domingo, 7 de fevereiro de 2016
Recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) no atendimento ao parto normal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma classificação das práticas comuns na condução do parto normal, orientando para o que deve e o que não deve ser feito no processo do parto. Esta classificação foi baseada em evidencias científicas concluídas através de pesquisas feitas no mundo todo.
CATEGORIA A:
PRÁTICAS DEMONSTRADAMENTE ÚTEIS E QUE DEVEM SER ESTIMULADAS:
· Plano individual determinando onde e por quem o nascimento será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação e comunicado a seu marido/companheiro e, se aplicável, a sua família;
· Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto, e ao longo deste último;
· Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao término do processo de nascimento;
· Oferta de líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto;
· Respeito à escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações;
· Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante;
· Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto;
· Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto;
· Respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e parto;
· Fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem;
· Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto;
· Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente;
· Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de materiais reutilizáveis, durante todo o trabalho de parto e parto;
· Uso de luvas no exame vaginal, durante o parto do bebê e no manuseio da placenta;
· Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto;
· Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto;
· Monitoramento cuidadoso do progresso do parto, por exemplo por meio do uso do partograma da OMS;
· Administração profilática de ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência da perda de até uma pequena quantidade de sangue;
· Condições estéreis ao cortar o cordão;
· Prevenção da hipotermia do bebê;
· Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre aleitamento materno;
· Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares;
CATEGORIA B:
PRÁTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM SER ELIMINADAS:
· Uso rotineiro de enema;
· Uso rotineiro de tricotomia;
· Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto;
· Cateterização venosa profilática de rotina;
· Uso rotineiro de posição supina (decúbito dorsal) durante o trabalho de parto;
· Exame retal;
· Uso de pelvimetria por Raios-X;
· Administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permite controlar seus efeitos;
· Uso de rotina da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto;
· Esforço de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o 2º estágio do trabalho de parto;
· Massagem e distensão do períneo durante o 2º estágio do trabalho de parto;
· Uso de comprimidos orais de ergometrina no 3º estágio do trabalho de parto, com o objetivo de evitar ou controlar hemorragias;
· Uso rotineiro de ergometrina parenteral no 3º estágio do trabalho de parto;
· Lavagem uterina rotineira após o parto;
· Revisão uterina (exploração manual) rotineira após o parto;
CATEGORIA C:
PRÁTICAS EM RELAÇÃO AS QUAIS NÃO EXISTEM EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA RECOMENDAÇÃO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATÉ QUE MAIS PESQUISAS ESCLAREÇAM A QUESTÃO:
· Métodos não farmacológicos de alívio de dor durante o trabalho parto, como ervas, imersão em águas e estimulação dos nervos;
· Amniotomia precoce de rotina no primeiro estágio do trabalho de parto;
· Pressão do fundo durante o trabalho de parto;
· Manobras relacionadas à proteção do períneo e ao manejo do pólo cefálico no momento do parto;
· Manipulação ativa do feto no momento do parto;
· Uso rotineiro de ocitocina de rotina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de parto;
· Clampeamento precoce do cordão umbilical;
· Estimulação do mamilo para estimular as contratilidades uterina durante o 3º estágio do trabalho de parto.
CATEGORIA D:
PRÁTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO:
· Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto;
· Controle da dor por agentes sistêmicos;
· Controle da dor por analgesia peridural;
· Monitoramento eletrônico fetal;
· Uso de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao trabalho de parto;
· exames vaginais repetidos ou freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviço;
· Correção da dinâmica com utilização de ocitocina;
· Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto;
· Cateterização da bexiga;
· Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a mulher sinta o puxo involuntário;
· Adesão rígida a uma duração estipulada do 2º estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do trabalho de parto;
· Parto operatório;
· Uso liberal e rotineiro de episiotomia;
· Exploração manual do útero após o parto.
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