quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Devo coletar o sangue do cordão umbilical?



""Devo coletar o sangue do cordão umbilical? Não, você não deve. (...) O sangue do cordão umbilical deve pulsar inteiramente para o recém-nascido, porque é dele. Ele fornece o aporte de ferro necessário para o primeiro ano do bebê, uma vez que o leite materno não é rico nesse mineral (motivo pelos quais os pediatras indicam suplemento de ferro a partir do sexto mês). Sério, o bebê recebe entre 20 e 40ml a mais de sangue, o que representa 30 a 35mg a mais de ferro.


O bebê é oxigenado através do cordão. O clampeamento imediato do cordão equivale a um instante de sufocamento, pois o bebê para, repentinamente, de receber oxigênio. E para bebês com dificuldades respiratórias nos primeiros instantes, esse oxigênio do cordão é extremamente representativo e pode evitar potenciais danos cerebrais e morte.

Não existem estudos que comprovem aspectos negativos do clampeamento tardio. Nenhum. Zero. Nada. Não aumenta o risco de icterícia, não aumenta a bilirrubina, nada disso é comprovado. No entanto…

…em caso de emergências, o clampeamento deve ser imediato. É necessária a remoção do bebê para procedimentos de emergência. E mesmo esse procedimento de remoção e clampeamento imediato pode estar com os dias contados, vê só. Um obstetra britânico ajudou a inventar um equipamento chamado de BASICS trolley. É um carrinho que fica ao lado do leito da mãe, que contém um ressucitador, água e aquecedor, e permite que os cuidados de emergência neonatais imediatos podem ser feitos nesse carrinho, ao lado da mãe, sem o clampeamento do cordão. Ele ganhou prêmios e está aos poucos sendo introduzidos nos hospitais do Reino Unido, local onde os obstetras já incluíram nas guidelines: nada de clampeamento imediato.

E como se não bastasse isso, a própria Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) publicou uma nota dizendo basicamente que esses serviços de coleta e armazenamento privativos do cordão umbilical são… bem… charlatanismo. E deveriam ser ilegais. Já são em diversos países da União Européia, e preocupa tanto a Anvisa que eles vão lançar uma cartilha informando os reais benefícios do armazenamento privativo de sangue do cordão. (...)"



Veja bem, o site de um laboratório que coleta e armazena células-tronco diz que:

Muitos destes estudos apresentaram resultados promissores em doenças como Diabetes, AVC, Epilepsia, Lupus, Artrites entre outras, além de estudos em recuperação de tecidos danificados em acidentes, como paraplegia, recuperação de queimados, etc.

Viva! Quantas coisas! Mas aí o site do Instituto Nacional de Câncer joga um balde de água fria:

O sangue do cordão é uma das fontes de células-tronco para o transplante de medula óssea e este é o único uso deste material atualmente. O transplante é indicado para pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune (cerca de 70 indicações).

Opa. Leucemia? Eu li sobre isso na nota da ABHH, olha lá:

A leucemia, por exemplo, principal causa de câncer em crianças, é a mais citada como argumentação dos bancos privados junto aos pais, como forma de prevenção à saúde. Mas a utilização do próprio sangue de cordão para o transplante desta criança será inútil. Trabalhos na literatura médica demonstram que a carga genética para a leucemia já se encontra presente desde o nascimento e pode ser detectada já no teste do pezinho.

Então você vai pagar entre R$3.500 e R$6.000 pra coletar as células-tronco do seu bebê, e mais R$600 a R$1.000 reais por ano pra armazená-las, e, se porventura um dia vier a precisar delas, basicamente… não vai poder usá-las.

Mas digamos que você está em um local onde o clampeamento precoce do cordão é regra, como… a maioria dos hospitais brasileiros. Em hospitais públicos, principalmente, a flexibilidade dessas regras é de zero a nula. Então você acha que seria bacana guardar as células-tronco do cordão. Pra isso, existe a Brasilcord, uma rede que reúne os Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical. Públicos, isso mesmo. Significa que você não tem autonomia sobre o uso do sangue da sua criança, mas assim como alguém pode usá-lo, você (ou ele) podem precisar das células-tronco de outro alguém. E é de lá que virá. Naquele link do INCA que eu coloquei acima, eles explicam exatamente como funciona a coleta e a doação para a Brasilcord. E nesse link, estão os endereços dos bancos de sangue umbilical e placentário do país.

Você, levou isso em consideração no seu plano de parto?"

Por Fernanda Café para o Vila Mamífera, o Portal da Maternidade Ativa
 
Fonte: http://www.nahoradoparto.com/2013_12_01_archive.html

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