sábado, 20 de fevereiro de 2016

Tempo de congelamento do Leite Materno

  O LM deve ser congelado por apenas 15 dias, pois essa é a recomendação da ANVISA para os Bancos de Leite Humano. No entanto, recentemente o Dr. Franz Novak,Coordenador do Centro Referencia Nacional para Bancos de Leite Humano – FIOCRUZ/IFF/ICICT, enviou a seguinte mensagem à lista L-materno:


"Em verdade, existem estudos que mostram que a lípase do leite humano ordenhado possuí atividade à temperaturas inferiores a menos 18 graus Celsius, e que essa é uma reação auto-catalítica, ou seja, depois que o processo se inicia ele vai ocorrer como que se fosse estimulando pelas reações anteriores e ocorrem cada vez mais rápido e em quantidades cada vez maiores.

Curiosamente, nessa fase, a lípase do leite humano tem afinidade maior pelos ácidos graxos essenciais. Como desejamos preservar tais ácidos para participarem da mielinização do Sistema Nervoso Central do RN, assim como, de sua formação de prostaglandinas, etc. definiu-se experimentalmente o prazo de 15 dias para estocagem dos frascos de leite destinados a crianças prematuras, uma vez que as mesmas precisam muito de tais ácidos graxos.

Se observarmos na literatura, os prazos utilizados no Brasil são os mais rigorosos do mundo, mas em compensação, oferecemos os melhores leites para nossos pacientes. Por outro lado, existem diversos sites na internet, que estabelecem prazos de estocagem mais largos. Mas, praticamente, nenhum deles nos diz em que princípios tais prazos estão fundamentados.

Obviamente, acreditamos que 15 dias seja um prazo muito curto para a estocagem do leite humano durante o aleitamento materno, tanto é que em nossa rotina diária orientamos nossas pacientes a estocarem seu leite por um a dois meses, mas lembrando que estamos falando de crianças à termo e que recebem complementarmente o leite de sua própria mãe. Neste caso, o leite estocado funciona apenas como um complemento e a preocupação com a quantidade dos ácidos graxos não é tão importante, uma vez que os RN a termo recebem volumes elevados de leite, que são capazes de satisfazerem todas as suas necessidades. Ok?"

Resumindo: para consumo do próprio bebê quando a mãe trabalha fora, o LM pode, segundo o Dr. Novak, ser congelado por um período que vai de 1 a 2 meses.

Veja aqui uma tabela com detalhes sobre o tempo de armazenamento do LM:
 Foto retirada do grupo GVA



Fonte: GVA

Como ordenhar leite materno

Preparação:
  • Lave bem as mãos;
  • Se possível, ordenhe o leite em um local silencioso e tranqüilo. Imagine-se num local agradável e tenha bons pensamentos em relação a seu filho. Sua capacidade de relaxar-se ajudará a obter um melhor reflexo de ejeção de leite;
  • Aplique compressa morna nos seios por 3-5 minutos antes de iniciar a ordenha. 
Retirando o leite
  • Faça uma massagem circular seguida de outra de trás para frente até o mamilo;
  • Estimule suavemente os mamilos estirando-os ou rodando-os entre os dedos;
  • Ordenhe o leite para um recipiente limpo de plástico duro ou vidro;
  • Coloque o polegar sobre a mama, onde termina a aréola e os outros dedos por debaixo também, na borda da aréola;
  • Comprima contra as costelas e também entre o polegar e o indicador, por detrás da aréola; 
  • Repita o movimento de forma rítmica, rodando a posição dos dedos ao redor da aréola para esvaziar todas as áreas;
  • Alterne as mamas cada 5 minutos ou quando diminuir o fluxo de leite (lembre-se de repetir a massagem e repetir o ciclo várias vezes);
  • A quantidade de leite que se obtém em cada extração pode variar (não é raro que isto aconteça).
Atenção: Evite fazer isso:
1. Não aperte o mamilo, pois pode machucá-lo;
2. Passar as mãos por todo o seio,  pode machucar a pele;  
3. Se você puxar o mamilo pode machucá-lo.  
Depois da Extração:   
  • Depois da ordenha, passe umas gotas de leite nos mamilos e deixe-os secar ao ar livre.
  • A aparência do leite que se extrai cada vez é variável. Ao princípio é claro e depois do reflexo de ejeção mais branco e cremoso. Alguns medicamentos, alimentos ou vitaminas podem mudar levemente a cor do leite. As gorduras do leite bóiam ao guardá-lo.
  •  Imediatamente depois de extraí-lo, feche e marque numa etiqueta a data, hora e quantidade.


Fonte: Wellstart International - Hand
expression of Breastmilk (Tradução: Marcus Renato de Carvalho)  e Manual
Expression of Breastmilk: Marmet Technique by Chele Marmet and The Lactation
Institute

Vídeo-aula sobre ordenha manual
Fonte: GVA

Leite Congelado que Fica Rançoso!


 

 

Por: Andreia Mortensen

Algumas mães produzem uma quantidade maior de lipase (uma enzima que digere gorduras) que outras. Nesses casos o leite materno tem a tendência a ficar "rançoso", cheirar azedo. Aconteceu comigo, e infelizmente eu perdi um monte de LM congelado.
O que fazer nesses casos? Em português, achei esse site que explica direitinho
Aqui:
"Deverá verificar se o seu leite tem tendência a ficar “rançoso”. Isto acontece quando a mãe produz um leite elevado em lipase, a enzima responsável por diminuir a gordura do leite. O que fazer: testar, congelando o seu leite, e descongelar passado uma semana. Se cheirar a ranço, deverá passar a aquecer o leite extraído, mas sem o deixar ferver, e depois arrefecê-lo rapidamente e congelá-lo."
A sugestão então é de ESCALDAR o LM logo após extrair, ou seja, aquecer numa panela até começar a formar bolhas no canto. Mas NÃO ferver. Viu as primeiras bolhinhas, desliga a panela, põe o leite no frasco de armazenamento, esfria-o rapidamente (faço isso em água corrente fria), e congela.
Testei meu leite após o escalde, e beleza, sem cheiro nem gosto azedo.
Casos assim são raros, mas acontecem. Vale a pena então testar como diz acima.
Agora a pergunta: Esse leite escaldado não perde suas propriedades?
Sim, perde algumas, o escalde mata alguns anticorpos. MAS mesmo assim ainda é melhor que LA! E se você puder continuar amamentando o bebê direto do seio pela manhã, noite e finais de semana, o bebê vai continuar recebendo esses fatores imunológicos tão importantes, não é?


Observações:
1) Nem sempre o bebê rejeita o leite rançoso (alguns bebês não se importam e tomam o LM mesmo se estiver assim) então é importante que a mãe faça o teste com o bebê para ter certeza se precisa mesmo escaldar o LM antes de congelar.
2) Se você tem um estoque de LM e percebeu que ficou rançoso pode tentar usar este LM misturado com frutas, assim talvez o bebê aceite e você não precisará jogar fora este leite.
Fonte: GVA.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Relato de violência obstétrica - cesárea

Relato de Violência Obstétrica 


Por: Parvaty Pirani





A dois anos atrás, gravida do primeiro filho, fui procurar um medico da rede privada, onde comecei o meu pré natal. Hospital referencia a assistência humana, mas de assistência, aquele hospital passava longe.

Fiz um ótimo pré natal, com um maravilhoso Cirurgião obstétrico. Porque cirurgião? Porque é exatamente o que o hospital faz, leva todas as mulheres no final, para uma cirurgia de grande porte, escondendo as reais indicações e o risco em que essa mulher está correndo juntamente com o seu filho, ao passar por essa cirurgia, que é considerada de grande porte.

Então vamos aos fatos..

O pré natal foi ótimo, meu medico tentou me convencer de ter um parto normal ( o único do hospital a tentar me convencer), porém ele não assiste esse tipo de via de nascimento, (ao dizer isso conseguimos entender que o hospital apenas faz cesariana sem nenhuma indicação).

Eu, na minha falta de conhecimento, optei pela cesariana sem real indicação, onde o medico me propôs que eu entrasse em trabalho de parto (esperar o bebe estar pronto para viver fora do útero), e assim fechamos o nosso acordo.

Gestação foi caminhando bem, apesar de algumas intercorrência (anemia), mas, infelizmente, durante toda a gestação eu sofri violência obstétrica, exames de toque sem nenhuma necessidade,não foi pelo medico do meu pré natal, ele sempre me respeitou, mas sim por todo o resto . Se eu chegava com gripe, eles faziam exame de toque, se eu reclamava do dedo do pé, eles faziam exame de toque, e por ai caminhava a minha gestação, cheia de violência.

Entrando no sétimo mês, eu obtive descolamento da placenta, para quem desconhece, o descolamento da placenta é indicação de cesariana , quando ocorre fora do período expulsivo.

O meu medico me explicou sobre o descolamento, me informou sobre a indicação de cesariana caso chegasse ao grau 4 sem entrar em trabalho de parto. Mas, como estávamos no inicio, continuamos caminhando com o nosso acordo. Na ultima consulta, o medico me pediu que eu não fosse no hospital sem ele estar lá, caso contrario, eu iria para uma cesariana sem nenhuma necessidade.


E assim aconteceu...

Um belo dia, após lavar as roupas do meu filho, fui ao hospital, pois eu estava muito cansada, devido a anemia. Fui atendida por uma obstetra maravilhosa, ela ouviu os batimentos cardíacos, fez o exame de toque (apesar de desnecessário) disse que estávamos muito bem, e pediu que eu fizesse ultrassom e exame de sangue para verificar a anemia (que justificava o meu cansaço) e o descolamento da placenta (como de praxe). E assim foi feito. Mas, infelizmente, o plantão trocou, e estava la, um medico, que não posso nem classificar ele como obstetra e não deveria nem ser chamado de medico, aquele ser. Não desejo um ser daquele para nenhuma gestante. Nem olhou para a minha cara, nem perguntou como eu estava, nem olhou para os exames, apenas me mandou para a cesariana. Sim, me mandou sem nem perguntar o meu nome. O meu marido tentou falar, foi ignorado, eu tentei falar, fui silenciada. Ele apenas virou para a enfermeira e a ordenou que tirasse a minha roupa, colocasse a roupa do hospital e me levasse para o CO, de cadeira de rodas. A enfermeira obedeceu de prontidão. Fui levada, chorando, implorando pelo meu marido, e meu direito de acompanhante foi negado juntamente com o direito sobre o meu próprio corpo. 


Fui largada na porta do CO, fiquei la por um tempo enquanto arrumavam o local de abate. Foi nesse momento, único , que escutei a voz daquele ser , se dirigindo a mim, onde ele me falou "O seu filho tem mais chances de morrer , do que você." , claro que tinha, ele estava apenas com 32 semanas, sete meses completo, não deveria vir ao mundo.

Então, começou a cena de tortura.. Me sentaram, pediram para que eu ficasse totalmente encurvada para frente, para eles aplicarem a anestesia, e eu não conseguia, por motivos óbvios, a minha deficiência me impede de conseguir fazer esse tipo de movimento, principalmente sem o meu aparelho ortopédico (que eles não permitiram que entrasse na sala de CO comigo), então eu informei a eles que eu não conseguia, foi ai que surgiu a primeira ameaça:

- "Se você não fizer o que estamos ordenando, abriremos a sua barriga sem anestesia. Você quer?"

Depois de muitos xingos , finalmente conseguiram aplicar aquela maldita anestesia. Me amarraram, e continuaram com o circo de horrores. Piadinhas, conversas paralelas, comemorações porque a enfermeira conseguiu raspar os pelos pubianos. E hora nenhuma lembraram que existia um ser no meio daquela mesa, um ser que eles estavam cortando, e estava ouvindo toda aquela palhaçada. Em uma tentativa de valer algum direito meu, perguntei para o anestesista o que ele estava aplicando na minha veia, e ele respondeu "sossega leão, pra vê se você fica quieta", então eu perguntei o porque eu estava amarrada e ai veio mais uma piadinha "Pra você não fugir" .


Ah, porque claro, eu ia conseguir fugir anestesiada , ok!!


Logo em seguida eu informei que eu estava muito enjoada, e então o anestesista me disse "-Vomita ai." , Sim, simples assim, era para mim vomitar em mim mesmo, qual o problema né?!

Tiraram então o meu filho de dentro da minha barriga, e eu não o vi. Ele foi levado correndo, em meio desespero, pela pediatra que suplicava uma encubadora para o meu filho. O medico ignorou o desespero e continuou a cirurgia, foi quando eu percebi o olhar de preocupação dele , e ele disse para a enfermeira que eu estava tendo uma hemorragia.

Hemorragia bem obvia, já que a cesariana tem uma chance gritante de hemorragia, ainda mais em uma gestante com anemia.

Após finalmente estancarem e fecharem a minha barriga, ele resolveu lembrar que eu existia e me disse  _"Lava bem a cicatriz quando tomar banho."


Fui largada la novamente, sem ninguém, todos foram embora, ninguém me informou aonde estava meu filho. Alguns minutos depois, volta a enfermeira para me fazer perguntas como "Qual o seu endereço?". Então eu pedi que fosse pedir ao meu marido para responder as perguntas, pois eu não estava bem, a anestesia já estava indo embora, e eu já começava a sentir tudo. Ela , claro, me ignorou e continuo a perguntar.

Após acabar com o interrogatório sem necessidade alguma, fui levada para a sala de recuperação, onde eles esperam passar a anestesia. Chegando lá, informei novamente que a minha anestesia já havia passado, e então fui desmentida pela enfermeira, onde ela disse que isso é impossível acontecer, então eu continuei dizendo que tinha sim passado, e ela me disse :

_"Passou é? Então levanta a perna, quero ver." Então fiz o que ela pediu.

Minutos depois , depois de muito insistência minha, ela resolveu pedir para me liberarem.

Fui para o meu quarto, junto com uma outra menina, então pedi que avisassem o meu marido, coisa que eles não haviam feito,. Não avisaram que o bebe havia nascido, não informaram que já tinha acabado a cirurgia, e nem que eu estava no quarto. E mais uma vez foi negado o meu direito de acompanhante, não permitiram que ele ficasse no quarto comigo. Então eu pedi que ao menos me deixassem por o meu aparelho ortopédico, para que eu conseguisse me movimentar, depois de muito insistir, eles permitiram que eu usasse a minha órtese.

Quando foi 4h da manhã a enfermeira chegou no quarto, e eu perguntei do meu filho, e ela disse que não podia me informar nada. E foi assim ate as 13h da tarde, onde eu finalmente consegui ver o meu filho por um vidro.


Os trés dias no hospital eu fui proibida de tocar no meu filho, de amamentar, fui violada de todas as maneiras.

Chegou o dia da alta, me deram alta sem nem olhar para a minha cara, quando eu estava indo embora, topei com uma medica, e então ela pediu que eu voltasse para o meu quarto, pois eu estava pálida. Então foi feito o exame de hemograma, constatando uma anemia profunda, fruto da hemorragia cirúrgica. Foi me dado noripurum intravenoso e uma receita para continuar o tratamento em casa. Eu fui pra casa e o meu filho ficou. Como toda mãe de prematuro, eu voltei ao hospital nos horários que teoricamente , me permitiriam amamentar, mas, não foi o que aconteceu, eles davam LA para ele, mesmo eu ligando antes, pedindo para não dar, pois eu queria amamentar. Mas, o meu direito me foi negado.

No dia da alta, eu sai do hospital com uma receita de LA, foi a única coisa que me fizeram, não me informaram mais nada, nem sobre os cuidados com um recém nascido, e nem como amamentar.


Alguns meses depois, descobri que tudo o que aconteceu comigo, tinha nome e sobre nome Violência obstétrica. Mas, já era tarde, eu não tinha me empoderado antes, não podia voltar atrás. A única coisa que me cabia era denunciar ou não.
Eu, como muitas das mulheres vitimas de violência obstétrica, entrei em depressão pós parto logo após nascimento.

Quando eu resolvi finalmente entrar com a denuncia, ao pegar o prontuario (diga se de passagem, foi muito difícil voltar ao hospital, entrei em panico na porta daquele lugar), vi que nele não constava nenhum nascimento, isso mesmo, eu não havia tido nenhuma cesariana naquele lugar. 




Meses depois, descobri uma nova gestação. Que contarei no próximo post.

O nascimento do meu segundo filho, e uma luta contra o sistema cesarista que nos cerca.


Relato de Parto de Paula Dias


Por Paula Dias

"Bom eu gostaria de começar esse post de forma menos obvia dizendo que foi um momento inexplicável em minha vida e sem dúvidas mais especial."

"No dia 02/06/2015 ás 06:00 da manhã toca o despertador, era hora de me arrumar para mais uma consulta do Pré Natal da minha Princesinha e talvez a penúltima pois teria uma no dia 09/06/2015 e a data estimada do parto seria após o dia 10/06/2015. Então o meu amor se levanta e me acorda pois já estávamos um pouco atrasados e com muito sono me levanto, pensando que quando retornasse para casa poderia descansar novamente. Peguei meu cartão do pn e meu tio nos levou até perto do posto ao qual iríamos. Descemos do carro e já era 06:50 faltava apenas 10 minutos. Ao chegar no posto fui a primeira a ser chamada para pesar e medir a pressão e então a enfermeira me disse rindo: “ A próximo consulta será no dia 9 ! Mas talvez sua bebê já tenha nascido. ” e então respondi rindo: “ Ainda estou firme, talvez eu venha ! ” e depois disso retornei a sala de espera. Durante o tempo que faltava para a médica chegar eu e meu amor ficamos conversando, fazendo alguns planos para a tarde daquele dia e jogando candy crush soda rs. Entorno de 40 minutos depois a médica chega e é minha vez de passar pela consulta. Ao entrar na sala da médica nós comprimentamos pois ela era super simpática, me perguntou como eu me sentia e eu disse que muito bem então fomos ouvir o coração da minha bebê e como sempre estava ótimo rs. Depois disso ela me falou alguns sintomas de trabalho de parto que eu poderia sentir depois de alguns dias pois já estava de 38 semanas e 6 dias e que se eu sentisse deveria ir a maternidade e caso não acontecesse isso retornasse a próxima consulta. Também me deu uma carta para naquele mesmo mesmo dia após sair de lá ir à maternidade fazer um exame para ver os batimentos cardíacos da bebê, a cardio. Ao sair da sala então disse ao meu marido que precisaríamos ir a maternidade naquela manhã e já eram umas 09:00 horas. Voltamos para casa, tomamos nosso café e fomos pegar o ônibus que nos levaria até perto do hospital. Pelas 10:12 o ônibus passou, entramos e sentamos no primeiro banco e resolvemos que antes de dar entrada na mater para realizar o exame iriamos comer alguma coisa pois lá seria muito demorado então descemos do ônibus em frente à um mercado comemos alguma coisa, tomamos um suco e até pagamos um salgado para um mendigo que estava na praça e seguimos para o hospital. Já se passavam das 11:00 da manhã.Chegamos na mater então meu amor foi direto a recepção entregar a carta e meu cartão para passar pelo médico e fazer o exame. Depois de alguns minutos me chamaram para medir a pressão e então voltei a recepção com meu marido para esperar até o médico me chamar, sem saber o porque eu estava muito aflita, com medo e angustiada. Me chamaram e lá estava o médico me esperando, já nos conhecíamos por isto ele quis ficar mais “ a par ” da minha gravidez. Ouvimos o coração da bebê, fizemos mais alguns exames e depois de uns minutos fiz a cardio. Depois disso novamente fui a recepção com meu marido esperar o resultado o médico me chamou para falarmos sobre o exame, pois eu já estava com 1 cm de dilatação e perdendo líquido, então mandou que eu pedisse ao meu marido que fizesse minha internação, eu já estava muito nervosa ! Então o Lucas assinou os papéis e a partir daquele momento eu já não poderia mais sair da maternidade. As horas foram passando, e o Lucas continuava lá comigo até que chegou a noite do dia 02/06, onde ele precisou ir embora, considera essa uma das piores noites pois dormir sozinha era algo que eu não estava a costumada. Durante a madrugada ouvia gritos das mulheres desesperadas tento parto normal e isso me assustava. Amanheceu o dia, e o meu marido depois de algumas horas já estava lá, avisei a ele que faria um ultrassom naquele momento e ao fazer veio um SUSTO, havia constado que eu teria um menino, eu e meu marido ficamos surpresos com a notícia então pedi ao médico mais um ultra para confirma, fiz novamente, e tive a certeza que era uma menina. O dia foi passando, até que a noite chegou, havia 2cm de dilatação mas nada de dor. Era hora do meu marido voltar para casa e arrumar as coisas da nossa pequena! Mas um tempo passou, quando de repente começou aquela dor, dor, dor, dor e mais dor e eu ali sozinha, 6cm de dilação, ligaram para minha mãe e meu marido irem até a maternidade, eles chegaram, 2 horas e 30 minutos de banho quente, dor, mais dor, mais dor, e meu marido e minha mãe ali ao meu lado.

Eu já não estava aguentando, era forte demais. até que ao virar sobre a cama minha bolsa estourou, meu Deus e aquela dor somente aumentava e o desespero tomava conta de mim, gritava, chorava, o Lucas como sempre ali ao meu lado, segurando minha mão, dizendo "você consegue", "já esta nascendo", já havia completado os 10cm de dilatação em menos de cinco horas. Então chegou a hora de irmos para a sala de parto, com o Lucas segurando minhas mãos fizemos alguns agachamentos, mais força e em vinte minutos dia 04/06/2015 ás 2:50 da manhã minha princesa estava sobre o meu corpo.  Uma dor inexplicável mas com uma recompensa divina !  Ao vermos nossa filha pela primeira vez uma sensação maravilhosa tomou conta de nós, parecia mentira, mas era o momento mais desejado e esperado da nossa vida.

Foram as 39 semanas mais esperadas, a ansiedade mais intensa e o amor sem medida que só crescia, estava ali em nossos braços o fruto do nosso amor."

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O que é violencia Obstetrica?

Muitas pessoas já passaram por alguma intervenção durante o pré natal, parto e pós parto. Sim, antes do parto TAMBÉM é violência obstétrica.


Vamos entender o que é essa violência?



Violência é considerado todo e qualquer intercorrência desnecessária que pode vir ocorrer durante o pré natal, no parto ou no pós parto. Desde a recepção ate os médicos.
Uma a cada a quatro mulheres sofrem violência obstétrica no Brasil, e o mundo inteiro desconhece , inclusive as que foram violentadas.

Segundo Adelita Gonzales, enfermeira obstetra e professora da PUCPR, médicos e enfermeiros são, geralmente, formados com a visão de que eles sabem o que é melhor para a paciente, o que faz com que certos procedimentos tidos como padrão sejam realizados mesmo quando desnecessários. Entre as violências testemunhadas em maternidades curitibanas, Adelita cita: 

• Jejum forçado;
• Isolar a mulher e não permitir acompanhante;
• Restringir a gestante ao leito, para que não se movimente;
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• Amarrar a mulher à cama;
• Utilizar meios farmacológicos sem autorização;
• Induzir o parto;
• Episiotomia (corte entre a vagina e o ânus para facilitar a passagem do bebê);
• Manobra de kristeller (quando a barriga é empurrada por enfermeiras);
• Não deixar que a mulher grite ou converse;
• Agressões e humilhações verbais: “Se você não me obedecer, saio daqui e você vai ter o bebê sozinha”; “Na hora de fazer, não doeu”; “Se você não ajudar, seu bebê vai morrer”.

Aqui vai mais alguns critérios considerados violência obstétrica, divulgado pelo Ministério Público:

http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/41/violencia%20obstetrica.pdf

A OMS publicou uma nota dizendo a respeito da violência obstétrica:
 “No mundo inteiro, muitas mulheres sofrem abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto nas instituições de saúde. Tal tratamento não apenas viola os direitos das mulheres ao cuidado respeitoso, mas também ameaça o direito à vida, à saúde, à integridade física e à não-discriminação. Esta declaração convoca maior ação, diálogo, pesquisa e mobilização sobre este importante tema de saúde pública e direitos humanos”, diz a abertura da publicação intitulada Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde. No Brasil, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência no atendimento ao parto segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo.

Um dos casos que mais repercutiu a respeito de violência contra a mulher, foi o caso da Adelir , que foi retirada da sua casa em trabalho de parto , por policiais , obrigando a fazer uma cesariana sem nenhuma Real indicação. Apenas por capricho medico , tirando completamente o Direito sobre o próprio corpo.

Segue o caso:

http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/04/02/noticia_saudeplena,148157/mandado-judicial-retira-mae-em-trabalho-de-parto-de-casa-para-obriga.shtml

Infelizmente casos como esses:  cesariana falsa indicada. É mais do que comum no nosso brasil. O problema é quando o sistema nos cala, o problema é quando a justiça nos cala. No qual dá para entender o porque o Brasil tem um alto número de cesariana sem nenhuma indicação, no sus chega a 56% ou mais e no particular é 80% a 100% de cesariana eletiva, onde a OMS recomenda 15%.

Durante o pré natal, as violências obstétricas são:
  • Negar atendimento a mulher ou dificultar;
  • Fazer um pré natal negligente
  • Ofender, humilhar a gestante ou alguém da família
  • Comentários constrangedor 
  • Agendar cesariana sem nenhuma indicação REAL;
  • Exames de toque.

Fui vitima de violência obstétrica, o que fazer?
Denunciar no CRM, Ministério Publico Federal, Ministério da saúde (136).
Ligar para 180 ; Pegar o seu Prontuário e procurar Defensoria Pública

Segue alguns relatos de violência obstétrica:

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/na-hora-de-fazer-nao-gritou
http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/08/vitimas-da-violencia-obstetrica-o-lado-invisivel-do-parto.html
http://www.bolsademulher.com/bebe/atriz-vitima-de-violencia-obstetrica-relata-momentos-do-parto-entenda-o-caso
http://apublica.org/2013/03/na-hora-de-fazer-nao-gritou/




domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tampão mucoso

Entendendo Melhor o Tampão Mucoso

Por Adele Valarini


Hoje pela manha, recebi a mensagem acima de uma gestante querida. Fiquei muito empolgada com a imagem (e com a notícia) e resolvi aproveitar a deixa para fazer uma postagem explicando um pouco melhor o que é o tampão mucoso.
Espero que gostem! (Atenção: imagens fortes!)




O que é o tampão mucoso?

O tampão mucoso é, como o nome diz, um muco. Ele é produzido no colo do útero durante toda a gestação e faz uma função de "rolha", vedando o acesso e impedindo que bactérias externas cheguem até o interior do útero.

 

Quando e como ele sai?

Durante a gestação, o colo do útero mantém-se fechado, grosso e posterior, como se vê na imagem abaixo. O tapão mucoso está bem preso dentro do colo, cumprindo seu papel e vedando a entrada.





No final da gestação, ou no início do trabalho de parto (varia de mulher para mulher), o colo do útero, sob efeito dos hormônios e das contrações, começa a se modificar. Ocorrem duas coisas, que podem ser simultâneas ou não: o colo se apaga (fica mais fino e curto) e começa a dilatar. O tampão mucoso começa a sair quando o colo do útero começa a apresentar essas alterações, pois a abertura vai ficando maior e as paredes do colo uterino vão ficando mais finas e moles, e não o prendem mais.




Algumas mulheres apresentam apagamento do colo uterino, mas sem dilatação, bem antes do parto, outras apresentam apagamento e também dilatação (sobretudo as multíparas) e outras ainda não apresentam nem apagamento nem dilatação antes do início do trabalho de parto (com frequência as primíparas). Isso significa que algumas mulheres vão perder o tampão antes do início do trabalho de parto enquanto outras só vão perder o tampão quando entrarem efetivamente em TP.





O tampão mucoso nunca deixa de ser produzido. O colo continua se lubrificando mesmo depois de iniciado o trabalho de parto, e o tampão sai continuamente, o que ajuda a evitar a entrada de bactérias externas no interior do útero mesmo depois de iniciada a dilatação. Por isso, é comum as mulheres que perdem o tampão antes do trabalho de parto perderem o tampão mais de uma vez.

Como ele é?

No momento da produção, o tampão mucoso é transparente, e tem uma consistência parecida com a de uma meleca de nariz ou de uma clara de ovo um pouco mais sólida, mas ele pode adquirir uma aparência esbranquiçada ou amarelada e ficar ainda mais sólido durante sua permanência no colo uterino.






Às vezes saem apenas pedacinhos pequenos de tampão:





Outras vezes saem pedaços bem grandes:

 


No momento em que o tampão começa a sair, ele muitas vezes é acompanhado de pequenas quantidades de sangue, que vão aumentando conforme a dilatação vai progredindo.















Espero que tenham gostado do post! Sintam-se à vontade para linkar mais imagens do tampão aqui nos comentários!



















Recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) no atendimento ao parto normal



A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma classificação das práticas comuns na condução do parto normal, orientando para o que deve e o que não deve ser feito no processo do parto. Esta classificação foi baseada em evidencias científicas concluídas através de pesquisas feitas no mundo todo.

CATEGORIA A:


PRÁTICAS DEMONSTRADAMENTE ÚTEIS E QUE DEVEM SER ESTIMULADAS:


· Plano individual determinando onde e por quem o nascimento será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação e comunicado a seu marido/companheiro e, se aplicável, a sua família;

· Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto, e ao longo deste último;

· Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao término do processo de nascimento;

· Oferta de líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto;

· Respeito à escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações;

· Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante;

· Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto;

· Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto;

· Respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e parto;

· Fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem;

· Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto;


· Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente;


· Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de materiais reutilizáveis, durante todo o trabalho de parto e parto;


· Uso de luvas no exame vaginal, durante o parto do bebê e no manuseio da placenta;

· Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto;

· Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto;

· Monitoramento cuidadoso do progresso do parto, por exemplo por meio do uso do partograma da OMS;

· Administração profilática de ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência da perda de até uma pequena quantidade de sangue;

· Condições estéreis ao cortar o cordão;

· Prevenção da hipotermia do bebê;

· Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre aleitamento materno;

· Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares;

CATEGORIA B:

PRÁTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM SER ELIMINADAS:

· Uso rotineiro de enema;

· Uso rotineiro de tricotomia;

· Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto;

· Cateterização venosa profilática de rotina;

· Uso rotineiro de posição supina (decúbito dorsal) durante o trabalho de parto;

· Exame retal;

· Uso de pelvimetria por Raios-X;

· Administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permite controlar seus efeitos;

· Uso de rotina da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto;

· Esforço de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o 2º estágio do trabalho de parto;

· Massagem e distensão do períneo durante o 2º estágio do trabalho de parto;

· Uso de comprimidos orais de ergometrina no 3º estágio do trabalho de parto, com o objetivo de evitar ou controlar hemorragias;


· Uso rotineiro de ergometrina parenteral no 3º estágio do trabalho de parto;

· Lavagem uterina rotineira após o parto;

· Revisão uterina (exploração manual) rotineira após o parto;


CATEGORIA C:


PRÁTICAS EM RELAÇÃO AS QUAIS NÃO EXISTEM EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA RECOMENDAÇÃO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATÉ QUE MAIS PESQUISAS ESCLAREÇAM A QUESTÃO:


· Métodos não farmacológicos de alívio de dor durante o trabalho parto, como ervas, imersão em águas e estimulação dos nervos;

· Amniotomia precoce de rotina no primeiro estágio do trabalho de parto;

· Pressão do fundo durante o trabalho de parto;

· Manobras relacionadas à proteção do períneo e ao manejo do pólo cefálico no momento do parto;

· Manipulação ativa do feto no momento do parto;

· Uso rotineiro de ocitocina de rotina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de parto;

· Clampeamento precoce do cordão umbilical;

· Estimulação do mamilo para estimular as contratilidades uterina durante o 3º estágio do trabalho de parto.


CATEGORIA D:

PRÁTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO:


· Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto;

· Controle da dor por agentes sistêmicos;

· Controle da dor por analgesia peridural;
· Monitoramento eletrônico fetal;

· Uso de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao trabalho de parto;

· exames vaginais repetidos ou freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviço;

· Correção da dinâmica com utilização de ocitocina;

· Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto;

· Cateterização da bexiga;

· Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a mulher sinta o puxo involuntário;

· Adesão rígida a uma duração estipulada do 2º estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do trabalho de parto;

· Parto operatório;

· Uso liberal e rotineiro de episiotomia;

· Exploração manual do útero após o parto.

Quero um parto normal, mas não tenho apoio do companheiro ou da família


Quero um parto normal, mas não tenho apoio do companheiro ou da família



Por Gisele Leal 

Lutar pelo direito de parir dignamente no país das cesáreas e das intervenções violentas, desnecessárias e que são adotadas como protocolo de rotina nas instituições publicas e privadas Brasil a fora, é apenas o primeiro exercício de autonomia da maternidade que logo você terá que exercer.
Sair do confortável e cômodo papel de filha ou esposa (mulher sensível e que necessita de proteção e que, portanto, precisa que tomem decisão por si) para o papel de si mesma. Mulher madura, forte, decidida, que toma as decisões por si. O papel mais importante de sua vida. O papel principal. Não o papel de figurante ou coadjuvante. Não o papel de filha do fulano e da cilcana. Ou o papel de esposa do beltrano. Mas o papel de Fulana de Tal, que desempenha várias funções. Filha, mãe, esposa, profissional. Essa é a sua primeira grande chance de se despir das fantasias e desnudar-se frente à sociedade patriarcal onde a mulher sempre tem o papel secundário, terciário, n-ário.
 Muitas mulheres me escrevem, diariamente, desabafando sobre a vontade de ter um parto normal (muitas após uma ou mais cesáreas) e discorrem sobre a dificuldade de encontrar apoio no companheiro ou na mãe, nos familiares. A grande maioria, conta como conseguiriam num estalar de dedos apoio para agendar a cirurgia de grande porte para extrair seus bebês, ainda em formação, de dentro de seu útero. A grande maioria, conta como são responsabilizadas “se algo acontecer com o bebê”, como se por um infortúnio da natureza, o útero fosse um perigoso calabouço que aprisiona a pobre e indefesa criança. A grande maioria não tem forças para se desvencilhar dessa rede em que ela mesma, ao longo de toda uma vida, se aprisionou. A rede do sistema, para o qual, o controle dos corpos e das mentes, é a mais lucrativa e próspera atividade. A grande maioria não consegue ver que este dilema, é apenas o primeiro de toda uma série de dilemas que esta mulher irá atravessar ao tentar desempenhar o papel de mãe desta criança
Quando uma criança nasce, nasce com ela uma mãe. Será mesmo? Pois eu aposto que nascem primeiro as avós, as tias, as madrinhas, as tias-vizinhas, tias-amigas e até os pais. E depois a mãe. A mãe é a ultima a ser ouvida, a ultima a ser consultada. A primeira a ser bombardeada. Nem bem chegou em casa (e na maioria das vezes com uma baita cirurgia na barriga), com as dores e limitações do pós cirúrgico, e deve receber para conhecer seu bebê pessoas que nem ela mesma conhece. Amigos de trabalho do marido, do seu pai, vizinhas e amigas da sua mãe. Todos querem mostrar o bebê. Ninguém se lembra que a mulher, mãe deste bebê precisa de descanso, repouso e paz. Para se recuperar, para maternar. E mesmo que o parto tenha sido normal, sem muitos motivos para recuperar-se fisicamente, essa mulher está (ou deveria estar) mergulhada em seu luto particular, o puerpério. Momento em que ela vai se despedir de seu outro eu, antigo agora morto, para conhecer e se conectar com o seu novo eu.
As pessoas chegam para visitar, e nós sabemos que na melhor das boas intenções, despejam sobre a mulher um bombardeio de mensagens subliminares:
– ô tadinho… está nervoso!
– hum… seu bebê chora muito. Deve estar com fome
– hum… seu bebê está com cólica.
Outras são mais diretas:
– nossa! Vc não deu chupeta ainda? Dê uma chupeta, verá como seu bebê irá se acalmar
– seu bebê está com fome. Seu leite é fraco. Eu já teria dado mamadeira. Dei pros meus 3 filhos e estão todos fortes e vivos
– Dê o remédio pra cólica. Isso é cólica, vc não sabia?
– Meu filho também arrancou o bico do meu seio. Nunca mais amamentei.
A mulher, fica sem saber o que dizer ou como reagir. A pulga foi colocada atrás de sua orelha, e a partir daí, ela questionará todas as suas ações. O desmame é certo, o método nana-nenê passa a ser colocado em prática, o vínculo mãe-bebê não se forma tão facilmente como poderia se formar. Mãe e bebê sentem-se estranhos um ao outro. E o choro do bebê torna-se cada vez mais intenso, mais forte e mais freqüente trazendo à essa mãe a certeza de que os outros é que estavam certos, e que se ela os tivesse ouvido seu bebê não seria essa criança tão difícil.
Um festival de palpites sem noção, que não ajudam em nada e que impedem essa mulher de desenvolver e exercer a sua própria autonomia no papel que é só dela!
Desenvolvi um pouco a questão de como as pessoas próximas a nós podem destruir, mesmo sem querer, o que idealizamos como lindo e prazeroso no pós-parto para que você entenda a questão do parto ao qual muitas encontram como a primeira dificuldade.
Não é apenas coincidência ou semelhança. Tenho certeza que esse tema daria uma tese. As mesmas afirmações e palpites que recebemos no pós parto para o bebê, recebemos durante a gestação, e conforme o parto se aproxima este fenômeno se intensifica, deixando a mulher mais sensível ainda, mais insegura, mais perdida do que nunca.
– Seu bebê vai passar da hora! Agende logo a cesárea!
– Nosso outro filho nasceu de cesárea e está ótimo! Porque você inventou isso agora? Se algo acontecer com o nosso bebê a “culpa” será toda sua!
– Essa coisa de parto natural é bobagem! Nós não temos mais o estilo de vida de nossas avós que lavavam roupa de cócoras no rio. Hoje em dia a cesárea é o parto natural.
– Eu não tive dilatação, você também não vai ter. É de família! (aqui pode substituir dilatação por passagem também).
– Xiiii quanto mais você espera, mais o cordão enrola no pescoço do bebê! Opere logo!
Quantas mensagens do quão seu corpo é defeituoso e do quão você é uma péssima mãe por estar colocando seus caprichos em primeiro lugar sem pensar na segurança do seu bebê, não é mesmo?
Eu sei como você se sente. Sim, eu sei. Eu já passei por isso… Muitas de nós passamos. Agora esqueça tudo isso e venha aqui que vou te contar uma coisa que aprendi, para que você mude essa situação agora, e não tenha mais que ouvir tanta baboseira.
– Não tenha medo ou vergonha de se impor. Você tem o direito de se impor. É SUA vida, SUA gravidez, SEU bebê, SEU corpo. Você tem o direito de se impor e ponto. Se você não se impor agora, vai ter que se impor lá na frente e quanto mais você posterga esse momento de tomar pra si a sua própria vida, mais sofrimento haverá. Quanto mais você deixar as pessoas decidirem por você, mais elas gostarão de fazer isso. Mais elas se sentirão no direito de assim fazer. Mais difícil fica de se tornar dona de sua própria vida. Além do mais as pessoas SEMPRE nos julgarão. Ou você será julgada porque se impôs e é uma mal agradecida, ou porque não se impôs e não tem boca pra nada, é uma tonta como gostam de rotular.
– Um relacionamento é um exercício de autonomia de pessoas que convivem sobre o mesmo teto e que teoricamente tem objetivos em comum. A gestação e a criança que nascerá são objetivos comuns. O parto é o meio. O parto diz respeito ao seu corpo. Ter ou não ter a sua barriga cortada, sua vagina cortada, seu emocional respeitado ou dilacerado neste momento diz respeito a você. É você quem vai sofrer as conseqüências e levar pra o resto de sua vida as boas ou más impressões que o parto *ou não-parto* deixou. Seu companheiro nunca vai passar por isso pra entender, a menos que vocês sejam um casal de mulheres e que sua companheira também decida engravidar no futuro (aliás imagino que deva ser muito mais fácil discutir isso com uma companheira do que com um companheiro!)
– Estatisticamente você opta pela via menos arriscada de ter um filho, quanto opta por um parto normal (menos arriscada para você e para seu bebê). Riscos existem em tudo, até ao atravessar a rua. O que você, como mulher informada, empoderada e responsável por suas próprias decisões pode fazer é escolher o que há de melhor pra você e pro seu bebê. E estatisticamente a melhor escolha é um parto normal com o menor número de intervenções possíveis. Cada intervenção aumenta o risco do processo. Então quando ouvir: você está inventando isso e será culpada se algo acontecer bla bla bla, rebata: Eu estou escolhendo SIM a forma mais segura para nosso filho nascer, conforme mostram as estatísticas e conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde. E se acontecer alguma coisa, eu não terei culpa alguma. Fatalidades acontecem, até ao atravessarmos uma rua.
Comece agora, enquanto seu bebê ainda está em seu útero, a exercer a autonomia que lhe pertence. Conquiste o seu direito de ter o papel principal na história da sua vida. Isso nunca lhe será dado. Você terá que conquistar. Lutar pelo direito de parir é apenas o primeiro exercício de autonomia da maternidade que logo terá que exercer, e que virá com uma carga muito pesada se você não se impor e se colocar como mãe desta criança desde já.

Parto em Casa é Seguro




Por: Melania Amorim, MD, PhD

Parto em casa é seguro

Li com atenção a interessante matéria do Guia do Bebê sobre Parto em Casa. Efetivamente, a recente notícia de que o parto da modelo Gisele Bundchen foi assistido nos Estados Unidos em sua própria residência, dentro da banheira, teve grande repercussão na mídia e despertou grande interesse em diversas mulheres, além de debate por diversas categorias profissionais.
Entretanto, mesmo bem preparada, a matéria peca por apresentar apenas o ponto de vista de uma única obstetra, sem considerar a visão de diversos outros profissionais que podem participar da assistência ao parto e, sobretudo, sem analisar a opinião das mulheres.
Como obstetra, pesquisadora e integrante do Movimento de Humanização do Parto no Brasil, não poderia deixar de contrapor a este ponto de vista, digamos, “oficial”, por refletir a opinião de grande parte dos médicos-obstetras em nosso País, considerações baseadas não em “achismos” ou receios, mas em evidências científicas.
O parto em casa, conquanto seja uma modalidade ainda pouco freqüente no Brasil, representa uma realidade dentro do modelo obstétrico de diversos outros países, como a Holanda, onde 40% dos partos são assistidos em domicílio, dentro do Sistema de Saúde. Mas vários outros países europeus e até os EUA contam com estatísticas confiáveis pertinentes aos partos atendidos em casa, e é impossível falar em RISCOS ou SEGURANÇA sem considerar os resultados dos diversos estudos já publicados sobre o tema.
Em 2005, chamou a atenção a publicação de um interessante estudo analisando os desfechos de partos domiciliares assistidos por parteiras na América do Norte: “Outcomes of planned home births with certified professional midwives: large prospective study in North America”[http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/330/7505/1416?ehom]. O estudo incluiu 5418 mulheres. A taxa de transferência para hospital foi de 12%, com uma taxa de cesariana de 8, 3% em primíparas e 1,6% em multíparas.
A frequência de intervenções foi muito baixa, correspondendo a 4,7% de analgesia peridural, 2,1% de episiotomias, 1% de fórceps, 0,6% de vácuo-extrações e uma taxa global de 3,7% de cesarianas. A taxa de mortalidade perinatal (intraparto e neonatal) foi de 1,7 por 1.000, semelhante à observada em partos de baixo risco atendidos em ambiente hospitalar. Não houve mortes maternas. O grau de satisfação foi elevado (97% das mães avaliadas se declararam muito satisfeitas). A conclusão deste estudo foi que os partos domiciliares assistidos por parteiras têm os mesmos resultados perinatais que os partos hosp italares de baixo risco, com uma frequência bem mais baixa de intervenções médicas. Entretanto, alguns críticos comentaram que o número de casos envolvidos seria insuficiente para determinar a segurança do parto domiciliar em termos de mortalidade materna e perinatal.
Seguiram-se vários outros estudos, publicados em diversas regiões do mundo, comparando a morbidade e a mortalidade tanto materna como perinatal entre partos domiciliares e hospitalares. A conclusão geral é que o parto domiciliar NÃO envolve mais riscos para mães e seus bebês, e cursa com vantagens diversas, relacionadas sobretudo à expressiva redução de intervenções e procedimentos. Partos assistidos em casa têm menor risco de episiotomia, de analgesia de parto, de uso de fórceps ou vácuo-extrator, de indicação de cesárea e a taxa de transferência hospitalar fica em torno de 12%. Destaca-se ainda o conforto e a satisfação das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar.
O estudo mais recente publicado no British Journal of Obstetrics and Gynecology (2009) analisou a morbimortalidade perinatal em uma impressionante coorte de 529.688 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo-risco: Perinatal mortality and morbidity in a nationwide cohort of 529,688 low-risk planned home and hospital births. [http://www3.interscience.wiley.com/journal/122323202/abstract?CRETRY=1&SRETRY=0]. Nesse estudo, mais de 300.000 mulheres planejaram dar à luz em casa enquanto pouco mais de 160.000 tinham a intenção de dar à luz em hospital. Não houve diferenças significativas entre partos domiciliares e hospitalares planejados em relação ao risco de morte intrapa rto (0,69% VS. 1,37%), morte neonatal precoce (0,78% vs. 1,27% e admissão em unidade de cuidados intensivos (0,86% VS. 1,16%). O estudo conclui que um parto domiciliar planejado não aumenta os riscos de mortalidade perinatal e morbidade perinatal grave entre mulheres de baixo-risco, dese que o sistema de saúde facilite esta opção através da disponibilidade de parteiras treinadas e um bom sistema de referência e transporte.
Parteiras treinadas ou midwives, em diversos países, são aquelas profissionais que cursam em nível superior o curso de Obstetrícia e são treinadas para atender partos de baixo-risco e, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades específicas para identificar os casos de alto-risco, providenciar suporte básico de vida em emergências, tratar potenciais complicações e referenciar ao hospital, quando necessário. Essas profissionais, como a que atendeu Gisele Bundchen, estão aptas para prestar o atendimento à mãe durante todo o parto, bem como para assistir o bebê imediatamente após o nascimento e nas primeiras 24 horas de vida. Embora não haja necessidade de equipamentos sofisticados ou de UTI à porta da casa da parturiente, o material básico de reanimação neonatal é providenciado pelas parteiras certificadas. Parteiras também podem atender em hospital, de forma independente ou associadas co m médicos.
Uma revisão sistemática recente encontra-se disponível na Biblioteca Cochrane com o título de “Midwife-led versus other models of care for childbearing women” [http://www.cochrane.org/reviews/en/ab004667.html]. Esta revisão demonstra que um modelo de cuidado com parteiras associa-se com vários benefícios para mães e bebês, sem efeitos adversos identificáveis. Os principais benefícios são redução de analgesia de parto, menor número de episiotomias e partos instrumentais, maior chance de a mulher ser atendida durante o parto por uma parteira já conhecida, maior sensação de manter o controle durante o trabalho de parto, maior chance de ter um parto vaginal espontâneo e de iniciar o aleitamento materno. A revisão conclui que se deveria oferecer à maioria das mulheres (gestantes de baixo-risco) a opção de ter gravidez e parto assistidos por parteiras.
Em resumo, as evidências científicas disponíveis corroboram a segurança e os efeitos benéficos do parto domiciliar. Apenas criticar e apontar possíveis complicações, sem comprovar as críticas com evidências bem documentadas, publicadas em revistas de forte impacto, não pode ser mais aceito em um momento da história em que os cuidados de saúde devem se respaldar não apenas na opinião do profissional mas, ao contrário, devem se embasar em evidências científicas sólidas. Este é o preceito básico do que se convencionou chamar de “Saúde Baseada em Evidências”, correspondendo à integração da experiência clínica individual com as melhores evidências correntemente disponíveis e com as características e expectativas dos pacientes”. Embora iniciado na Medicina (“Medicina Baseada em Evidências”) esse novo paradigma estende-se a todas as áreas e sub-áreas da Saúde.
Melania Amorim, MD, PhD

Cesariana não é segura tanto quanto um Parto normal.

Por Maíra Libertad (Enfermeira Obstetra, parteira domiciliar e pesquisadora).
Tradução livre e adaptada de trechos do documento “Vaginal or Cesarean Birth: What Is at Stake for Women and Babies?” (Parto vaginal ou cesárea: o que está em jogo para mulheres e bebês?) da organização Childbirth Connection, de 2012.
Referência completa: Childbirth Connection (2012). Vaginal or Cesarean Birth: What Is at Stake for Women and Babies? New York: Childbirth Connection. Full report available online at:http://transform.childbirthconnection.org/reports/cesarean. Companion materials for women available at:http://www.childbirthconnection.org/cesarean.

Sumário dos Resultados

Nossa avaliação abrangente revela o seguinte: De 14 resultados adversos maternos relacionados à gestação atual, evidências suficientes demonstram que 8 deles favorecem o parto vaginal [incluindo as mulheres que planejaram parto vaginal inicialmente e tiveram cesárea] e evidências limitadas sugerem que os 6 restantes também favorecem o parto vaginal. De 4 desfechos adversos neonatais (relacionados ao bebê), evidências suficientes demonstram que 1 favorece o parto vaginal, evidências limitadas sugerem que 2 favorecem o parto vaginal e as evidências são conflitantes (inconclusivas) sobre 1 desfecho restante. De 4 doenças da infância analisadas, evidências suficientes demonstra que 3 favorecem o parto vaginal e as evidências são conflitantes e limitadas para o desfecho restante. Dos 3 resultados relacionados a aspectos psicossociais examinados, as evidências são conflitantes, mas sugerem uma possível associação com a cesárea em todos os 3. Em relação às gestações subsequentes, dos 9 resultados adversos maternos avaliados, evidências suficientes demonstram que 6 favorecem o parto vaginal no nascimento anterior e evidências limitadas sugerem que os 3 restantes também favorecem o parto vaginal anterior. Dos 6 resultados adversos perinatais em gestações subsequentes, evidências limitadas sugerem que 2 favorecem o parto vaginal e os dados são conflitantes para os outros 4. Dos 5 desfechos relacionados à disfunção do assoalho pélvico, nenhum favorece o parto vaginal, a via de parto parece não influenciam em outros 2 e 3 favorecem a cesárea, porém, desses 3, 2 favorecem a cesárea apenas no curto prazo ou apenas no que diz respeito a sintomas leves ou moderados. Dos 4 desfechos relacionados a lesões no bebê relacionadas ao nascimento, a via de parto parece não fazer diferença para 3 deles, nenhum favorece o parto vaginal e evidências limitadas sugerem que 1 favorece a cesárea.
Nota:
Nas situações em que as diferenças entre as vias de parto puderam ser quantificadas, nós reportamos o tamanho dessas diferenças (diferença de risco absoluto) em uma escala de “MUITO PEQUENO” até “MUITO GRANDE” de acordo com as magnitudes padronizadas em um denominador de 10.000 [número de eventos em 10.000 nascimentos] (ver Tabela 1). A escala padronizada permite que os leitores façam comparações de forma rápida e fácil e 10.000 foi escolhido como denominador comum para capturar a ampla variação nas taxas de diversos resultados avaliados. Em alguns casos, os estudos reportaram apenas razões de risco ou de chance, o que significa que a diferença não pode ser quantificada [nestes casos, está informado no texto que, apesar de haver uma diferença positiva ou negativa em favor de uma das opções, ela não pode ser quantificada com os dados dos estudos disponíveis]. A menos que mencionado de forma diferente, todas as diferenças foram estatisticamente significativas, isto é, é improvável que se devam apenas ao acaso.

Que efeitos físicos podem ocorrer mais frequentemente em mulheres submetidas à cesárea? (quando se compara ao parto vaginal)

Morte materna: Mais mulheres parecem morrer como resultado da cesárea, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos estudos examinados.
Parada cardíaca: Evidências limitadas sugerem que um número excedente MODERADO de mulheres saudáveis pode passar por uma parada cardíaca associada à cesárea, comparadas com mulheres similares que planejaram um parto vaginal.
Histerectomia de emergência: Um número adicional PEQUENO a MODERADO de mulheres que são submetidas à cesárea passam por histerectomias de emergência, quando comparadas a mulheres que têm um parto vaginal.
Eventos tromboembólicos (coágulos no sangue): Um número adicional PEQUENO a MODERADO de mulheres saudáveis desenvolvem coágulos em decorrência da cesárea.
Complicações anestésicas: Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de mulheres saudáveis que têm cesáreas pode passar por complicações com a anestesia, quando comparadas com mulheres similares que têm partos vaginais espontâneos.
Infecções maiores: Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO a GRANDE de mulheres saudáveis que têm cesárea planejada passam por infecções pós-parto maiores, quando comparadas a mulheres que têm ou planejam um parto vaginal.
Complicações raras e com risco de morte: Evidências limitadas sugerem que mais mulheres apresentam embolia por líquido amniótico ou pseudoaneurisma de artéria uterina depois de uma cesárea do que após um parto vaginal, mas esse número excedente não pode ser calculado dos estudos analisados.
Infecção da ferida (da cesárea ou perineal): Um número excedente GRANDE de mulheres saudáveis submetidas à cesárea tem infecções da ferida comparadas com aquelas que planejam um parto vaginal.
Hematoma (da cesárea ou perineal): Evidências limitadas sugerem que um número excedente GRANDE de mulheres saudáveis tem hematomas da ferida após cesárea, quando comparadas a mulheres que planejam um parto vaginal.
Deiscência da ferida (da cesárea ou perineal): Evidências limitadas sugerem que um número adicional PEQUENO de mulheres saudáveis submetidas à cesárea tem deiscência da ferida, quando comparadas a mulheres planejando um parto vaginal.
Permanência no hospital: Cesárea planejada aumenta a duração da internação entre 0,6 e 2 dias, quando comparada ao parto vaginal planejado.
Readmissão no hospital após a alta:  Um número adicional MODERADO a GRANDE de mulheres saudáveis que tiveram cesárea requerem reinternação após a alta.
Problemas com a recuperação física: Com a exceção da presença de hemorroidas, que são mais comuns após o parto vaginal, um número adicional GRANDE a MUITO GRANDE de mulheres que passam por uma cesárea apresentam problemas de recuperação física, incluindo: saúde geral, dores no corpo, cansaço extremo, problemas de sono, problemas intestinais, habilidade para realizar suas atividades diárias e atividades pesadas, quando comparadas a mulheres que têm partos vaginais espontâneos.
Dor pélvica crônica: Mais mulheres apresentam dor pélvica crônica depois de uma cesárea do que após um parto vaginal, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Quais efeitos físicos relacionados aos bebês podem ocorrer mais frequentemente após uma cesárea? (quando se compara ao parto vaginal)

Mortalidade neonatal: Evidências limitadas sugerem que os bebês de mulheres que têm uma primeira cesárea eletiva podem estar sob maior risco de morte neonatal comparados a mulheres de baixo risco planejando um parto vaginal, mas o número excedente de mortes não pode ser calculado a partir dos estudos incluídos.
Síndrome do desconforto respiratório: Quando o nascimento ocorre antes das 39 semanas, mais bebês nascidos por cesárea apresentam síndrome da angústia respiratória do recém-nascido, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Hipertensão pulmonar: Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de bebês nascidos por cesárea eletiva podem desenvolver hipertensão pulmonar.
Ausência de amamentação: Evidências conflitantes sugerem que bebês nascidos por cesárea podem estar sob risco adicional de não serem amamentados.
Qual papel a cesárea pode desempenhar no desenvolvimento de doenças crônicas da infância(quando se compara ao parto vaginal)

Asma: Cesárea aumenta a probabilidade de desenvolver asma na infância, mas o número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Diabetes Tipo 1: Cesárea aumenta a probabilidade de desenvolver diabetes Tipo 1 na infância, mas o número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Rinite alérgica: Cesárea aumenta a probabilidade de desenvolver rinite alérgica na infância, mas o número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Alergia alimentar sintomática: Evidências limitadas e conflitantes sugerem que a cesárea aumenta a probabilidade de desenvolver alergia alimentar na infância, mas o número excedente de casos não pode ser calculado a partir dos estudos analisados.
Obesidade: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de crianças nascidas por cesárea podem estar obesas aos 3 anos de idade (quando comparadas às nascidas de parto normal).
Quais são os potenciais efeitos das cesáreas nas futuras gestações e partos das mulheres?

Fertilidade prejudicada: Mais mulheres apresentam problemas de fertilidade depois de uma cesárea do que após um parto vaginal, mas o número excedente não pode ser calculado dos estudos analisados.
Infertilidade voluntária: Um número excedente GRANDE a MUITO GRANDE de mulheres escolhe não engravidar novamente após uma cesárea.
Placenta prévia: Um número excedente PEQUENO de mulheres com uma primeira gestação terminada em cesárea desenvolve placenta prévia na gestação seguinte, mas o número excedente não pode ser calculado a partir dos estudos examinados. Um número excedente GRANDE de mulheres desenvolve placenta prévia após duas ou mais cesáreas.
Placenta acreta: Um número excedente PEQUENO de mulheres com um primeiro nascimento via cesárea desenvolve placenta acreta na gestação seguinte. Um número excedente GRANDE de mulheres desenvolve placenta acreta após múltiplas cesáreas.
Descolamento de placenta: Um número adicional MODERADO de mulheres com primeira gestação terminada em cesárea tem descolamento de placenta em gestações subsequentes.
Histerectomia: Um número adicional MODERADO de mulheres com primeira gestação terminada em cesárea requer uma histerectomia de emergência durante nascimentos subsequentes, quando comparadas a mulheres com partos vaginais prévios. Evidências limitadas sugerem que esse excedente aumenta em gestações subsequentes.
Ruptura uterina: Um número excedente MODERADO de mulheres com cesárea prévia passará por uma ruptura uterina, quando comparadas a partos vaginais anteriores.
Admissão em UTI: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de mulheres com cesáreas prévias são admitidas em UTI no nascimento seguinte, quando comparadas com mulheres com partos vaginais anteriores.
Readmissão no hospital após a alta: Evidências limitadas sugerem que um número adicional MODERADO de mulheres com cesáreas prévias são readmitidas no hospital após a alta no nascimento seguinte, quando comparadas com mulheres com partos vaginais anteriores.


Quais são os potenciais efeitos de um útero com uma cicatriz nos futuros bebês?

Óbito fetal: Dados são conflitantes, mas sugerem que um número excedente PEQUENO a MODERADO de bebês crescendo em um útero com uma cicatriz terão óbito fetal.
Óbito perinatal ou neonatal: Dados são conflitantes, mas sugerem que mais bebês crescendo em um útero com uma cesárea podem morrer no final da gestação ou uma semana após o nascimento, mas o número excedente, se houver, não pode ser calculado a partir dos estudos examinados.
Nascimento prematuro ou baixo peso ao nascer: Dados são conflitantes sobre se uma cesárea prévia resulta em risco aumentado de nascimento prematuro e concomitante baixo peso ao nascer.
Pequeno para a idade gestacional (PIG): Dados são conflitantes sobre se uma cesárea prévia resulta em risco aumentado de bebê PIG em uma próxima gestação, quando comparado ao de mulheres com partos vaginais anteriores.
Necessidade de ventilação no nascimento: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de bebês cujas mães têm cesáreas prévias pode requerer ventilação (ajuda para respirar) no nascimento quando comparados a bebês cujas mães tiveram partos vaginais anteriores.
Estadia hospitalar maior do que 7 dias: Evidências limitadas sugerem que um número adicional GRANDE de bebês cujas mães têm cesáreas prévias tem uma internação de mais de 7 dias, comparados a bebês cujas mães tem partos vaginais anteriores.


Fonte: http://vilamamifera.com/mulheresempoderadas/diga-tudo-mas-nao-diga-que-a-cesarea-e-tao-segura-quanto-um-parto-normal/

Benefícios do Parto Normal


Benefícios do Parto Normal


 Por Gisele Leal 
 
Por incrível que pareça, ainda não tinha feito um post sobre benefícios do parto normal.
Mas prefiro falar sobre os benefícios do parto normal fisiológico. Porque como todas sabemos existe o parto normal medicalizado, e este apesar de também ter muitos benefícios para o bebe, tem muitos efeitos colaterais sobre a mãe e para o bebê também.
Coquetel hormonal envolvido no trabalho de parto:
Não existe nada mais poderoso e intenso do que todo coquetel hormonal que o corpo da mulher produz em trabalho de parto. Em nenhuma outra fase da vida, o corpo da mulher chegará ao ápice de ocitocina (o hormônio do amor) como chega no auge do trabalho de parto. A ocitocina é um hormônio produzido e excretado para que ocorram contrações uterinas que vão favorecer a dilatação do colo do útero. Toda mulher, que é deixada em paz independente de quanto tempo precise, produzirá ocitocina em quantidade suficiente para o processo do trabalho de parto. A ocitocina também é liberada quando estamos amando, apaixonadas, quando olhamos para nosso bebe, quando amamentamos. Toda gota de ocitocina endógena (produzida pelo próprio corpo da mãe) não é em vão. Mesmo mulheres que acabem precisando de uma cesárea intra-parto, se beneficiam e beneficiam a seu bebe por ter recebido toda essa ocitocina.
Além da ocitocina, o corpo da mulher também libera outros hormônios, como a endorfina. A endorfina é o hormônio responsável pelo alívio da dor e pelo bem-estar. E o mesmo hormônio que liberamos após o ato sexual, quando sentimos aquele bem estar corporal após o orgasmo. A endorfina também é liberada após exercícios físicos. Mas apenas durante o trabalho de parto, a quantidade de endorfina liberada no corpo da mulher em conjunto com a ocitocina, é capaz de transporta-la para outra dimensão. Portanto, quando deixamos uma mulher em paz para vivenciar seu trabalho de parto podemos vê-la totalmente mergulhada em seu interior, olhos fechados, boca aberta, movimentando seu corpo como se estivesse dançando ao som de uma música que só ela consegue ouvir.
Quando se aproxima do nascimento, uma grande injeção de adrenalina é liberada na corrente sanguínea da mulher. Essa adrenalina toda permite que a mulher tenha toda força e vitalidade para colocar seu bebe no mundo. Essa combinação de ocitocina, endorfina e adrenalina, além de outros hormônios também envolvidos no processo, promovem uma sensação imediata de alegria e bem-estar, beneficia mãe e bebê facilitando a criação do vínculo entre ambos, favorecendo a amamentação e reduzindo as chances de baby-blues, tristeza materna e depressão pós-parto.
Além de tudo isso, vivenciar o trabalho de parto garante que o bebê está maduro (salvo partos prematuros que podem acontecer por alguma intercorrência na gestação). Portanto vivenciar um trabalho de parto garante que estará na hora certa do bebê nascer.
 As dores do parto
Muitas pessoas podem ver a dor do parto  como um malefício. Pois eu digo e repito. A dor do parto é um grande benefício para a mulher. E nesta dor nova, inimaginável e surreal que a maioria das mulheres relatam vivenciar, faz com  que elas se livrem de todo e qualquer pré-conceito sobre si mesma. É nesta dor que ela se vê forte e capaz de atravessar esse processo e, portanto, capaz de atravessar quaisquer outras dificuldades futuras que virão com a maternidade. A dor do parto nos faz sentir forte, capaz e poderosa! A dor do parto conecta a mulher com seu corpo muitas vezes esquecido, camuflado, envergonhado. A dor do parto a desnuda para uma nova fase em sua vida. A dor do parto a convida à  morte desta mulher que ainda não é mãe (ou que é mãe de um, mãe de dois , mas que será mãe de uma nova família) para o renascimento de uma nova mulher-mãe. A dor vem em ondas e o processo do trabalho de parto é uma grande onda. E quando atinge o pico mais alto desta onda, a mulher se entrega. Se joga. E deixa o bebê nascer. Este é o primeiro grande aprendizado da maternidade: não temos controle sobre tudo. E não teremos. E vai passar.
Sentir-se apoiada, amparada, cuidada
Em um parto normal fisiológico, com equipe que respeite a parturiente, é possível a participação do acompanhante que a mulher escolher, e até de uma doula. É um momento que a parturiente poderá ser acolhida, apoiada, amparada e cuidada. Não tem coisa mais gostosa do que ser cuidada. A experiência pode ser tão marcante que facilitará o entendimento da maternidade para essa mulher. O sentido de cuidar, de doar-se para quem precisa dela, no caso o bebê que vai nascer.

Passagem do bebe pelo canal de parto

Quando a dilatação se completa e as contrações conduzem o bebe para o canal de parto, uma incrível vontade de empurrar esse bebe pra fora acontece. A passagem do bebe pelo canal de parto, que é muscular e elástico, permite que qualquer resíduo de líquido aminiótico presente no pulmão do bebe seja eliminado devido a forte pressão positiva que é feita no torax do pequenino. Um bebe que nasce por via cirurgica invariavelmente poderá ter a sindrome do pulmão umido, o que muitas vezes, se não leva-lo a uti, poderá se manifestar futuramente como problemas respiratórios.

Além disso, quando o bebe passa pelo canal de parto, todo seu corpo, inclusive seus orificios (nasal, auditivo, oral, genital e anal) serão colonizados por bactérias da mãe. Essas bactérias serão o primeiro estímulo para formação do sistema imunológico do bebe.
Estudos comprovam que o simples fato do bebe passar pelo canal de parto e ser colonizado pelas bactérias da flora vaginal da mãe, ele terá menos chance de desenvolver alergias dos mais variados tipos e obesidade. 
Um bebe que nasce por cirurgia cesariana será colonizado por bactérias presentes na sala do centro cirúrgico. Só  por aí já dá pra ter uma ideia de como será o sistema imunológico desse bebe.

Imprinting e vínculo mãe-bebê


 Quando o bebe nasce e é imediatamente entregue pra sua mãe, todo aquele coquetel hormonal  que inundou mãe e bebe proporcionará o IMPRINTING que é nada mais que o reconhecimento de ambos. Sabe aquele olhar de um para o outro de “ahhhhhhh era voce o tempo todo!!!!!!”. Então… é isso. Só em um parto normal fisiológico com equipe que entregue o bebe imediatamente para contato pele a pele com a mãe antes de qualquer procedimento, por tempo indeterminado, pode proporcionar o imprinting. Quem já passou por essa experiencia incrível sabe do que eu estou falando
Descida do colostro e amamentação
Quando uma mulher passa por um parto normal fisiológico, o coquetel hormonal vai beneficiar a descida do colostro e a amamentação. Além disso, por sentir-se inteira, a mulher consegue adotar diversas posições que irão favorecer a pega do seio pelo bebê. Em contra-partida, em um parto normal fisiológico e sem anestesia, o bebê nasce mais ativo e portanto o vínculo mãe-bebê  é facilitado e consequentemente a amamentação também.
Estar inteira para cuidar de um recém-nascido e de tudo o mais
Vivenciar um parto normal fisiológico, além de ser uma experiência marcante, inesquecível, proporciona que a mulher esteja fisicamente bem. A recuperação muitas vezes é imediata, e muito mais rápida do que a recuperação de  uma mulher que passou por uma cirurgia cesariana. Mulheres, que assim como eu, tiveram as duas experiências relatam que não há como comparar um parto normal fisiológico com uma cesárea.
Estando inteira para cuidar de um recém-nascido, a mulher pode tomar banho sozinha após o parto, pode cozinhar, pode pode sentar no chao para brincar ecuidar dos irmãos mais velhos, e fazer o que lhe der vontade. Pode ir ao banheiro sem medo dos pontos abrirem, pode espirrar, tossir, gargalhar. Imediatamente após o parto. Sem medo, sem dores, sem neuras.
Futuro obstétrico (e ginecológico)
Uma mulher que vivencia um parto normal fisiológico, garante um melhor futuro obsétrico. As chances de aborto, de gravidez ectópica, de placenta prévia, de descolamento de placenta, de acretismo placentário são muito menores de acontecer em quem teve parto normal fisiológico em comparação com quem teve cesárea. Além disso, mulheres que sofrem com cólicas menstruais, relatam redução na intensidade e duração após o parto normal fisiológico (as minhas desapareceram!).

Mortalidade materna e neonatal reduzida
As taxas de mortalidade materna e fetal em um parto normal fisiológico são 3,4 vezes menores em relação as taxas de mortalidade materna e fetal em uma cesareana sem indicação.  Além disso as taxas de internação em UTI e comorbidades são 7 vezes menores na mesma comparação.

Viva o parto normal natural, fisiológico, com respeito às decisões e desejos da mulher .

Fonte: http://vilamamifera.com/mulheresempoderadas/beneficios-do-parto-normal-2/