al. 2010; Mollamahmutoglu et al. 2012), enquanto 2 investigadores não encontraram diferenças na duração da 2ª fase do TP entre partos na água e em terra (Chaichian et al. 2009; Menakaya et al. 2013).
Apenas um estudo separou primíparas de multíparas. Descobriram que em
ambos os grupos a duração média da segunda fase do TP foi mais curta
nos partos na água (Mollamahmutoglu et al. 2012).
Noutro estudo, Thoeni et al. (2005)
descobriu que a duração geral do TP era mais curta em mulheres que
usaram a água, e declararam que isto se devia principalmente pelo
decréscimo da duração média da segunda fase.
Duração da Terceira Fase do TP
Apenas quatro investigadores compararam a duração da terceira fase do TP entre partos na água e em terra, e os resultados são mistos.
Dois estudos descobriram que a terceira fase é mais curta (Chaichian et al. 2009; Mollamahmutoglu et al. 2012), um estudo indica uma terceira fase mais longa (Zanetti-Daellenbach et al. 2007) e um estudo descobriu não haver diferença na duração da terceira fase (Thoeni et al. 2005).
Estes resultados complicam-se pelo facto de alguns investigadores exigirem que as mães saiam da água para parir a placenta (Mollamahmutoglu et al. 2012); enquanto que outros estudos não indicam se a mulher saiu da água durante a terceira fase do TP.
A gestão da terceira fase do TP foi provavelmente diferente de estudo
para estudo, mas é difícil saber pois o tipo de gestão não foi
registado.
Não há estudos que comparem o parto da placenta dentro de água versus em terra.
Em dois de três estudos (Geissbuehler et al. 2004; Zanetti-Daellenbach et al. 2007)
os investigadores descobriram que as mulheres com parto na água tinham
níveis de hemoglobina mais elevados após o parto, quando comparados com
as mulheres que tiveram parto em terra.
Num estudo, os investigadores descobriram que as mulheres que
pariram num banco de partos em terra tinham duas vezes maior
probabilidade de hemorragia pós parto que as mulheres com parto na água,
mesmo depois de considerado peso no parto, primípara ou não, duração da
segunda fase, se o assistente era parteira ou obstetra e se a mãe teve
algum trauma perineal (Dahlen et al. 2013).
Posição de Parto Erecta
No estudo de Henderson et al. (2014),
os investigadores compararam um pequeno subgrupo de mulheres que usaram
uma piscina de parto em alguma altura durante o TP e as que não usaram a
piscina de todo porque não estava disponível ou porque não quiseram.
Descobriram que as mulheres que usaram a piscina tinham maior
probabilidade de utilizar uma posição de parto erecta e técnica de parto
sem manipulação.
Quando os investigadores olharam para todas as mulheres que de facto
pariram na água (n=1.519) descobriram que 87% das mulheres usaram uma
posição erecta durante o parto.
Parto não manipulado (“hands-off”)
“Não manipulado” [“hands-off” no original] significa que o
profissional de saúde não mexeu na cabeça do bebé quando estava a sair. O
método de parto não manipulado é frequentemente recomendado nos
protocolos clínicos para o parto na água (RCM 2006; Nutter, Shaw-Battista et al. 2014b).
No grande estudo de Henderson et al. (2014), os investigadores descobriram que 79% das mulheres que pariram na água tiveram um parto não manipulado.
Satisfação
Num estudo, 72,3% das mulheres que tiveram parto na água declararam
que com certeza voltariam a escolher este método para parir novamente,
enquanto que apenas 8,7% das mulheres que parira em terra escolheriam
voltar a parir assim (Torkamani et al. 2010).
Funcionamento do Soalho Pélvico
Apenas um estudo olhou para os efeitos sobre o soalho pélvico do parto na água. Mistrangelo et al. (2007)
efetuou ecografias e não encontrou diferenças entre o funcionamento do
soalho pélvico aos 6 meses pós-parto entre 25 primíparas que tiveram
parto na água e 27 primíparas que tiveram parto em terra.
O que é que a investigação nos indica acerca dos efeitos do parto na água nos bebés?
Mortalidade Perinatal
Os investigadores não observaram risco acrescido de mortalidade
perinatal (nado-morto ou morte de recém-nascido) com o parto na água.
Em 1999, Gilbert efetuou chamadas telefónicas para as maternidades e
pediatras no Reino unido e perguntou se sabiam de alguma morte ou
admissão na UCIN que tivesse ocorrido nas 48 horas após TP ou
parto dentro de água. Dos 4.032 partos na água, houve 5 mortes
perinatais, nenhuma das quais relacionadas com imersão em água. Dois
bebés eram nados-mortos, um depois de uma gravidez escondida e parto em
casa não assistido e sem cuidados pré-natais. O outro nado-morto foi
diagnosticado antes da mãe entrar na água. Todos as três mortes de
recém-nascido foram devido a condições patológicas: herpes, hemorragia
intracranial e hipoplasia pulmonar.
No geral, a taxa de mortalidade perinatal para o parto na água foi de
1,2 mortes por 1.000 partos (intervalo de confiança de 0,4-2,9). Quando
os investigadores compararam estes valores com as estatísticas
regionais para partos de baixo risco, espontâneos, normais vaginais de
termo, verificaram que não há aumento no risco de morte perinatal com o
parto na água.
Dos 4.032 partos na água, houve duas admissões na UCIN por aspiração
de água que foram atribuídos possivelmente ao parto na água. um dos
casos provocou danos cerebrais.
A informação do estudo de Gilbert et al. (1999) deve ser verificada com precaução porque é um estudo retrospectivo.
Apesar desta grande limitação, e embora tenha havido apenas um caso
de danos cerebrais possivelmente devidos ao parto na água em mais de
4.000 partos, este artigo tem sido utilizado pelos profissionais
anti-parto na água para mostrar que este tipo de parto não é seguro (Pinette et al. 2004).
Outros investigadores (alguns com estudos prospectivos fortes) não registaram qualquer morte de recém-nascido relacionada com o parto na água. Saliento a negrito os dois estudos com alta qualidade e que tiveram grande número de amostragem .
Em 1995, Alderice et al. indicou que nos mais de 12.000 partos nos
quais as mulheres fizeram TP ou pariram dentro de água, houve um total
de 12 mortes de recém-nascido. Nenhuma destas mortes foi atribuída à
imersão. Este estudo é limitado devido aos questionários retrospectivos e
à sua inabilidade de separar os resultados entre parto na água e TP na
água.
Num estudo de caso controle em 2000, Otigbah não registou nenhuma morte de recém-nascido após 301 partos na água.
Num estudo prospectivo de 2001, Burns et al. registaram que dos
1.327 partos na água, um recém-nascido morreu dias depois do parto
devido a vasa prévia.
Num estudo prospectivo de 2012, Burns et al. não registaram nenhuma morte de recém-nascido em 5.192 partos na água.
Num estudo prospectivo de 2012, Mollamahmutoglu et al. não registaram nenhuma morte de recém-nascido em 207 partos na água.
Num estudo retrospectivo de 2013, Dahlen et al. registou um
nado-morto em 819 partos na água comparado com 4 nados-mortos em 5.220
partos em terra. Devido à limitação dos dados, os autores não
conseguiram comentar sobre as causas das mortes.
Num estudo prospectivo de 2014, Henderson et al não registou nenhuma morte de recém-nascido em 1.519 partos na água.
Valor de Apgar ao Primeiro Minuto
Os resultados do valor de Apgar ao primeiro minuto são mistos. Dos
seis estudos que compararam os valores de Apgar ao primeiro minuto entre
partos na água e partos em terra, quatro estudos não encontraram
diferença dos valores de Apgar (Otigbah et al. 2000; Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Pagano et al. 2010),
e dois estudos encontraram uma maior percentagem de bebés nascidos na
água com Apgar<7 no primeiro minuto quando comparados com partos em
terra (Mollamahmutoglu et al. 2012; Menakaya et al. 2013). Contudo, ambos estes estudos não encontraram diferenças aos cinco minutos (ver abaixo).
Quando a Josey e o marido engravidaram do segundo filho, decidiram
encontrar-se com uma parteira de parto domiciliar que já tinha mais de
25 anos de experiência em partos – muitos deles dentro de água. Nenhum
hospital local autorizava o parto na água. Às 40s+4d, a Josey pariu o
seu filho na água depois de um TP rápido de 4 horas. Com 4.300kg era
quase meio kg mais pesado que a irmã mais velha, mas a Josey afirmou
“Graças à água e à assistência da parteira, foi uma experiencia de parto
muito mais fácil e alegre.” Fotografia: Redhawk Photography
Valor de Apgar aos Cinco Minutos
No que diz respeito ao valor de Apgar aos cinco minutos, os
investigadores descobriram que, em média, bebés nascidos na água
aparentam estar tão bem ou melhor que os nascidos em terra. Dos oito estudos, cinco investigadores ou não encontraram diferença na média do valor de Apgar ou não encontraram diferença na percentagem de bebés com valores ≤7 aos cinco minutos (Otigbah et al. 2000; Zanetti-Daellenbach et al. 2007; Chaichian et al. 2009; Mollamahmutoglu et al. 2012; Menakaya et al. 2013).
Os outros três investigadores descobriram que os bebés nascidos na água tinham valores de Apgar melhores aos cinco minutos.
Um estudo de investigação descobriu uma menor percentagem de bebés
de parto na água com valores <7 aos cinco minutos comparados com
bebés nascidos em terra (Geissbuehler et al. 2004).
Num estudo que comparou o parto na água com parto em terra em diferentes posições, Dahlen et al (2013)
descobriram que os bebés nascidos em posições semi-deitadas em terra
tinham 4,6 vezes maior probabilidade de ter valores de Apgar ≤7 aos
cinco minutos que bebés nascidos na água, mesmo depois de controlar o
peso à nascença, se a mãe era ou não primípara, segunda fase do TP > 2
horas e o tipo de profissional de saúde assistente.
Pagano et al. (2010) descobriram que bebés nascidos na água têm
níveis médios de Apgar superiores, no entanto estes valores são muito
elevados nos dois grupos (9.95 vs 9.84)
Num outro estudo que não incluiu um grupo de comparação de parto em terra, Henderson et al. (2014) descobriu que apenas um bebé em 1.519 bebés nascidos na água teve Apgar <7 aos cinco minutos.
Dificuldades Respiratórias
Num estudo de 8.924 mulheres de baixo risco que foram assistidas por
parteiras e que usaram a água durante o TP ou no parto, a prevalência de
dificuldades respiratórias temporárias foi de 31 bebés em 5.192 partos
na água (0,6%) e 35 bebés em 3.732 partos em terra (0,9%). Os autores
não indicam se esta diferença é estatisticamente significativa (Burns et al. 2012).
Traumatismos no Parto
Apenas um estudo comparou o número de traumatismos no parto entre grupos. Geissbuehler et al (2004) indicam que há menores traumatismos no parto utilizando a água quando comparado com o grupo de parto em terra (1,3% vs 2,8%).
UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neo-natais) ou Admissão na Enfermaria de Cuidados Especiais
Cinco estudos compararam as taxas de admissões nas UCIN ou na enfermaria de cuidados especiais entre partos na água e em terra. Dois estudos registaram menor taxa de admissão no grupo do parto na água (Burns 2001; Geissbuehler et al. 2004), dois estudos registaram não haver diferença na taxa de admissão (Otigbah et al. 2000; Mollamahmutoglu et al. 2012) e um estudo descobriu aumento de admissão de bebés nascidos na água na Enfermaria de cuidados especiais (Menakaya et al. 2013).
No grande estudo prospectivo para examinar este tópico (3.617 partos na água e 5.910 partos em terra), Geissbuehler et al. (2004) descobriram menor número de admissões na UCIN no grupo do parto na água (0,2% vs 0,6%) comparando com o parto em terra.
Por contraste, Menakaya et al. registam taxas mais elevadas de
admissão à enfermaria de cuidados especiais nos bebés que nasceram
dentro de água. O estudo de Menakaya foi um pequeno estudo retrospectivo
de auditoria (n=219 partos na água) que é considerado geralmente como
evidência de mais baixo nível.
Na sua pesquisa, Menakaya observou que 8 bebés nascidos na água foram
admitidos na enfermaria, enquanto apenas 1 bebé nascido em terra foi
admitido na enfermaria. As razões da admissão para os bebés nascidos
dentro de água incluem quatro admissões para observação (dois
necessitaram de ressuscitação à nascença, um teve um evento de apneia e
baixo peso à nascença, e outro com distócia de ombros ligeira), uma
admissão por aspiração de mecónio e três admissões por dificuldade em
alimentar-se. As admissões na enfermaria por dificuldades na alimentação
foram comuns durante partes do período de estudo de 2000-2009 Ocorreram dois grandes estudos prospectivos sobre o paro na
água sem terem grupos de comparação, mas onde registaram a taxa de
admissão na UCIN dos bebés nascidos dentro de água:
Henderson et al. (2014) registaram uma taxa de admissão à UCIN de 0.5% em 1.519 partos na água.
Burns et al. (2012)
registaram uma taxa de admissão na UCIN de 1,6% em 5.192 partos na água
e em 3.732 partos de mulheres que fizeram o TP na água e pariram em
terra.
pH do cordão umbilical
O pH mais elevado do sangue do cordão umbilical é considerado melhor.
Dos três estudos que comparam níveis de pH do sangue do cordão
umbilical entre partos na água e em terra:
Geissbuehler et al. (2004) registou pH arterial mais elevado no grupo do parto na água quando comparado com parto em terra (7,29 vs 7,27).
Zanetti-Daellenbach et al. (2007) não registou diferença entre o pH arterial, mas em média um pH venoso mais elevado no grupo de parto na água que em ambos os grupos de comparação de parto em terra (7.38 vs. 7.34 e 7.35).
Thoeni et al. (2005)não registou diferença entre o pH arterial do cordão entre parto na água e em terra.
Oito estudos registaram taxas de infecção após parto na água.
Porque as infecções em recém-nascidos são uma ocorrência rara, uma
amostragem grande seria necessária para ver a diferença entre infecções
depois de parto na água e em terra. Devido a isto, sublinhei a negrito
os estudos com amostras.
Num estudo com 3.617 partos na água, Geissbuehler et al. (2004) registaram menor número total de infecções nos recém nascidos depois de partos na água
comparados com partos em terra (0.6% vs 1.0%). Houve também menos
infecções oculares no grupo do parto na água quando comparados com o
parto em terra (0.4% vs. 0.8%). Não houve diferença nas taxas de
infecção materna entre parto na água ou em terra.
Thoeni et al. (2005)
examinaram as bactérias na água em dois períodos de tempo durante 250
partos na água: 1) depois do enchimento inicial da piscina e 2) depois
do parto em si. Depois da piscina cheia, as taxas de contaminação foram
de 3% coliformes, 2% Escherichia coli, 3% Pseudomonas aeruginosa, 2% Enterocuccs sp. e 12% Legionella pneumophilia. Depois do parto, as taxas de contaminação são de 82% coliformes, 8% Staphylococcus aureus, 64% Escherichia coli, 12% Pseudomonas e 11% fungos.
Depois de descobrir estes níveis elevados de contaminação, os
hospitais instalaram filtros de água. Os autores dizem que isto levou a
uma diminuição da contaminação com Pseudomonas e Legionella
nas amostras colhidas imediatamente após o enchimento da piscina.
Contudo, não registaram os níveis exatos de contaminação presentes após a
instalação dos filtros.
As elevadas taxas de contaminação da água não se traduzem num aumento
de infecções no recém-nascido. Apelas 1,22% dos bebés nascidos na água
mostraram sinais clínicos de infecção (“cor suspeita da pele,
taquipneia”) comparado com 2,63% de bebés nascidos em terra – isto não é
uma diferença estatisticamente significativa. Níveis da proteína
C-reativa (um indicador de inflamação, que pode ser possivelmente
associado com infecção) foram menores no grupo do parto na água (1.5 vs.
2.82).
Num estudo com 301 partos na água e 301 partos em terra, Otigbah et al. (2000) indicam que não houve infeções nos bebés de qualquer dos grupos.
Num estudo com 8.924 mulheres que fizeram o TP ou pariram na água, Burns et al. (2012) registaram que 0,39% dos recém nascidos tiveram febre ou suspeitou-se de infeção. Contudo, os testes laboratoriais não indicaram qualquer sinal de infecção em nenhum dos bebés.
Num estudo com 89 mulheres que pariram dentro de água, 133 mulheres
que tiveram TP dentro de água e pariram em terra e 146 mulheres que não
tiveram qualquer imersão, Zanetti –Daulenbach et al. (2007) registaram cinco casos de conjuntivite no grupo do parto na água, 3 casos na imersão em água e um caso no grupo sem imersão.
Mollamahmutoglu et al. (2012) registaram que não houve infecção nos bebés dos 207 partos na água.
Das 1.519 mulheres que tiveram parto na água, Henderson et al. (2014) registaram que três bebés foram admitidos à UCIN com febre ou com suspeita de infeção a seguir ao parto na água. Nenhum destes bebés precisou de assistência respiratória e em nenhum se confirmou o diagnóstico de infeção.
Fehervary et al. (2004)
comparou a taxa de infecção entre 100 partos em terra e 100 partos na
água e não encontrou diferenças na taxa de infecção entre os grupos nos
primeiros 6 meses após o parto.
Streptococus do Grupo B
Há evidências limitadas da relação entre o parto na água e o Streptococus do grupo B. Num estudo (Zanetti-Dallenbach et al., 2007),
os investigadores amostraram esfregaços nasais e da garganta de 139
bebés que nasceram dentro de água e 84 bebés que nasceram em terra
depois das mães passarem o TP na água. As amostras foram colheitas
dentro da primeira hora de pós parto, antes de limpar ou amamentar o
bebé. Também recolheram amostras da água da piscina após cada parto.
Cerca de um quarto das mães tinha o Streptococus do Grupo B
positivo, de acordo com os esfregaços feitos após as 37 semanas. O
artigo não indica se as mulheres levaram antibióticos, mas ao contactar
os investigadores, foi me indicado que deram antibióticos intraparto a todas as mulheres para o SGB.
As taxas de contaminação da água por SGB são mais altas nas piscinas onde ocorreram partos.
Contudo, os recém nascidos que nasceram na água estavam menos frequentemente colonizados por SGB que os nascidos em terra.
Amostras nasais positivas para SGB foram de 11,7% para o grupo do parto
em terra comparadas com 1,5% do grupo do parto na água. As amostras da
garganta estavam positivas para dos bebés paridos em terra comparados
com 1,4% do grupo do parto na água.
Embora este estudo pareça apoiar a teoria que o parto na água “lava” as bactérias nocivas do SGB, apenas um pequeno grupo de mulheres eram na verdade portadoras de SGB neste estudo. E estas mulheres tiveram antibióticos para o Streptococus do grupo B. Além disso, há a diferença entre colonização e infeção por SGB.
Pensa-se que a infecção por SGB ocorre antes do parto, quando as bactérias viajam para o útero após o rompimento das membranas.
Precisaríamos de um estudo bastante grande para ver se há diferenças
nas taxas de infecção por SGB em bebés nascidos na água e os nascidos em
terra. Este grupo pequeno não nos dá essa informação.
Ver o artigo para saber mais acerca da diferença entre colonização e infecção. Nota: Há outro estudo publicado em 2006 por
Zanetti-Dallenbach et al sobre o SGB e o parto na água. Contudo, o autor
confirmou-me por email que os artigos de 2006 e 2007 registam
informação do mesmo grupo de mulheres, com a diferença que o de 2007 tem
uma amostragem superior. Por isso é que apenas revi o artigo de 2007.
Microbioma do recém-nascido
Em 2004, Fehervary et al. colheram amostras do palato e orelhas de
recém-nascidos imediatamente após o parto na água (34 bebés), parto em
terra com piscina usada no TP (26 bebés) e parto em terra, sem recorrer à
banheira (34 bebés). Não encontraram diferenças significativas na flora de bactérias entre os 3 grupos. As bactérias mais comuns nos três grupos são Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli e Enterococci.
Dois tipos de bactérias foram observados apenas após o parto em terra: Corynebacteriaceae (cinco esfregaços no grupo de parto em terra) e Proteus spp
(dois esfregaços no grupo de parto em terra). Raramente, dois grupos
foram vistos apenas depois de parto na água ou TP com imersão: Streptococcus Grupo B (um esfregaço no grupo de parto na água; 1 esfregaço no grupo do parto em terra com piscina durante o TP) e Citrobacter spp (1 esfregaço no grupo de parto na água).
Rasgos no Cordão Umbilical
Em 2014, Schafer reviu todos os casos publicados de rasgão no cordão umbilical em partos na água. Um rasgo no cordão umbilical também é chamado “quebra”, “ruptura” ou “avulsão”. Baseados nesta revisão, estimaram que há cerca de 3,1 quebras do cordão em cada 1.000 partos na água.
De todos os casos de rasgão de cordão umbilical, cerca de 23%
conduziram a admissão na UCIN, 13% levaram à necessidade de transfusão
de sangue no recém-nascido e não houve registos de qualquer efeito
negativo a longo prazo.
Burns et al. (2012)
registaram 20 quebras de cordão umbilical num estudo com 5.192 partos
na água e 3.732 partos em terra onde as mulheres deixaram a banheira
antes de parir. Dezoito destas quebras ocorreram durante o parto na
água.
Infelizmente não conseguimos comparar o número geral de quebras de
cordão umbilical entre os partos na água e partos em terra porque além
do estudo de Burns et al. (2012), não há estudos que descrevam a frequência das quebras do cordão ocorridas em terra.
Reanimação do Recém Nascido
Nenhum estudo comparou a taxa de reanimação de recém nascido entre o parto na água e em terra.
OUTRAS PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE O PARTO NA ÁGUA.
Porque é que as mulheres saem da banheira/piscina?
Num grande estudo italiano, 36% das mulheres que entraram na piscina saíram dela antes do parto, principalmente por sua própria iniciativa, por TP lento ou por anomalias no ritmo cardíaco fetal (Henderson et al. 2014).
Num outro grande estudo prospectivo que decorreu no Reino Unido, 42%
das mulheres que entraram na piscina saíram antes do parto, principalmente devido à necessidade de analgésicos adicionais ou TP lento(Burns et al. 2012).
Entrar dentro de água demasiado cedo faz desacelerar o TP?
Há registos de mulheres que deixam a piscina por TP lento (Henderson et al. 2014; Burns et al. 2012). Contudo, não há nenhuma regra fixa quanto à melhor altura para entrar na piscina.
O limite dos 4 cm parece ser um protocolo arbitrário
que não tem evidências que o apoiem ainda. Na pesquisa que temos sobre o
parto na água, alguns investigadores disseram às mulheres para não
entrar dentro de água até que estivesse em “TP ativo”, mas a maioria não
descrevem quando é que as mulheres foram encorajadas a entrar na
piscina.
Não faz mal o parceiro entrar dentro da piscina?
Não já investigação científica sobre esta prática.
Qual é a melhor temperatura da água para as diferentes fases do TP?
A única evidência que temos para este assunto vem de um pequeno
estudo. Neste estudo os investigadores descobriram maior ritmo cardíaco
fetal em várias mulheres cuja água estaria quente demais. A maioria das
mulheres saíram da água, e o ritmo cardíaco fetal diminuiu. Uma mulher
ficou dentro de água e quando a temperatura baixou, o ritmo cardíaco
fetal diminuiu para o normal. (Rosevear et al. 1993)
Pensa-se que a temperatura da água não deve descer demasiado durante
o nascimento porque, baseado em estudos com ovelhas, pensa-se que as
temperaturas mais frias podem estimular o bebé a respirar antes que a
sua face esteja em contacto com o ar (Johnson 1996).
Com base nesta informação, e consistente com outros padrões s
publicados, os investigadores recomendam que a temperatura da água seja
mantida nunca acima dos 37,5ºC e pode ser ajustada conforme as
preferências da mãe entre os 37 – 37,5ºC (Nutter et al. 2014b).
A Erin pariu a sua 4ª filha na água. Foi o seu 3º parto domiciliar e o
3º parto na água após cesariana. Foto: Brenda Brooks of BB & Co
Photography.
Há alguma investigação sobre o parto na água para Parto Vaginal após Cesariana (PVAC)?
Existe pouca ou nenhuma. A maioria dos estudos sobre
parto na água excluíram mulheres com cesarianas anteriores. Encontrei
um estudo que registou que algumas mulheres da amostra tiveram PVAC
dentro de água (Thoeni et al. 2005). Contudo, os números são demasiado pequenos para tirar conclusões porque apenas 60 mulheres tiveram PVAC na água.
Em 2006, Garland publicou uma pequena auditoria clinica na MIDIRS Midwifery Digest sobre
o uso da imersão na água durante o PVAC (Garland 2006). Das 92 mulheres
que estavam interessadas num PVAC dentro de água, apenas 15 mulheres
fizeram TP na água e apenas 4 de facto pariram dentro de água. Este
estudo é demasiado pequeno para nos dar informações acerca da segurança
de um PVAC dentro de água.
Porque é que o risco da quebra do cordão é maior no parto na água que no parto em terra?
Os investigadores lançam a hipótese de que poderá haver um
aumento no risco do cordão rasgar por rapidez desnecessária ou tracção
forçada no cordão quando o bebé é elevado à superfície da água.
É importante que as parteiras aprendam como evitar o excesso de tração
enquanto ajudam calmamente a mãe a guiar a cabeça do bebé para a
superfície da água.
Na sua revisão da literatura sobre quebras do cordão umbilical, Schafer (2014)
sugere que há um forte instinto para trazer o bebé para fora de água
imediatamente após o parto, o que pode levar a uma tração rápida do
cordão sem que o comprimento e tensão deste sejam verificados. Os cordões podem rasgar se forem demasiado curtos para chegar à superfície da água ou se demasiada tração for colocada no cordão.
Se o cordão rasgar e for imediatamente diagnosticado, o profissional de
saúde pode clampear o cordão do recém nascido imediatamente para evitar
o excesso de perda de sangue.
No reduzido número de cordões partidos que foram documentados nos
partos na água, há uma ligação entre o reconhecimento tardio do cordão
partido com hemorragia no recém nascido. Se a água ficar muito turva
após o parto, a visibilidade limitada pode impedir que a parteira veja
que o recém nascido está a ter uma hemorragia do cordão que partiu.
Nestes casos, um atraso no diagnóstico leva a excesso de sangue perdido.
Recomendações para evitar o rasgar do cordão incluem:
Reconhecer o potencial para o rasgar do cordão umbilical
Familiarizar-se com os sinais de que ocorreu.
Diminuir ligeiramente o nível da água antes do parto para que o bebé
não tenha de percorrer um longo caminho para sair de água, mas manter
num nível tal para que todo o corpo do bebé possa nascer dentro de água.
Manter grampos para o cordão disponíveis de imediato se o cordão rasgar.
Ajudar a mãe a trazer o bebé à superfície de forma calma e suave.
Evitar tração excessiva no cordão.
Examinar o recém nascido e seu cordão de forma exaustiva logo após o parto.
Quais são as contraindicações para parto na água? Só as mulheres
com gravidez de baixo risco podem beneficiar deste método ou certos
grupos de alto risco também beneficiariam?
Não há quase investigação para guiar as contraindicações – o que se segue é baseado em opinião clínica.
Contudo, a maioria dos estudos usam protocolos do tipo “37 semanas ou
mais, cefálico, singular com nenhuma intercorrência médica” e têm tido
muito bons resultados para mães e bebés.
Listo abaixo alguns critérios mais comuns que são por vezes usados
para excluir uma mulher do parto na água, juntamente com a pouca
evidência que temos:
A Caryn diz: “O meu marido assistiu o parto do nosso bebé em casa,
numa piscina no nosso quarto. A nossa parteira não chegou a tempo porque
ele nasceu demasiado depressa! Ela chegou literalmente 60 segundos
depois dele nascer. Ele tinha virado para pélvico de pés entre a 39ª e a
40ª semana”. Foto: Debra Hawkins em www.joyousmomentsphoto.com.
Hipertensão – já foi demonstrado que a água pode baixar a pressão
arterial, e a imersão em água durante o TP pode ajudar a baixar a
pressão arterial elevada (Cluett and Burns 2009). Contudo nenhum investigador verificou se é seguro para a mulher com pressão arterial elevada ter um parto na água.
Mecónio – tipicamente, as mulheres cujo liquido amniótico surge
manchado de mecónio têm de deixar a piscina antes do parto. Pensa-se que
o mecónio pode indicar stress no bebé que terá maior probabilidade de
respirar debaixo de água (Nutter et al. 2014b).
Índice de massa corporal elevado – não há de facto qualquer
evidência para este tópico. Impedir que uma mulher mais pesada tenha um
parto na água surge da opinião clínica de que será mais difícil ajudar
uma mãe pesada a sair da banheira se houver uma emergência. No entanto, é
importante lembrar que estas mães não estão medicadas e poderão
sentir-se mais leves devido à flutuabilidade dentro de água. Estes dois
factores podem ajudar a que ela se consiga movimentar melhor e mude de
posição mais facilmente (Stark et al. 2008).
Gémeos e pélvicos – estas populações são tipicamente excluídas dos
estudos sobre o parto na água, pelo que há poucos dados sobre a
segurança do parto na água para gémeos ou bebés pélvicos. Em 1995, um
médico propôs que os bebés pélvicos sejam indicados para parto na água
porque a água ajuda a prevenir a vontade prematura de fazer força, além
de que pode haver uma maior proteção ao cordão e uma melhor manutenção
da temperatura através da água (Ponette 1995). No entanto esta teoria
ainda não foi testada cientificamente.
Ruptura de membranas – mulheres com ruptura de membranas têm geralmente sido incluídas em estudos sobre parto na água (ver Bibliografia Anotada), pelo que as evidências que temos sobre a segurança do parto na água se apliquem nestes casos também.
Diabetes gestacional e diabetes – pode ser pedido a estas mulheres
para sair da piscina porque há um maior risco de distócia de ombros (os
ombros ficarem presos na sínfise púbica) se houve fraco controlo dos
açucares no sangue, aumento de peso excessivo ou se se antecipa um bebé
grande (macrossomia). Contudo, não há evidências que mostrem se não é
mais fácil gerir uma distócia de ombros dentro de água ou em terra.
Alguns protocolos das parteiras recomendam que as mães podem mudar de
posição dentro da piscina se ocorrer a distócia. Se isso não resolver de
imediato o problema, a mãe é convidada a sair para que a parteira possa
executar manobras adicionais (Nutter et al. 2014b).
Qual é o impacto do parto na água na auto regulação da temperatura do recém nascido?
Não encontrei nenhuma evidência sobre a regulação da temperatura do bebé depois de um parto na água.
A água da torneira é diferente do líquido amniótico e como é que isto afecta o bebé?
A água da torneira é mais hipotónica que o líquido amniótico. Devido a
isto, há muitos anos atrás, um médico propôs que se deveria juntar sal à
água da piscina, mas isto nunca se colocou em prática (Barry 1995).
Há alguma evidência de que uma mulher pode desenvolver um embolismo de água se a placenta nasce dentro de água?
Em 1983 o Dr. Odent mencionou isto como um risco hipotético, mas nenhum caso foi alguma vez descrito.
Qual é a experiência da mãe com um parto na água?
Até agora houve dois estudos qualitativos publicados sobre as experiências das mães com os partos na água.
Em estudos qualitativos, conseguimos informação rica e
descritiva acerca de uma experiência com base em entrevistas profundas
com mulheres que experimentaram o parto na água. A informação de estudos
qualitativos não é tão generalizadora (devido à pequena amostragem),
mas dá-nos uma visão profunda do que as mulheres experimentaram.
Porque é que as mulheres procuram um parto na água?
Num estudo qualitativo que decorreu em Taiwan durante 2001-2002, os
investigadores entrevistaram nove mulheres que tiveram parto na água
para melhor compreender o porquê desta escolha (Wu and Chung 2003). As mulheres neste estudo escolheram o parto na água por três razões principais:
As mulheres não estavam satisfeitas com outras opções de TP e parto. Elas
discordavam com as taxas elevadas de cesarianas e outras intervenções
que ocorriam no hospital, tal como uso de fórceps, episiotomia,
medicação IV, não lhes ser permitido comer ou beber e proibição de parto
vaginal após cesariana. As mulheres disseram que o atual sistema de
cuidado materno as trata como objetos numa linha de montagem. As que já
tinham tido um bebé descreveram experiências de parto negativas, onde os
sentimentos e emoções foram negligenciados, onde foram ameaçadas,
tiveram cesarianas dolorosas ou faltou no geral cuidados atualizados e
baseados em evidências.
As mulheres queriam demonstrar a sua autonomia.
Elas escolheram o método do parto que estava fora do sistema.
Descreveram a vontade de escapar ao “domínio” dos obstetras nos
hospitais. As mulheres investigaram cuidados por parteiras e o parto na
água e sentiam-se confiantes com estas opções; elas confiavam nas suas
parteiras.
O apoio familiar, especialmente do marido, era muito importante à medida que as mulheres planeavam o seu parto na água.
Contudo, alguns familiares tinham preocupações e objecções, e queriam
que as mães parissem em hospitais. As mães usaram várias estratégias
para atingir o seu objectivo de ter um parto na água com ou sem o apoio
familiar. Explicaram os benefícios do parto na água aos seus familiares,
e forneceram materiais escritos sobre o parto na água aos seus maridos.
Algumas mães esconderam a sua decisão de familiares e só lhes falaram
no parto na água após o nascimento do bebé.
O que é que as mulheres gostam no parto na água?
Em 2003, um investigador desenvolveu um estudo com 170 mulheres que
tinham experimentado parto na água em cinco centros de parto na
Inglaterra durante os anos de 1993-1994. Foi pedido às mães para
responder a um inquérito escrito acerca da sua experiência com o parto
na água (Richmond 2003).
Nas suas respostas, a maioria das mulheres descreveram o parto na água como “muito aprazível” ou “muito agradável e gratificante”.
As mães escolheram o parto na água porque lhes pareceu natural,
pensaram que poderia ser menos doloroso para elas e proporcionar um
parto mais suave para o bebé, e porque queriam um parto livre de drogas.
Outros métodos de alivio da dor utilizados para além da água foram
aparelhos TENS [Transcutaneous electrical nerve stimulation –
neuro-estimulação elétrica transcutânea] (20%) e gás [Entonox] (88%). A
maioria das mulheres (81%) sentiam-se favoráveis a ter outro bebé dentro
de água no futuro.
Quando lhes pediram para descrever os seus sentimentos quando entraram na piscina, as mães usaram palavras como relaxamento, alívio, alívio da dor, calor, flutuabilidade, controlo e calmante.
Quando às mulheres que já tinham parido antes lhes foi pedido para
descrever como o parto na água foi diferente dos partos anteriores, as
mães disseram que sentiram que estavam em maior controlo, que o parto na
água era mais relaxante e menos doloroso. Sentiram-se mais calmas, mais
satisfeitas e muitas mães sentiram que o TP foi mais rápido dentro de
água.
Quando lhes perguntaram quais os factores que lhes fez preferir o
parto na água sobre os outros métodos de parto, as mães frequentemente
disseram que era: mais relaxante, acalmou-me, a
flutuabilidade/sensação de não ter peso ajudou, apaziguador, sentir-se
apoiada pela água, possibilidade de pegar imediatamente no bebé, ninguém
retirar o bebé e sentir-se mais no controlo.
Apenas uma minoria das mulheres não gostaram do parto na água. Um
pequeno número disse que ficaram com frio ou o bebé ficou com frio, que
as contrações desapareceram ou que o pessoal não apoiava.
Dois terços das mães comentaram que a experiência mais memorável do parto na água foi que ninguém lhes tinha tirado o bebé imediatamente após o parto.
Porque é que o recém nascido não respira debaixo de água no parto na água?
A maioria do nosso conhecimento sobre este tópico aponta para um
artigo de pesquisa clássico publicado em 1996 por Johnson, um
fisiologista (Johnson 1996).
Johnson explicou que, antes do parto, os movimentos respiratórios
fetais ocorrem cerca de 40% do tempo. Estes movimentos respiratórios
fetais são bloqueados na laringe (caixa vocal) durante a inspiração, e
parcialmente bloqueados durante a expiração. Normalmente, pouco líquido
amniótico é de facto inalado por estes movimentos respiratórios enquanto
o bebé ainda está in utero.
Cerca de 48 horas antes do TP espontâneo, estes movimentos de
respiração fetal de “treino” param – possivelmente porque há um aumento
dos níveis de uma hormona chamada prostaglandina E2 (Johnson 1996).
Os investigadores propuseram que há vários factores que, quando um bebé nasce dentro de água, o impedem de inalar água:
Receptores na pele da cara que ainda não entraram em contacto com o ar (Harned et al. 1970)
Níveis de oxigénio realmente baixos (levam a respirar sofregamente) ou níveis elevados de dióxido de carbono (Johnson 1996)
Drogas do tipo morfina podem descontrolar o reflexo de mergulho,
pelo que é recomendado que os narcóticos sejam evitados por um mínimo de
quatro horas antes do parto (Nutter et al. 2014b)
Pensa-se que a prevenção da respiração no parto na água pode ser
ultrapassado por alterações de saúde crónicas, níveis baixos severos de
oxigénio e drogas como as que são usadas para induzir o parto (Johnson 1996).
Quais são os eventos raros e adversos que já se registaram?
Um número de investigadores publicaram relatos de caso
individuais de bebés que tiveram efeitos adversos possivelmente causados
pelo parto na água – e em alguns casos causados definitivamente por um
parto na água.
Os autores da declaração de opinião da ACOG/AAP fundamentaram-se
quase exclusivamente nestes relatórios de caso para descrever o parto na
água como perigoso. Contudo, os relatórios de caso são considerados o
nível mais baixo da evidência científica.
É importante compreender que há diferentes tipos de relatórios de
caso. Quando um relatório de caso é publicado formalmente como um artigo
revisto por pares num jornal científico, é chamado caso de estudo.
Os casos de estudo são usados para descrever eventos raros com grande
detalhe para que outros profissionais de saúde possam aprender através
deste evento raro. Contudo, alguns relatórios de caso são publicados
como cartas ao editor. Estas breves cartas ao editor
não são revistas por pares. Geralmente faltam detalhes suficientes para
ter uma ideia clara do que realmente aconteceu.
Os prós dos relatórios de caso é que permitem que
uma visão profunda (ou breve, no caso das cartas para o editor) de um
evento raro. Podemos retirar lições dos casos de estudo que nos ajudem a
melhorar a qualidade do cuidado para mães e crianças no futuro.
O maior contra dos relatórios de caso é que não é um
estudo de investigação sistemático. Os relatórios de caso são
considerados um dos mais baixos níveis de evidência científica. Quando
os investigadores publicam um relatório de caso de um evento raro, não
já forma de nós sabermos qual a frequência da ocorrência do evento.
Alguns relatórios de caso sobre parto na água estão também incompletos –
mal dão informação acerca do tipo de cuidado que a mãe e o bebé
receberam durante o parto na água.
Para ajudar a compreender os relatórios de caso que foram publicados
sobre o parto na água, elaborei a tabela abaixo com as suas descobertas.
Para saber mais acerca destes relatórios de caso, pode descarregar a
bibliografia anotada aqui: https://gum.co/waterbirth.
Tabela 2: Relatórios de Caso no parto na água
Primeiro autor
Tipo de Relatório
País
Caso
Nota
Rosser (1994)
Artigo de Revista
Áustria, Inglaterra, e Suécia
Este artigo de revista descreve 3 histórias acerca de
afogamento de recém nascidos: 1) Os pais não tiraram o bebé da água até
terem passado 25 minutos após o parto, 2) Um bebé nasceu em terra mas
dentro das membranas e os pais não souberam como retirar a criança das
membranas, 3) Um bebé morreu depois de um parto em casa assistido por
duas parteiras experientes. O bebé não mostrou sinais de dificuldades
durante o TP, mas nasceu com sinais de dificuldades respiratórias sérias
e efetuou movimentos de respiração à medida que veio para a superfície.
Este artigo não é um relatório de caso mas uma história
de revista. Foi citado como relatório de caso de dois afogamentos em
parto na águano artigo de revisão de literatura de Pinette et al. 2004
chamado Riscos do parto subaquático, publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology.
Rawal (1994)
Relatório de caso
Inglaterra
Um bebé masculino nasceu de termo e desenvolveu uma infecção no sangue com Pseudomonas
depois de um parto na água hospitalar. Foram colhidas amostras da
piscina de parto, das tubagens de entrada de água, torneiras, tubagem de
saída de água e o revestimento descartável da piscina e em todas elas
as culturas desenvolveram Pseudomonas. Passados dois dias o
bebé recuperou na totalidade e foi-lhe dada alta depois de ter sido
tratado durante 7 dias com antibiótico.
Os autores declaram que deveria haver testes
laboratoriais regulares das piscinas de parto e politicas apertadas de
controlo de infeções. Antes deste caso, a política hospitalar era lavar
todo o sistema com água quente e detergente e deixar secar antes de cada
parto. Agora, fazem culturas da tubagem após cada parto, mantêm as
tubagens de enchimento e de saída da água curtos e desinfectam a quente
as tubagens depois de cada parto.
Barry (1995)
Carta ao editor
Inglaterra
Após um parto na água, o recém nascido teve alguma
dificuldade em respirar e teve uma convulsão. Os testes laboratoriais
revelaram hiponatremia (níveis baixos de sódio). Pensou-se que a
hiponatremia pode ter sido devida à inalação de água doce.
Mais nenhuma informação foi dada acerca do bebé ou do parto.
Hagadorn (1997)
Resumo
E.U.A
Um bebé masculino nasceu às 38 semanas em casa, na água,
numa piscina exterior de água quente previamente desinfectada,
assistido por uma parteira. Foi admitido na UCIN pouco depois do parto
devido a dificuldades respiratórias. Raios-X torácico indicou fluido nos
pulmões e foi entubado às 16 horas de vida, recebendo 3 doses de
surfactante, após as quais a sua respiração melhorou. Culturas de
amostra da sua traqueia desenvolveram pequena mas pura quantidade de Berkholderia picketti, um organismo geralmente encontrado na água. A Berkholdia picketti não estava presente em nenhuma cultura da água do hospital. Mais tarde foram feitas culturas da piscina onde o bebé nasceu e a Berkholdia pickettiı
estava presente. A infecção não se espalhou para o sistema sanguíneo do
bebé. Ele foi mantido em ventilador por 5 dias, esteve 14 dias a
antibiótico e os sintomas desapareceram completamente.
O diagnóstico final do bebé foi pneumonia de aspiração, o
que contribuiu para a deficiência surfactante e colonização acidental
da traqueia com B picketti. O organismo não causou os sintomas,
porém o facto de o mesmo organismo raro estar presente na piscina e na
traqueia compele-nos a pensar que ele aspirou água durante o parto.
Parker (1997)
Carta ao editor
E.U.A
Uma bebé feminina que nasceu na água com 37 semanas de
gestação assistida por uma enfermeira parteira. Aos 19 dias, a bebé
apresentava história de líquido amarelo a sair da orelha direita há uma
semana. A bebé estava alerta, vigorosa, não tinha febre ou outros sinais
de doença. O tímpano tinha rompido e a cultura efectuada deu positivo
para Pseudomonas e E coli rara. Culturas do sangue do bebé deram positivo para Pseudomonas.
O bebé recebeu antibiótico intravenoso durante duas semanas e estava
absolutamente normal na consulta após um mês de ter completado o
tratamento.
Não ficou claro se o local onde a bebé nasceu era
hospital ou um centro de partos. Não se efetuaram culturas ou exames
laboratoriais de amostras da piscina onde a bebé nasceu. O local onde a
bebé nasceu fechou antes desta carta ao editor ter sido escrita.
Vochem (2001)50
Relatório de caso
Alemanha
Uma mãe com 23 anos tomou um banho de imersão durante 30
minutos no fim da gravidez. Mais tarde nesse dia pariu um bebé
masculino, em terra. Aos 11 dias, o bebé não se alimentava bem, estava
letárgico e tinha convulsões. Foi diagnosticada uma meningite com Pseudomonas aueroginosa
e recebeu imediatamente tratamento com antibióticos. Aos 9 meses de
idade, tinha desenvolvimento psicomotor normal. Efectuaram-se culturas
das tubagens do duche da casa da mãe, cujo resultado foi geneticamente
idêntico às culturas presentes no sangue do bebé.
Este não foi um parto na água, embora seja citado como
uma complicação do parto na água na revisão de Pinette et al. (2004)
publicada no American Journal of Obstetrics and Gynecology. É
impossível determinar se o bebé foi infectado porque a mãe tomou um
banho de imersão antes do nascimento ou se foi contaminado
posteriormente tendo desenvolvido a meningite aos 11 dias de vida.
Nguyen (2002)
Estudo de caso
Nova Zelândia
Quatro bebés tiveram complicações devido ao parto na
água e foram transferidos para as suas instalações: 1. Um bebé com
dificuldades respiratórias foi transferido após um parto na água
acidental. De início a mãe omitiu que tinha sido um parto na água.
Pensou-se que o bebé tinha aspirado água, mas recuperou completamente.
2. Após o parto na água, um bebé desenvolveu dificuldades respiratórias
às 6 horas de vida e foi transferido para a UCIN. Inicialmente a mãe
omitiu que tinha sido parto na água. Raio-X ao tórax revelou que o bebé
tinha fluido nos pulmões. O bebé recuperou completamente após 24 horas.
3. O terceira bebé nasceu de termo em parto na água planeado. Ao nascer
estava vigoroso mas precisou de reanimação aos 5 minutos de vida. Raio-X
torácico mostrou fluido nos pulmões. O bebé melhorou rapidamente nas 24
horas seguintes. 4. O quarto bebé nasceu de termo num parto na água
planeado, tinha Apgar normais, mas desenvolveu dificuldades
respiratórias aos 10 minutos e precisou de ajuda a respirar. Raio-X
torácico mostrou fluido nos pulmões. Melhorou rapidamente nas 24 horas
seguintes.
Não é claro se os bebés nasceram em casa ou no hospital e
é possível que alguns dos partos não tenham sido assistidos. Os autores
não dão informação sobre se os procedimentos de segurança para parto na
água foram seguidos; por exemplo, não se sabe quanto tempo os bebés
estiveram submersos antes de virem para a superfície. Também não
indicaram a temperatura da água.
Bowden (2003)
Carta ao editor
E.U.A
1. Um bebé masculino de 37 semanas de gestação nasceu
numa piscina de hospital. Suspeitou-se de inalação de água mas não foi
confirmado. 2. Um bebé masculino nasceu numa banheira em casa, entrou em
convulsões às 8 horas de idade, foi diagnosticado hiponatremia e
provável intoxicação com água. 3. A uma bebé feminina, nascida na água
num hospital, foi diagnosticado a falta do pulmão esquerdo, falta do rim
esquerdo e um problema cardíaco. 4. Um bebé nascido em casa numa
banheira foi admitida com 4 dias de idade com meningite com Streptococos Grupo B.
Apenas os dois primeiros casos parecem estar
relacionados com o parto na água. Os autores não apresentaram os casos
exaustivamente. Não se sabe se os casos registados estão diretamente
relacionados com o parto na água e se os procedimentos base de segurança
foram seguidos. Não são dados mais dados sobre estes nascimentos,
incluindo sobre a recuperação ou não dos bebés.
Nagai (2003)
Registo de caso
Japão
Uma menina de 42 semanas nasceu sem assistência. (sem
parteira presente) numa banheira em casa. A casa tinha instalada um
sistema fechado de água quente que estava sempre em circulação nas
tubagens. O bebé teve uma avaliação normal à nascença mas desenvolveu
febre e icterícia no 4º dia de vida. Foi admitida no hospital para
fototerapia e dada alta no dia seguinte. Aos 7 dias de vida tinha
vómitos e febre e no dia seguinte parou de respirar. Foi levada para o
hospital e tentada a reanimação, mas sem sucesso. A autopsia mostrou uma
infecção pulmonar por Legionella. O estudo ambiental mostrou que a banheira tinha também Legionella.
Os autores atribuem este caso ao sistema de aquecimento
de água fechado. Nestes casos, a mesma água é usada uma e outra vez
durante dias ou meses e mantidas a uma temperatura constante. Embora a
água possa ser filtrada, aquecida, desinfectada quimicamente ou por UV,
alguns organismos conseguem sobreviver. A água pode ser suficientemente
boa para um banho normal, mas não é suficientemente limpa para beber ou
para recém nascidos.
Franzin (2004)
Estudo de caso
Itália
Um recém nascido desenvolveu pneumonia por Legionella aos 7 dias de vida após parto hospitalar na água.
O fornecimento de água de todo o hospital acusou positivo para Legionella, e a bactéria estava presente em alta concentração.
Kassim (2005)
Estudo de caso
Reino Unido
Um bebé com 40 semanas de gestação desenvolveu problemas
respiratórios depois de um parto na água hospitalar. O bebé não
precisou de reanimação após o parto, mas após uma hora estava a gemer e
foi admitido na UCIN. O raio-X torácico mostrou alterações consistentes
com aspiração de água. O bebé recuperou completamente.
Os autores não registaram se os procedimentos de segurança durante o parto na água foram respeitados.
Byard (2010)
Estudo de caso
Austrália
Um bebé com 42 semanas de gestação nasceu em parto na água domiciliar, morreu devido à aspiração de mecónio e pneumonia por Pseudomonas
Pensou-se que a infecção por Pseudomonas
tivesse tido origem na piscina de parto embora não tenham sido
confirmados por testes laboratoriais, nem da piscina nem da água.
Dressler (2011)
Estudo de caso
Alemanha
Os autores descrevem três afogamentos: dois depois de um
parto na água e um num parto no duche. Em todos os casos, os
afogamentos foram provavelmente intencionais, embora os investigadores
não tenham conseguido provar os factos. Todas as 3 mulheres tinham
escondido a gravidez, não tiveram cuidados pré-natais, tiveram partos
não assistidos e uma das mulheres nem sabia que estava grávida quando
pariu na banheira.
Estes casos são crime nos quais se pensa que as mães tiveram intenção de afogar os recém nascidos.
Soileau (2013)
Relatório de caso
E.U.A
Uma bebé feminina nasceu às 40 semanas e 4 dias através
de parto domiciliar na água planeado. A mãe teve diarreia e febre baixa
na semana anterior ao parto. Teve descarga de intestino na piscina antes
da bebé nascer. O bebé esteve saudável até aos 4 dias de idade onde
desenvolveu febre, foi hospitalizada e diagnosticada com sepsia e
adenovírus. A bebé piorou e morreu pouco depois dos pais decidirem
retirar o suporte médico. Os resultados da autopsia revelaram pneumonia
com adenovírus, hemorragia no cólon e falha sucessiva dos órgãos.
Infecções com adenovírus nos recém nascidos são muito
raros e poucos foram descritos até agora. Pensa-se que as mães passam
proteção imunitária para o adenovírus para o feto através da placenta,
pelo que os recém nascidos geralmente não têm esta doença. Os autores
propõem que a infeção deste recém nascido foi transmitida durante o
parto na água já que a mãe teve um movimento intestinal (diarreia) na
água imediatamente antes do parto. Porque a água estava fortemente
contaminada, aumentou o risco do recém nascido entrar em contacto com o
vírus.
Schafer (2014)
Revisão sistemática de todos os relatórios de caso de rasgos do cordão umbilical durante o parto na água.
N/A
Os autores reviram todos os casos publicados de rasgos
do cordão umbilical em parto na água. Um rasgo no cordão umbilical
também é chamado de quebra, ruptura ou avulsão. Baseado nesta revisão,
estimaram que ocorrem 3,1 rasgos de cordão em cada 1.000 partos na água.
De todos os casos de rasgo do cordão, cerca de 23% levaram a admissão
na UCIN, 13% levaram a transfusão sanguínea para o recém nascido, e não
há registos de efeitos malignos a longo prazo.
Os autores providenciaram uma lista de orientações que
podem ser usadas para prevenir e tratar o rasgo no cordão umbilical. É
impossível comparar as taxas de rasgões do cordão entre parto na água e
parto em terra porque os investigadores não registaram quantos rasgões
no cordão ocorreram nos partos em terra.
O que é que podemos aprender destes estudos de caso?
Se ler todos estes estudos de caso , a maioria dos autores não pedem para os partos na água serem banidos.
Em vez disso, fazem recomendações para aumentar a segurança e o consentimento informado. Algumas das suas recomendações são:
Pseudomonas é encontrada em reservatórios de água quer nos
hospitais quer na comunidade, pelo que pode causar graves infecções nos
recém nascidos. As tubagens de plástico são o ambiente perfeito para o
crescimento de Pseudomonas, especialmente se a estirpe é
resistente a desinfectantes (Vochem et al. 2001). As instalações de
saúde que oferecem partos na água deverão fazer culturas com amostras do
sistema de água após cada parto, encurtar as mangueiras de entrada e
saída da água e efetuar desinfecção a quente das torneiras após cada uso
(Rawal et al. 1994).
Seguir os registos hospitalares onde os partos na água são opção (Nguyen et al. 2002).
Seguir as taxas de infecção de mães e bebés, e ter politicas para
evitar infecções, como a boa manutenção da piscina, descontaminação para
bactérias e precauções universais (Franzin et al. 2004).
Como forma do processo de consentimento informado, informar as
grávidas interessadas no parto na água, que embora muito raros, é
possível que os bebés tentem respirar dentro de água, mesmo que tenham
uma breve submersão (Hagadorn et al. 1997).Se a mãe teve uma doença com
diarreia recente, é necessária precaução se estiver a considerar um
parto na água (Soileau et al. 2013).
Os problemas respiratórios após o parto na água são similares aos problemas respiratórios após um parto em terra?
Os recém nascidos podem por vezes apresentar dificuldades
respiratórias ou líquido nos pulmões após o parto. Em 2012,
investigadores da Nova Zelândia (Carpenter and Weston 2012) tentaram determinar se os problemas respiratórios e fluido nos pulmões aparentavam ser iguais depois de parto na água ou em terra.
Num estudo de caso controlado retrospectivo, recolheram registos médicos e raios-X para 2 grupos:
14 bebés que tiveram problemas respiratórios após parto na água entre 2000-2006.
24 bebes (grupo de controlo) que tiveram problemas respiratórios após parto em terra.
Os raios-X foram revistos por 25 voluntários que desconheciam se o
bebé tinha nascido na água ou em terra. Os voluntários incluíam 11
neonatalogistas, 6 internos de neonatologia, 6 enfermeiras especialistas
neonatais, 1 radiologista e 1 pediatra.
As suas descobertas? Menos de metade (42%) dos profissionais de saúde acertaram se o raio-X advinha de um bebé nascido na água ou em terra.
Igual número de profissionais indicaram “não saber” se os raios-X vinham de um parto em terra ou na água (27% vs 27%).
Os bebés nascidos em terra eram mais facilmente reconhecidos corretamente que os bebés nascidos na água (59% vs 38%). Também, uma
maior percentagem de bebés nascidos na água eram diagnosticados como
alterações respiratórias “severas” quando comparada com os bebés
nascidos em terra (48% vs 16%).
Quando comparados os registos médicos do parto na água e em terra, a
única diferença entre estes dois grupos foi que mais bebés nascidos de
água precisaram de ventilador (4 vs 0).
Não houve diferenças de peso à nascença entre os grupos, idade
gestacional, valor de Apgar ao 1º minuto, ritmo cardíaco às 6 horas,
taxa respiratória às 6 horas, idade da primeira mamada, duração do
suporte respiratório e duração da estadia na UCIN.
Os investigadores concluíram que embora os problemas respiratórios
que possam ocorrer após parto na água sejam similares aos problemas que
possam ocorrer após o parto em terra, há maior probabilidade de os
raios-X indicarem alterações severas. Sugerem que este estudo seja
repetido noutras condições e que os investigadores devem recolher um
denominador assertivo para que se compreenda a frequência de problemas
após parto na água comparado com parto em terra.
Que investigação é necessária?
No geral, é necessária mais evidência para apoiar a pratica do parto na água.
Hospitais, centros de parto e profissionais que oferecem o parto na
água deveriam considerar participar no registo de investigação da
Associação Americana de Centros de Parto (American Associations of Birth
Centers – AABC).
O registo AABC recolhe dados prospectivos de mulheres que estão a
planear um parto na água. Para saber mais e juntar-se ao estudo,
carregue aqui. [NT: não aplicável a Portugal] Dica: muitas parteiras descobriram que muitos dos seus hospitais
contam inscrever-se no registo da AABC para cumprir com as recomendações
da ACOG/AAP que indicam que os partos na água só devem ocorrer em
ensaios clínicos.
Quando se estuda o parto na água, os investigadores precisam
de conduzir estudos científicos prospectivos grandes e de alta
qualidade, com grupos de comparação ou controlo apropriados, quando possível. O grupo de comparação ideal seria composto de mulheres que
estão interessadas e são elegíveis para parto na água, mas para quem uma
piscina não está disponível.
Também precisamos que os investigadores olhem para os seguintes assuntos:
É melhor parir a placenta dentro ou fora da piscina?
Qual a melhor forma de estimar hemorragias dentro de água?
Como é que o parto na água afecta o microbioma do recém nascido,
taxa de amamentação, temperatura no recém nascido, ligação mãe-bebé e
comportamentos do recém nascido como o choro?
Quais são as evidências para os critérios de exclusão para o parto
na água? Por exemplo, muitos profissionais excluem mulheres com excesso
de peso ou obesas do parto na água, mas quais são as evidências para
esta prática?
O parto na água é seguro para mulheres com cesariana anterior?
Quais são as melhores politicas de controlo de infecções?
Quais são as diferenças entre bebés nascidos em terra que
desenvolvem fluido nos pulmões e os bebés nascidos na água que
desenvolvem fluido nos pulmões? (Replicação do estudo de caso de
controlo de Carpenter e Weston (2012).
Qual a experiência de uma mãe moderna durante o parto na água? (Investigação qualitativa).
Quantas mulheres têm acesso ao parto na água? Quais são as barreiras ao seu acesso?
Quais são as melhores formas para as parteiras, enfermeiras e médicos se treinarem para técnicas usadas no parto na água?
Qual o impacto económico do uso do parto na água?
Quais são os prós e contras do parto na água?
Apesar da declaração da ACOG/AAP de que o parto na água não trás
benefícios, a evidência científica mostra de facto há potenciais
benefícios associados ao parto na água.
Prós do parto na água
Taxas baixas de episiotomia.
Taxas mais elevadas de períneos intactos.
Possível menor taxa de lacerações de 3º e 4º grau.
Possível menor taxa de hemorragia pós-parto.
Menos utilização de analgésicos – isto pode ser importante para
mulheres que querem ou precisam de evitar epidurais ou medicação à base
de narcóticos durante o TP.
Possível menor número de admissões na UCIN após parto na água (Não
se sabe se esta taxa menor de admissão na UCIN se deve ao parto na água
em si ou porque as mulheres são convidadas a sair da piscina ao menor
indício de problemas com o ritmo cardíaco fetal).
Contras do parto na água
Taxa mais elevada de lacerações de 1º e 2º grau no parto na água,
mas pode dever-se ao facto de as mulheres lacerarem naturalmente e em
vez de terem episiotomia dentro de água.
É necessária mais investigação científica sobre o parto na água
(particularmente, estudos de investigação com grupos de comparação
apropriados). Esta falha leva a que seja difícil fazer escolhas
realmente informadas.
O partir do cordão umbilical é uma ocorrência rara mas possível. Os
profissionais de saúde devem ter cuidado para não colocar demasiada
tração no cordão quando guiam o bebé para fora de água.
Houve vários relatórios de casos de aspiração de água, mas estes
casos não foram observados em nenhum estudo prospectivo desde 1999, e
quase todos os bebés reportados recuperaram completamente.
Embora grandes estudos não tenham mostrado aumento do risco de
infecção, houve vários relatos de infecções após parto na água. Este
risco pode ser reduzido com a amostragem e elaboração de culturas
regulares do fornecimento de água do hospital, mangueiras e piscinas, e
instalando filtros de água quando necessário.
Qual é a conclusão?
Novas evidências científicas sobre o parto na água continuam a surgir. Para as mulheres, há vários benefícios associados ao parto na água.
Há forte evidencia que o parto na água está associado a baixa taxa de
episiotomia, que as mulheres que usam o parto na água têm taxas mais
elevadas de períneo intacto e menos uso de analgésicos. Os benefícios ou riscos para o recém nascido são menos claros, mas até agora a evidência mostra menor ou igual taxa de admissão à UCIN para bebés nascidos na água quando comparados com bebés nascidos em terra. Houve raros casos registados de problemas respiratórios ou infecções em bebés após o parto na água, mas esses riscos não são observados nos estudos maiores, mais recentes e prospectivos sobre o parto na água. A declaração de opinião da ACOG/AAP sobre o parto na água
contem grandes erros científicos onde foi feita uma incompleta e
incorrecta revisão da literatura. Não se deve confiar nesta
declaração de opinião para tomar uma decisão informada sobre a
disponibilidade do parto na água para as mulheres.
Com base na informação disponível, o parto na água é uma
opção razoável para grávidas de baixo risco durante o TP e parto, desde
que estas entendam os potenciais benefícios e riscos envolvidos.
Se a mulher tiver um forte desejo de experimentar o parto na água, e se
existem profissionais de saúde com experiência que se sentem
confortáveis para assistir partos na água, então, nesta altura, não há
evidências que leve a negar às mulheres esta opção de alívio da dor.
Embora seja necessária maior investigação sobre o parto na água, a informação disponível atualmente mostra que proibições universais do parto na água não são baseadas em factos científicos.
Recursos gratuitos
[NT: Todos os recursos estão disponíveis apenas em Inglês]:
A ACNM criou uma nota informativa de duas páginas sobre o parto na água, escrito para as mulheres e famílias. Para aceder a esta nota em PDF pronta a imprimir, carregar aqui.
O Real Colégio de Parteiras lançou uma resposta à declaração de
opinião da ACOG/AAP. Para aceder a este documento Word pronto a
imprimir, carregue aqui.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido publicou linhas guia para
o parto na água em hospital e em casa. Para aceder ao PDF, carregue aqui.
Outros recursos:
Em 2014 foi publicado no Journal of Midwifery and Women’s Health
informação sobre o parto na água fundamental para profissionais de
saúde, um exemplo de documento de consentimento informado e um exemplo
de política hospitalar. Está disponível com algumas subscrições de
bibliotecas médicas (consulte a sua instituição) ou para compra.
Carregue aqui.
No processo de escrita deste artigo, comprei alguns livros sobre o parto na água na Amazon. De longe o livro mais baseado em evidência científica que li é “Revisiting Waterbirth: An Attitude to Care” da Diane Garland. Foi originalmente escrito para parteiras, mas mães altamente motivadas também poderão achar este livro útil. Carregar aqui.
Waterbirth International oferece formação no local para os hospitais que pretendem oferecer parto na água. Carregue aqui, ou envie email para info@waterbirth.org para receber mais informação.
Agradecimentos
Para esta tradução, agradecimento especial pela revisão do texto a Leonor Leal.
Gostaria de agradecer aos meus revisores especialistas: Jenna
Shaw-Battista, CNM, PhD, Professora Clinica Associada e Diretora de
Educação Associada do Programa de Educação de Enfermeiras-Parteiras,
Universidade da Califórnia, São Francisco; Robert Modugno, MD, MBA,
FACOG; Angela Reidner, RN, MS, CNM; e Barbara Harper, RN, Diretora da Waterbirth International. Gostaria também de agradecer a vários outros revisores médicos que pediram para permanecer anónimos.
Gostaria também de agradecer à Cristen Pascucci e à Sharon Muza CD(DONA), BDT(DONA), LCCE, FACCE pela sua ajuda na edição de termos médicos.
Tenho recursos fantásticos para descarregar!
Marquei temporariamente o preço destes artigos como “pague o que queira”. Isto quer dizer que pode descarregar estes materiais … Incluído no pacote irá receber:
Um PDF pronto a imprimir do artigo sobre o parto na água da Evidence Based Birth (inclui permissão de copyright para imprimir e partilhar com quem quiser – amigos, profissionais de saúde, clientes), tradução e adaptação para Português por Isabel Martins Loureiro, MSc, Doula BioNascimento.
O mesmo PDF escrito em Inglês
Um PDF de 80 páginas com a Bibliografia Anotada da Evidence Based Birth sobre a Investigação do Parto na Água (com informação detalhada sobre todos os estudos alguma vez publicados sobre o parto na água (escrito em Inglês)
Um PDF de 4 páginas de uma carta “para os interessados” que pode usar quando precisar de discutir(escrito em Inglês)
a Declaração de Opinião da ACOG/AAP com as administrações dos hospitais, médicos ou outros (escrito em Inglês)
Há custos significativos associados à manutenção do sítio do Evidence
Based Birth, pelo que agradeço sinceramente a vossa ajuda se puderem
contribuir! Para a aquisição destes documentos , clique aqui!
Leia uma entrevista com a autora.
Carregue aqui para ler uma entrevista com a Rebecca Dekker, PhD, RN, sobre como foi escrever este artigo.
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