domingo, 7 de fevereiro de 2016

As vantagens de fazer o parto humanizado


 

As vantagens de fazer o parto humanizado

 

                                                             Por: CHRIS REIS



Obstetras e mães analisam os benefícios do parto natural, pode até ter participação da família no corte do cordão umbilical

A decisão da mulher de escolher entre o parto cesárea e o parto natural virou tema de debate entre a classe médica e a sociedade após a polêmica envolvendo a gaúcha Adelir Carmen Lemos de Góes, forçada e coagida pela Justiça da cidade de Torres (RS) a ser submetida a uma cirurgia cesariana. Entre quem apoia um ou outro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos sejam cesáreas.
Nas maternidades do Amazonas, os partos naturais, segundo a enfermeira obstetra e gerente de enfermagem do Instituto da Mulher “Dona Lindú’, Gracimar Fecury, são maiores do que as cesarianas.
Somente no Instituto da mulher são realizados, mensalmente, aproximadamente 650 partos, sendo em torno de 200 cesáreas. “Se tivéssemos mais divulgação dos benefícios do parto natural, com certeza esse número saltaria”, afirma.
De acordo com Fecury, as maternidades têm uma política de apoio e incentivo ao parto normal, onde profissionais tentam fazer com que as mulheres entendam e aceitem as vantagens. “Não induzimos, mas tentamos envolvê-las com incentivos a cerca do que é melhor. A confiança na equipe também é fundamental. Entretanto, sempre respeitando o direito de escolha da mulher, afinal, isso tem que ser considerado”, esclarece, completando também que o obstetra é quem avalia se está apta.
Entre as vantagens desse tipo de parto, a enfermeira cita que além da mulher se recuperar mais rápido, pode assumir a posição de sua escolha. Pode tomar água, suco ou chá, assim como o cordão umbilical pode ser cortado por alguém da família. “No parto normal, a mulher se estabelece mais rápido porque o útero volta logo ao lugar. Com isso, se torna independente de forma mais acelerada”, explica.
Obstetra há mais 30 anos, a médica Graziela Leite, confirma que os partos normais têm aumentado com o tempo. Ela credita isso também ao advento das enfermeiras obstétricas, ou obstetrizes, que auxiliam os obstetras na condução dos partos. “Essas profissionais são especialistas em acompanhamento e condução dos partos”, explica, acrescentando que o parto normal é liberado a todas as mulheres, desde que não haja contra indicação médica.
No parto humanizado, preconizado pela OMS, segundo informa o diretor geral do Instituto da Mulher, o médico Agnaldo Costa, as enfermeiras obstétricas podem fazer todo o processo de acompanhamento do trabalho de parto e até mesmo o parto, entretanto, um obstetra tem que estar perto para o caso de haver algum problema.
A arquiteta Juliana Maranhão Ramos escolheu o parto humanizado, segundo ela, primeiramente pelo fato da rápida recuperação e poder cuidar do bebê sem ter ajuda das pessoas e familiares.
Ela lembra que buscou conhecer o processo, pesquisando e lendo sobre o assunto. Ao tomar conhecimento dos benefícios para o bebê e a mãe, decidiu que seria a melhor forma de ter sua filha, hoje com 1 ano. Para ela, tornou-se uma experiência mágica. “Foi algo emocionante e inexplicável, que pude viver ao lado do meu marido, que participou e me deu todo apoio”, enfatizou, completando que com certeza o próximo filho nascerá de parto natural. A única desvantagem de um parto natural, para Juliana, é a dor das contrações e, muitas vezes o fato do bebê não consegui passar pelo canal vaginal, que tem que ser cortado para ajudar na passagem do bebê. “Mas isso não é nada diante dos benéficos que um parto natural possa trazer para o bebê”, garantiu.
Recuperação total é mais rápida
Também está na estatística das mulheres que escolheram parto normal, a engenheira florestal Lidy Lúcia Bastos. Ela vai além e decidiu ter sua filha em casa. Ela lembra que escolheu esse tipo porque se sentirá mais segura em casa do que na maternidade, pois ouviu histórias de mães que tiveram seus bebês em maternidade pública e ficou com medo. Segundo a engenheira, muitas foram maltratadas e às vezes levadas a fazer cesárea sem necessidade.
“Quando estava com trinta semanas conheci a equipe do Parto Humanizado na UEA. Depoois conheci uma doula, que me orientou sobre os procedimentos do parto natural. Então conversei com meus pais e eles concordaram em pagar as despesas do parto domiciliar”, explica a futura mãe, que está na 39ª semana.
No caso de Carol Coronel, mãe em tempo integral como se define, a única opção, nos seus três partos, era fazer a cesárea porque não teve dilatação. “No meu caso, era a melhor opção, aliás a única mesmo. Não achei um bicho de sete cabeças. Chegaram a falar que ficaria quinze dias sem andar. No entanto, se tivesse possibilidades de ter normal, eu teria”, afirma.

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