domingo, 7 de fevereiro de 2016

O trabalho de parto- Fases


O trabalho de parto, tem algumas fases. 
É importante reconhecer cada uma delas, para que a gestante não vá ao hospital antes da hora. Segundo a OMS, deve se ir ao hospital apenas na fase ativa do trabalho de parto, que é quando ocorre a dilatação efetivas. Ir fora do dessa fase , leva as mulheres a falsas indicações de cesariana (não teve dilatacao, não teve passagem, o parto não evoluiu, colo do utero assim e assado etc),colocando gestantes em risco de infeccoes hospitalares e intervencoes desnecessarias que  acabam sendo prejudiciais  a saúde da mãe e do feto. 




 

 

O Trabalho de Parto - Os Pródromos


Os pródromos são o início do trabalho de parto. Sua característica é a presença de contrações irregulares do útero. Um desconfortozinho que vai e vem, às vezes pára, depois vem mais forte, depois pára de novo por um tempo, etc. Os pródromos podem durar bastante tempo, até dias. Em alguns relatos as mulheres sentem contrações todos os dias em um determinado horário, depois elas cessam, e isso durante até algumas semanas, antes de realmente entrar em TP.

A saída do tampão mucoso, que as mulheres tanto ouvem falar, também pode acontecer nessa fase, e é um dos sinais visíveis de que o TP se aproxima. O tampão é geralmente descrito como tendo uma textura que parece clara de ovo ou meleca de nariz, um muco que pode sair com rastros de sangue. Algumas mulheres percebem apenas umas manchinhas avermelhadas na calcinha.


Quando as contrações passam a ser mais ritmadas, de 20 em 20 minutos, de 15 em 15, etc.  A gestante entra na segunda fase, a fase latente do parto,




O Trabalho de Parto - A Fase Latente


Quando a gestante começa a sentir contrações ritmadas, de 20 em 20 minutos, de 15 em 15, etc.  As contrações são responsáveis por empurrar a cabeça do bebê sobre o colo do útero, produzindo a dilatação, e também por enviar um sinal para o bebê de que é hora de se preparar para nascer, e ajudá-lo a se posicionar para sair.


Cada gestante reage de um jeito nessa fase, algumas comecam a arrumar as coisas (ligam modo faxina) , outras comecam a fazer atividades (andar, correr pular) . Porém nessa hora , é a hora em que a mulher deveria descansar , pois o trabalho de parto ativo se aproxima, e ela precisara de toda essa força e energia, na fase a seguir. 
Na fase latente as dores ainda estão suportaveis, o casal deve continuar em casa, pois está muito cedo para ir a maternidade. 
Nessa fase é importante que o casal se reconecte, se abracem, curtem aquele momento, troquem carinhos, podem ter relação sexual (caos a bolsa não tenha estourado ), todas as formas de liberação de ocitocina, nessa fase são muito bem vindas e importante.

Foto tirada do blog fundo do ventre
Segundo a doula Adèle Valarini , essa fase para algumas mulheres que não resolveram bem seus conflitos emocionais durante a gestação, este pode ser um momento difícil, onde o medo e a angústia aumentam, ou onde ela fica tão sensível que chora por tudo. É bom que isso aconteça agora, quando o trabalho de parto ainda não começou a ficar muito intenso, e é importante deixar que ela "bote para fora", chore tudo que tiver de chorar, diga tudo que quiser dizer. Assim, na hora do parto, ela poderá se concentrar, sem estar presa à esses outros assuntos, que, por incrível que pareça, são capazes de travar completamente o parto, quando não resolvidos.

Quando a gestante passa a sentir contrações mais próximas umas das outras, de 6 em 6 ou 5 em 5 minutos de intervalo (mais ou menos 5cm de dilatação), ela entra na chamada fase ativa do trabalho de parto.

 

 

 

O Trabalho de Parto - O Trabalho de Parto Ativo



O trabalho de parto ativo é marcado pela presença de contrações regulares, de 5 em 5 minutos em média, que vão ficando cada vez mais próximas e intensas.


Nessa hora, o papel dos hormônios é essencial. A mulher em trabalho de parto libera um coquetel de hormônios, cujo ingrediente principal é a ocitocina endógena (produzida pela própria mulher, na hora do orgasmo e do parto) que, além de produzir contrações uterinas, é um anestésico natural: ela traz uma sensação de bem-estar e prazer. Conforme as contrações vão ficando mais fortes, o corpo vai produzindo mais ocitocina, na medida certinha para aniquilar a dor, completamente. Por isso, assim que a contração para, a dor também para, e a mulher que consegue relaxar entre as contrações se sente muito bem. A ocitocina endógena ajuda a aumentar as contrações E a aliviar a dor ao mesmo tempo.

 Foto tirada do blog lookbebe
 
Enquanto a mãe recebe este coquetel de hormônios, o bebê também recebe umas mensagens químicas específicas que o preparam para o nascimento. Até a hora do parto, o bebê esteve dentro do líquido amniótico, treinando os movimentos de engolir e respirar lá dentro. Ele com certeza tem líquido amniótico dentro do estômago e dos pulmões. Mas ele também está produzindo  líquido nos pulmões, que servem para impedir que os alvéolos se esvaziem completamente e grudem. Na hora em que o TP ativo começa, o bebê recebe uma mensagem química: ele pára de produzir líquido nos pulmões e passa a reabsorver o líquido que já tem lá. É nesse momento que o amadurecimento dos pulmões acontece. Por isso é extremamente importante que o o trabalho de parto efetivo comece naturalmente, pois isso é de extrema importancia para o bebe sobreviver fora do utero.
Nessa fase, as contrações vão ficando mais fortes e ritmadas. Essa fase varia de gestante para gestante, tudo vai depender do bebe.

Foto tirada do blog natijuca

É nessa fase que a mulher passa a sentir mais dor, e é nessa fase também que o papel da doula é muito importante, pois ela ajuda a aliviar essa dor sem precisar recorrer à anestesia. A doula faz massagens, compressas, indica posições que aliviam a dor , ajudam a acelerar o trabalho de parto, e mantem o acompanhante (pai) tranquilo e como ele pode ajudar a gestante.
A fase do TP ativo termina quando a mulher está com mais ou menos 7 para 8 centímetros de dilatação, inicia a fase de transição.

 

 

O Trabalho de Parto - A Fase de Transição

foto tirada do blog nascer feliz
A fase de transição é um momento muito interessante do parto. Ela dura relativamente pouco tempo, quando comparada com as fases que a precederam: começa quando a mulher tem lá pelos 7 ou 8 centímetros de dilatação e termina quando atinge a dilatação completa, que é de 10 centímetros .

Essa fase é marcada por um fenômeno muito interessante, que já começa no final do TP ativo. Por causa dos níveis de ocitocina, que vão subindo junto com a intensidade das contrações, e nessa hora já estão bem elevados, a mulher começa a entrar em um estado de transe, similar ao que acontece durante a excitação sexual. Esse estado é chamado de partolândia. Parece que ela se vira para dentro de si mesma, olha para sua alma.
 "As pessoas falam com ela e ela nem responde, ou diz coisas incoerentes. Muito do que fala tem a ver com o que está sentindo. Ela geme e se mexe, respira profundamente, e depois de maneira acelerada, busca a melhor posição, que logo já não é mais confortável e começa tudo de novo.

Nesta fase, a parte consciente e racional da mulher já não está mais presente, e o que resta é a Fêmea em seu sentido mais essencial e irracional. Esse estado "animal" é essencial para que a mulher coloque seu filho no mundo, pois é de sua essência animal que ela vai tirar a força necessária para fazê-lo. A parte consciente da mulher ressurge apenas em poucos instantes, onde ela duvida de si mesma, diz que não vai conseguir, pede anestesia, pede cesariana. Isso é um sinal  que o trabalho de parto está chegando ao fim. Nessa hora, é necessário reforçar a crença da mulher em sua capacidade de parir, e confiar nela. Quando isso acontece, ela deixa de lado todo o medo que acompanha a consciência, e se entrega. Seu corpo trabalha sozinho, seu instinto domina: ela sabe o que está fazendo, e se não sabe, seu corpo sabe." - Naoli

Nessa hora, a cabeça do bebê, em sua descida lenta, começa a fazer pressão na área próxima do intestino grosso e do ânus, e a mulher começa a sentir uma vontade incontrolável de fazer força. Parecendo com a sensação de quando você precisa evacuar. 
Muitas vezes a gestante evacua nessa hora, sendo copletamente normal, e não tem motivo nenhum para ter vergonha desse momento, pois constrangimento nessa hora pode impedir a entrega da mulher, atrapalhando assim o andamento do trabalho de parto.

Ao atingir 10 centímetros de dilatação, se inicia a fase do expulsivo.

 

O Trabalho de Parto - O Expulsivo


O expulsivo é o período do parto em que o bebê efetivamente nasce. Ele gira dentro do canal vaiginal e se encaixa dentro da pelve, para então nascer.
Enquanto faz este percurso, o corpo do bebê é apertado no canal de parto, ele é todo "espremido",  e se esvazia de tudo que estava dentro de seus pulmões e estômago. 
foto tirada do blog emmafiorezi


Os órgãos reprodutivos da mulher têm uma capacidade elástica muito grande. O útero vazio não mede mais de 8cm de diâmetro, e se expande para sustentar um bebê, sua placenta e líquido amniótico, que às vezes passam dos cinco kilos. A vagina da mulher é totalmente elastica, por isso ela abre de acordo com o bebe e depois dele passar, ela volta ao normal, ela tem o tamanho do que é inserido, ao fazer exame de toque ela fica do tamanho do dedo, ao bebe passar, ela fica do tamanho necessario para a passagem do bebe.

Além disso, o corpo da mulher produz um hormônio chamado relaxina, que "amolece" seus ligamentos e permite que até certos ossos fiquem flexíveis! Assim, a pelve da mulher também dilata para permitir a passagem do bebê. E a cabeça do bebê também se modifica para passar pelo canal de parto: ela estica. É para isso que ela tem aquelas partes moles, as fontanelas. 
As lacerações nessa hora podem ocorrer, mas na maioria das vezes elas ocorrem devido a algumas intervenções e acontecimentos como : Força na hora do periodo expulsivo, posição ginecologica (deitada), entre outras. A gestante deve ficar da forma que ela se sentir confortavel, e fazer força quando e se tiver vontade, ja que fazendo força ou não, o bebe vai ser expulso pelo corpo.
Na saida do bebe, pode ocorrer algumas sensações diferentes, existe mulheres que tem orgasmo na hora da expulsão , outras dizem que cessa assim que esta saindo e outras dizem que a contracoes aumentam.

A descida da cabeça do bebê termina com a coroação, quando o topo da cabeça aparece do lado de fora. Esta parte do canal de parto é a que tem os músculos mais fortes, e às vezes a mulher tende a contrair esses músculos por causa da dor que está sentindo. Isso dificulta a passagem do bebê, aumenta a dor e as chances de lacerações. A mulher deve tentar relaxar ao máximo a vagina durante a passagem do bebê. Existe algumas tecnicas para relaxamento nesse momento, que é vocalizar, outra forma é imaginar o bebe descendo, saindo.

Nesse momento ocorre o circulo de fogo, que é parecido com quando a mulher vai ter relacao sexual e ocorre a penetração sem librificar, tendo assim uma ardencia no canal vaginal. Apois a saida do topo da cabeca do bebe (testa) , essa ardencia diminui, ate parar.

Na maioria dos partos, o bebê para com a cabeça para fora e o corpo ainda dentro da mãe. Ele sairá na contração seguinte, que pode demorar alguns minutos. Os ombros saem um de cada vez e, depois que passam, o corpo sai de uma vez, escorregando, parece algo caindo, e a dor vai embora por completo.
Apos esse momento, se a familia estiver com uma equipe que segue a OMS  o bebê será colocado diretamente encima da barriga da mãe, nesse momento ocorre os picos de ocitocina, que é a ocitocina produzindo sensacao de amor e prazer.
Foto tirada do humanizandoideias


A ocitocina endógena, que estava sendo produzida em grandes quantidades para aliviar a dor, agora está sendo produzida sem que haja dor, passa a ser um momento de alegria, o que Michel Odent, obstetra francês, chama de momento ideal para o estabelecimento do vículo mãe-bebê. Ao expulsivo, segue-se a dequitação da placenta.

O Trabalho de Parto - A Dequitação da Placenta



O bebê nasceu! Húmido, pulsante, ele é colocado encima de ventre de sua mãe e a família finalmente se conhece. Porém, o trabalho de parto ainda não terminou e ambos, mãe e filho, ainda têm muito o que fazer!

Foto do filme Renascimento do Parto


A primeira tarefa do bebê é respirar, o que ele vai aprendendo aos poucos, durante os últimos minutos em que a placenta o alimenta através do cordão umbilical. O bebê nem sempre chora na hora em que nasce, às vezes só faz uns barulhinhos e dá um ou dois gritos maiores, depois se acalma.


Se o ambiente for tranquilo, com luz baixa e calor ambiente, ele se sentirá confortável, abrirá os olhos e olhará com muita atenção para tudo que estiver próximo dele (ele enxerga a uns 40 cm de distância, mais ou menos). Ele olhará o rosto de sua mãe e de seu pai, e ficará em estado de alerta tranquilo, observando e absorvendo tudo a sua volta.
Foto tirada do site Planodesaude


Em seguida, começará a se arrastar para o seio da mãe e o abocanhará, como mostra o vídeo acima. A felicidade da mãe chegará ao extremo graças a isso, e ela produzirá uma segunda grande onda de ocitocina endógena. Como já mencionado, a ocitocina produz contrações do útero, e isso fará com que nasça a "companheira do bebê": a placenta.

Placenta
Durante nove meses, o bebê esteve dentro do útero, tendo como únicos companheiros e objetos de interação a placenta e o cordão umbilical. Parteiras tradicionais dizem que a mulher que ainda não dequitou "não está prenha nem parida" e é importante que a placenta saia todinha, completa, pois se ficar algum pedacinho lá dentro, pode causar uma infecção ou até a morte.

Foto tirado do diarioenfermero.es

Placenta intacta
As contrações do útero, intensificadas pela ocitocina criada com a sucção do peito pelo bebê, permitem que a placenta seja expulsa, sem precisar ser puxada. Uma vez saída a placenta, o parto acabou e a parturiente passa a ser uma puérpera. É nesse momento, geralmente, que se faz a avaliação para ver se occorreu laceração, e, se necessário, fazem-se alguns pontinhos.Se a gestante estiver com uma equipe humanizada, esperaram 3 minutos (o cordão parar de pulsar) para o clampeamento , pois dessa forma terminara de passar todo o oxigenio para o bebe e diminui o risco de anemia em bebês até 6 meses.

 Foto tirada do parto com ammor

2 comentários:

  1. Ameeei o texto, até as palavras são humanizadas. Parece que dá mais força e coragem pra tentarmos um parto natural.

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